Pular para o conteúdo principal

Alternativas para o fortalecimento acadêmico na área de Comunicação Organizacional

Transcrevo aqui alguns trechos do artigo da professora Margarida Kunsch, uma das maiores referências em comunicação organizacional e relações públicas da atualidade, publicado no blog da Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (Abrapcorp). O artigo, como o próprio nome sugere, analisa algumas questões fundamentais para o fortalecimento acadêmico na área de Comunicação Organizacional. Vale a pena conferir:


"O campo da Comunicação Organizacional/Empresarial como integrante das Ciências da Comunicação e das Ciências Sociais Aplicadas vem merecendo maior atenção no meio acadêmico nos últimos anos, apesar de uma valorização um tanto tardia face ao grau de relevância já atribuído pelas organizações no mercado e na prática profissional no âmbito da sociedade contemporânea".

"As transformações por que passa o mundo alteram por completo o comportamento da sociedade e, em conseqüência, das organizações que a integram. Nessa sociedade globalizada, a comunicação assume grande relevância nas organizações, fazendo-se, mais do que nunca necessário repensá-la no contexto dessas organizações que se acham mergulhadas nesse processo".

"Ao se analisar a literatura de Comunicação Organizacional no Brasil poder-se-á constatar que essa tem como origem e como primeiros suportes os estudos sobre Relações Públicas, Jornalismo Empresarial e Comunicação Administrativa. Na pesquisa já mencionada tive a oportunidade de perceber a importância que essas áreas tiveram para o estágio atual da Comunicação Organizacional no País, tanto no âmbito acadêmico quanto no da prática profissional".

"Acredita-se que a falta de intercâmbio acadêmico, principalmente com centros mais avançados, como, por exemplo, dos Estados Unidos, por meio de uma efetiva participação recíproca de pesquisadores/professores em congressos científicos, cursos, visitas programadas e publicações, tenha sido a principal causa para não incorporação de obras significativas tanto de Comunicação Organizacional quanto de Relações Públicas. O contrário aconteceu com Marketing e Administração, cujas obras traduzidas de autores clássicos se encontram disponíveis e têm representado uma contribuição relevante".

"O acesso e o conhecimento do “estado da arte” de qualquer área científica são fundamentais para o avanço da ciência. Pode-se dizer que não há no contexto da realidade brasileira e até por que não dizer ibero-américa uma tradição e mesmo um volume de conhecimentos acumulados capazes de formar um corpus teórico de Comunicação Organizacional. O que existe são trabalhos isolados, fragmentados e um vazio epistemológico. Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, que detêm o maior volume de literatura científica do setor e o maior número de cursos de graduação e pós-graduação no âmbito mundial".

"Diferentemente do paradigma norte-americano e do europeu os tipos de estudos brasileiros realizados se caracterizam muito mais como instrumentais ou manuais. Poucos, portanto, têm uma preocupação com a teoria e são trabalhos científicos resultantes de pesquisas sistematizadas e estruturadas. Predominam-se mais os aspectos técnicos do “como fazer”. Outra característica é a falta de trabalhos inovadores, sobretudo nas dissertações de mestrado, onde prevalece o domínio sobre os estudos de Jornalismo Empresarial".

"O enfoque principal de Comunicação Organizacional no pensamento norteamericano é considerá-la no âmbito interno das organizações. A literatura francesa sobre esse tema é bastante significativa, embora os estudos co-relatos não se concentram especificamente só na Comunicação Organizacional. Há uma abrangência temática que contempla a comunicação institucional, comunicação interna, comunicação global, estratégica, comunicação de negócios etc".

"Um estudo realizado por Nathalie Deley, em 1991, na Universidade de Grenoble, apontou três categorias para classificar a literatura sobre Comunicação Empresarial (1986-1991) de obras representativas e utilizadas pelo mercado, professores, profissionais e estudantes. As categorias foram: 1) Obras generalistas, considerando a comunicação como um conjunto de técnicas e de processos internos e externos. 2) Obras dirigidas, voltadas para o interesse de públicos determinados (comunicação interna e externa) e 3) Obras especializadas, que visam a instrumentalização, procedimentos e a forma de como se fazer na prática. Essa mesma autora agrupou ainda as obras estudadas em três títulos principais: comunicação estratégica, comunicação institucional e comunicação de negócios".

"A Espanha também tem aumentado sua produção nesta área. Pode-se constatar um salto qualitativo nos últimos anos, sobretudo em 1997 com obras advindas de autores das principais universidades. Há uma forte tendência em se explorar a temática de imagem corporativa, comunicação corporativa, comunicação interna, meios de comunicação na empresa etc".


Fonte: Por Margarida Kunsch, in http://abrapcorp.weblogger.terra.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç