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Precisa inovar? Você não está sozinho

Se concordamos que inovar é uma atitude estratégica e fundamental para as empresas que desejam manter sua competitividade, o próximo assunto é: como colocar a inovação no centro do seu business, que muitas vezes não veio com esse DNA?

A resposta é: vai ter de mudar. Se sua empresa não nasceu com o dom da inovação, se você não é o Steve Jobs e sua marca não é a Apple ou algumas dessas que saíram da cabeça de um universitário de tênis em geral norte-americano, o seu modelo precisará ser revisto.

Mesmo o Steve Jobs tem buscado, fora da Apple, parceiros que rejuvenesçam sua marca ainda mais. Tem se juntado, por exemplo, aos criadores dos “community networking”, a atual febre do mundo digital, para criar serviços e promoções com seu braço de produtos musicais, o iTunes. Esses sites, que permitem que as pessoas compartilhem os pequenos e grandes fatos do dia-a-dia, fotos, músicas, etc., brigam entre si pela preferência dos usuários. Ganham os que têm uma imagem mais cool, os que conseguem o melhor e mais avançado interface ou mesmo os que facilitam a participação das comunidades através de plataformas além do computador, como o celular. Para eles também vale a pena se juntar ao iTunes, que naturalmente empresta sua imagem superpositiva e jovem para o site.

A boa notícia é que tem muita gente pensando a respeito para criar soluções de inovação para empresas de diferentes perfis. Uma das mais importantes respostas para essa necessidade é buscar um modelo que permita que a inovação venha também de fora da empresa. É isso que Henry Chesbrough, considerado “top innovator” na University of California (Berkeley), defende em seu livro Open Business Models. Ele acredita que a melhor forma de inovação seja resultado da interação de diferentes empresas, cada uma trazendo seu expertise e sua personalidade para determinado projeto que envolva a oferta de produtos e serviços. Tudo isso colado por empresas de engenharia e tecnologia chamadas de “intermediárias de inovação”, que facilitam o acesso de outras empresas à tecnologia externa e a idéias que possam ampliar o seu coeficiente de inovação.

Esse modelo de parceria entre empresas é uma realidade em Hollywood, onde antigamente ficava na mão dos grandes estúdios todo o processo: desenvolver, executar e distribuir os filmes do início ao fim. Atualmente cada filme é visto como um projeto que soma esforços diferentes (o autor, o diretor, os produtores, a melhor referência em efeitos especiais, as mais talentosas empresas de distribuição e divulgação). Esse novo modelo resulta em uma combinação única. Dois projetos de cinema não terão a mesma configuração e, assim, conseguirão um melhor resultado final e conseqüentemente maior retorno.

A Procter & Gamble também fez o mesmo. Criou um programa de rejuvenescimento chamado “conectar e evoluir”, que originou alguns dos seus produtos de sucesso através de licenciamentos. Um dos melhores exemplos desse programa é a escova SpinBrush, que funciona com baterias, lançada com a marca Crest. O projeto SpinBrush revolucionou o segmento de escovas elétricas, derrubando o preço de US$ 50 para menos de US$ 10, e permitiu que a marca Crest recuperasse a liderança perdida.

O projeto SpinBrush também foi vantajoso para seus criadores, 4 entrepreneurs de Cleveland que investiram US$ 1,5 milhão e receberam US$ 475 milhões. Três deles passaram um ano e meio na Procter & Gamble para a implantação do projeto. Esse caso quebrou com um modelo adotado há mais de 150 anos. Pela primeira vez, a multinacional não insistia em controlar todas as etapas, do desenvolvimento do produto à estratégia de preços. Ao contrário, ela usou sua maior força, a capacidade de distribuição e marketing, para o sucesso do lançamento.

Outras empresas descobrem que, ao mesmo tempo em que podem comprar propriedades intelectuais de alguns parceiros, também podem vender as suas. É o caso da IBM, que abriu novas possibilidades para seu negócio comprando patentes e tecnologias de parceiros, ao mesmo tempo em que passou a vender serviços de semicondutores, uma propriedade da empresa necessária à atuação de outros players do mercado.

Abrir seu business para a compra de idéias e tecnologias não significa parar de atuar nesses campos. A Procter & Gamble continua desenvolvendo suas próprias marcas e também investe significativamente em suas tecnologias. O que essas empresas fazem é administrar a coexistência do modelo atual de negócios e suas áreas de eficiência com o novo modelo, que traz a abertura para propriedades externas.

No mundo do marketing, o pensamento é igualmente válido. A estratégia de uma marca juntar-se a outras que podem lhe emprestar valores como alta tecnologia, juventude ou prestígio atribui-lhe imediatamente traços de imagem que muitas vezes demandaria muito mais tempo e investimento para conseguir.

Nos estudos que realizo, tenho ficado atenta às marcas que habitam o mesmo universo de percepção de imagem dos meus clientes, independentemente da categoria. Além de trazer importantes descobertas a respeito da imagem da marca estudada, pode abrir possibilidades para novos projetos e diferentes ações de comunicação. Com tudo isso, só posso acabar este artigo lembrando a importância da co-criatividade, desta vez até no mundo das propriedades intelectuais. Que tal abrirmos nossas cabeças e o modelo das nossas empresas para o mundo colaborativo?


Fonte: Por Rita Almeida, in www.meioemensagem.com.br

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