Autor de mais de uma dezena de livros sobre estresse no ambiente de trabalho e consultor de empresas para programas de prevenção e tratamento, o americano James Quick defende que uma atitude equilibrada no escritório, além de ser fundamental para a saúde dos executivos, ajuda no andamento dos negócios.
Em plena era da globalização, não é uma utopia falar num ambiente empresarial sem estresse?
Se os mercados fossem mais fechados e previsíveis, haveria menos preocupações. A globalização complicou o cenário, mas é possível encontrar um equilíbrio. Workaholics trabalham mais. Executivos bem-sucedidos trabalham de uma forma mais inteligente. Sabem eleger prioridades e delegar tarefas.
Quais prejuízos os executivos estressados podem causar a um negócio?
Além de arruinar a própria saúde, os executivos estressados provocam perda de produtividade nas empresas, pois a equipe de subordinados não atinge as metas por falta de motivação.
O nível de estresse a que os executivos são submetidos hoje é diferente do que ocorria no passado?
Quando meu avô se tornou gerente da US Steel, nos Estados Unidos, na década de 20, ele guardava no escritório uma pistola para proteger-se no trabalho. Essa realidade ficou para trás, mas as pressões hoje nunca foram tão grandes, colocando muitos executivos sob altas taxas de estresse, pela necessidade de entregar resultados em níveis globais.
As empresas vivem inventando programas para os funcionários, como interromper a rotina do trabalho para uma sessão de ioga. Isso funciona?
Ioga ao lado da mesa de trabalho é uma tolice. O que tem eficácia são projetos em que especialistas acompanham o trabalho do escritório e sugerem mudanças para melhorar as rotinas.
No Brasil, a cervejaria Ambev faz sucesso elevando ao limite o nível de cobrança entre os funcionários. Nesse caso, o estresse não é positivo?
A história me soa muito similar à da GE. Em algumas cidades, a piada corrente é que você podia reconhecer um executivo da GE apenas pelo resultado do exame de pressão arterial. Mas, enquanto criou um dos ambientes mais competitivos do mundo, o ex-presidente da companhia Jack Welch instalou na empresa mecanismos que ajudavam as pessoas a enquadrar-se nesses parâmetros de exigência.
Companhias como o Google criaram ambientes mais informais a fim de estimular a capacidade de inovação. Isso ajuda a reduzir as pressões sobre os executivos?
Nem todos conseguem adaptar-se a esse tipo de ambiente. O estresse também tem muito a ver com características individuais. Alguns executivos são tão suscetíveis às pressões e reagem de uma forma tão negativa que vão ter problemas independentemente de a empresa ter um estilo mais ou menos informal.
Qual o executivo mais estressado que o senhor já conheceu? E o mais equilibrado?
O mais estressado, certamente, é Bernard Ebbers, que está cumprindo pena na prisão pelas fraudes contábeis cometidas na WorldCom. O mais equilibrado que eu conheço é Warren Buffett, que parece sempre saber o que é preciso fazer e tem sido extremamente bem-sucedido em suas escolhas.
Fonte: Por Suzana Naiditch, in portalexame.abril.com.br
Em plena era da globalização, não é uma utopia falar num ambiente empresarial sem estresse?
Se os mercados fossem mais fechados e previsíveis, haveria menos preocupações. A globalização complicou o cenário, mas é possível encontrar um equilíbrio. Workaholics trabalham mais. Executivos bem-sucedidos trabalham de uma forma mais inteligente. Sabem eleger prioridades e delegar tarefas.
Quais prejuízos os executivos estressados podem causar a um negócio?
Além de arruinar a própria saúde, os executivos estressados provocam perda de produtividade nas empresas, pois a equipe de subordinados não atinge as metas por falta de motivação.
O nível de estresse a que os executivos são submetidos hoje é diferente do que ocorria no passado?
Quando meu avô se tornou gerente da US Steel, nos Estados Unidos, na década de 20, ele guardava no escritório uma pistola para proteger-se no trabalho. Essa realidade ficou para trás, mas as pressões hoje nunca foram tão grandes, colocando muitos executivos sob altas taxas de estresse, pela necessidade de entregar resultados em níveis globais.
As empresas vivem inventando programas para os funcionários, como interromper a rotina do trabalho para uma sessão de ioga. Isso funciona?
Ioga ao lado da mesa de trabalho é uma tolice. O que tem eficácia são projetos em que especialistas acompanham o trabalho do escritório e sugerem mudanças para melhorar as rotinas.
No Brasil, a cervejaria Ambev faz sucesso elevando ao limite o nível de cobrança entre os funcionários. Nesse caso, o estresse não é positivo?
A história me soa muito similar à da GE. Em algumas cidades, a piada corrente é que você podia reconhecer um executivo da GE apenas pelo resultado do exame de pressão arterial. Mas, enquanto criou um dos ambientes mais competitivos do mundo, o ex-presidente da companhia Jack Welch instalou na empresa mecanismos que ajudavam as pessoas a enquadrar-se nesses parâmetros de exigência.
Companhias como o Google criaram ambientes mais informais a fim de estimular a capacidade de inovação. Isso ajuda a reduzir as pressões sobre os executivos?
Nem todos conseguem adaptar-se a esse tipo de ambiente. O estresse também tem muito a ver com características individuais. Alguns executivos são tão suscetíveis às pressões e reagem de uma forma tão negativa que vão ter problemas independentemente de a empresa ter um estilo mais ou menos informal.
Qual o executivo mais estressado que o senhor já conheceu? E o mais equilibrado?
O mais estressado, certamente, é Bernard Ebbers, que está cumprindo pena na prisão pelas fraudes contábeis cometidas na WorldCom. O mais equilibrado que eu conheço é Warren Buffett, que parece sempre saber o que é preciso fazer e tem sido extremamente bem-sucedido em suas escolhas.
Fonte: Por Suzana Naiditch, in portalexame.abril.com.br
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