O mundo tem um problema. Um grande problema. E como em comunicação problema é briefing, Al Gore fez sua palestra em Cannes para a comunidade da comunicação em peso.
Ele falou sobre o papel que a comunicação pode ter na questão do alerta sobre o aquecimento global. Pediu ajuda da comunidade para adotar a causa, criar marcas e colocar idéias a serviço do tema. É um ângulo inteligente de sua estratégia, uma vez que se aproveitar do poder de concentração de talentos no Festival de Cannes para passar um briefing é a maneira mais rápida de mobilizar as mentes criativas do mundo.
Acho a iniciativa maravilhosa. Pessoalmente, esse é um assunto que me tem tirado o sono há mais de três anos, quando comecei a ler e me aprofundar na questão.
Na época, eu aproveitava qualquer almoço ou jantar e falava ardentemente sobre as coisas que lia com amigos, colegas e outros empresários. Mas as pessoas me olhavam com um misto de “ele precisa de ajuda profissional” com “meu Deus, que papo eco chato” e, quando eu sentia que atingia esse ponto, muito a contragosto, mudava de assunto. Afinal, não era mesmo o tipo de conversa de salão que elevava os espíritos.
Mas é impossível olhar para as coisas da mesma maneira depois que se sabe realmente desse problema. Os filhos, o futuro, os planos, tudo adquire uma importância diferente.
A verdade é que a comunicação pode ajudar na questão, em três níveis: levando informação, criando consciência e gerando mobilização para mudança de hábito.
No primeiro nível a comunicação é mais fácil, porque feita de fatos que são básicos para se levantar a questão. É preciso, nessa fase, desmistificar o problema como sendo algo da alçada dos cientistas e ecologistas e colocá-lo na ordem do dia-a-dia da dona-de-casa e da familia.
No segundo nível as coisas começam a se complicar, porque para a informação se transformar em consciência temos que envolver valores, neste caso, morais. É no nível da consciência que as decisões que tomamos em tudo na vida são fundamentadas.
O terceiro nível, que é gerar mobilização para mudança de hábito, é o mais difícil para o trabalho de comunicação. Mudar um hábito é uma das missões mais duras para um publicitário. É algo que todos os profissionais de comunicação enfrentam, por exemplo, quando têm como missão lançar um produto novo que precisa tomar espaço de outro.
Ou um produto que traz uma inovação que pede uma nova maneira do consumidor encarar o uso do seu benefício.
Se já é difícil fazer isso com qualquer produto da indústria de consumo, imagine mudar hábitos que geraram e sustentam a própria indústria de consumo. Pois esse é o tamanho do desafio, amigos. Precisamos alertar sobre o maior perigo que o mundo já enfrentou, ao mesmo tempo criar uma nova consciência como civilização e, em seguida, mudar a maneira como todos os seres humanos vivem neste planeta. Tudo isso com um prazo proporcionalmente mais apertado que o de um comercial de varejo.
Quem acha que estou exagerando não entendeu o briefing. E arrisca criar uma campanha que não vai vender. Nesse caso, vender o bem de primeira necessidade mais vital que existe, que é a vida.
Sugiro, portanto, que quem pretenda se engajar nessa questão leia muito, se aprofunde no tema e não o trate de maneira leviana, como se fosse mais uma campanha para concorrer na categoria SERVIÇO PÚBLICO COMUNITÁRIO no Festival de Cannes a fim de faturar um Leão. Egos não podem se aproveitar dessa causa porque essa causa não é de uma pessoa, de uma empresa ou de uma marca. Na verdade, ninguém pode ser dono dessa iniciativa ou da idéia de abordá-la. Nem mesmo Al Gore. Porque ela só conseguirá ser mais do que um truque de marketing se for adotada por todos.
Portanto, se faltavam bandeiras para as novas gerações erguerem, como tantos se ressentem, esse problema acabou. Essa é a causa mais difícil, vital e emocionante que alguém pode querer encampar.
Já estou com meu briefing na mesa. Há mais de três anos. E quanto mais gente quiser criar com esse briefing, melhor. Para haver uma solução, essa ficha técnica tem que ter por volta de seis bilhões de pessoas.
Fonte: Por Alexandre Gama, in www.centraldoanunciante.com.br
Ele falou sobre o papel que a comunicação pode ter na questão do alerta sobre o aquecimento global. Pediu ajuda da comunidade para adotar a causa, criar marcas e colocar idéias a serviço do tema. É um ângulo inteligente de sua estratégia, uma vez que se aproveitar do poder de concentração de talentos no Festival de Cannes para passar um briefing é a maneira mais rápida de mobilizar as mentes criativas do mundo.
Acho a iniciativa maravilhosa. Pessoalmente, esse é um assunto que me tem tirado o sono há mais de três anos, quando comecei a ler e me aprofundar na questão.
Na época, eu aproveitava qualquer almoço ou jantar e falava ardentemente sobre as coisas que lia com amigos, colegas e outros empresários. Mas as pessoas me olhavam com um misto de “ele precisa de ajuda profissional” com “meu Deus, que papo eco chato” e, quando eu sentia que atingia esse ponto, muito a contragosto, mudava de assunto. Afinal, não era mesmo o tipo de conversa de salão que elevava os espíritos.
Mas é impossível olhar para as coisas da mesma maneira depois que se sabe realmente desse problema. Os filhos, o futuro, os planos, tudo adquire uma importância diferente.
A verdade é que a comunicação pode ajudar na questão, em três níveis: levando informação, criando consciência e gerando mobilização para mudança de hábito.
No primeiro nível a comunicação é mais fácil, porque feita de fatos que são básicos para se levantar a questão. É preciso, nessa fase, desmistificar o problema como sendo algo da alçada dos cientistas e ecologistas e colocá-lo na ordem do dia-a-dia da dona-de-casa e da familia.
No segundo nível as coisas começam a se complicar, porque para a informação se transformar em consciência temos que envolver valores, neste caso, morais. É no nível da consciência que as decisões que tomamos em tudo na vida são fundamentadas.
O terceiro nível, que é gerar mobilização para mudança de hábito, é o mais difícil para o trabalho de comunicação. Mudar um hábito é uma das missões mais duras para um publicitário. É algo que todos os profissionais de comunicação enfrentam, por exemplo, quando têm como missão lançar um produto novo que precisa tomar espaço de outro.
Ou um produto que traz uma inovação que pede uma nova maneira do consumidor encarar o uso do seu benefício.
Se já é difícil fazer isso com qualquer produto da indústria de consumo, imagine mudar hábitos que geraram e sustentam a própria indústria de consumo. Pois esse é o tamanho do desafio, amigos. Precisamos alertar sobre o maior perigo que o mundo já enfrentou, ao mesmo tempo criar uma nova consciência como civilização e, em seguida, mudar a maneira como todos os seres humanos vivem neste planeta. Tudo isso com um prazo proporcionalmente mais apertado que o de um comercial de varejo.
Quem acha que estou exagerando não entendeu o briefing. E arrisca criar uma campanha que não vai vender. Nesse caso, vender o bem de primeira necessidade mais vital que existe, que é a vida.
Sugiro, portanto, que quem pretenda se engajar nessa questão leia muito, se aprofunde no tema e não o trate de maneira leviana, como se fosse mais uma campanha para concorrer na categoria SERVIÇO PÚBLICO COMUNITÁRIO no Festival de Cannes a fim de faturar um Leão. Egos não podem se aproveitar dessa causa porque essa causa não é de uma pessoa, de uma empresa ou de uma marca. Na verdade, ninguém pode ser dono dessa iniciativa ou da idéia de abordá-la. Nem mesmo Al Gore. Porque ela só conseguirá ser mais do que um truque de marketing se for adotada por todos.
Portanto, se faltavam bandeiras para as novas gerações erguerem, como tantos se ressentem, esse problema acabou. Essa é a causa mais difícil, vital e emocionante que alguém pode querer encampar.
Já estou com meu briefing na mesa. Há mais de três anos. E quanto mais gente quiser criar com esse briefing, melhor. Para haver uma solução, essa ficha técnica tem que ter por volta de seis bilhões de pessoas.
Fonte: Por Alexandre Gama, in www.centraldoanunciante.com.br
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