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Antes de comprar consumidores querem experimentar

É cada vez maior o número de sabores, produtos, destinos, autores, artistas, serviços, tecnologias... Só não fosse isso, cada vez mais consumidores do mundo todo estão com mais dinheiro para gastar, ao passo que muitos produtos e serviços nunca estiveram tão baratos, desde a televisão - seu preço cai 9% ao ano desde 1998 - à passagem aérea. Mas antes de comprar, o consumidor quer testar, quer ter a certeza de que não irá se arrepender, transformando-se em um "trysumer", em tradução livre, "experimentamidor". A afirmação é da agência de tendências Trendwatching.

É crescente o movimento de alugar em vez de comprar. Sites se especializaram nisso, alugam itens de luxo por alguns dias, desde bolsas da moda a acessórios sofisticados.

A experimentação antes da compra nunca esteve tão em alta. O Wal Mart americano permite que o consumidor experimente produtos, de tvs a ferros de passar, a maioria de marcas desconhecidas. Um incentivo a mais para experimentar outras alternativas, e além, ser menos leal às marcas tradicionais. Em tempo: apenas 26% dos compradores americanos de câmeras fotográficas digitais dizem que voltariam a comprar sua próxima câmera da mesma marca no futuro; em 2005, o número era um pouco maior, 35%.

A Nike está se esforçando para não entrar nessa estatística. Furgões recheados com mais de mil pares de tênis Nike estão circulando pela França, Inglaterra, Itália e Espanha, em lugares tradicionalmente freqüentados por corredores, convidando-os para experimentar os modelos. A marca de fraldas Evy Baby, da Turquia, quer atrair a atenção das mães. Montou 22 salas coloridas e agradáveis com trocador e poltrona de amamentar, onde todos os produtos - para uso livre - são da marca.





Na mesma linha, a Procter e Gamble instalou banheiros no coração do Times Square, na Broadway, para divulgar sua marca de papel higiênico Charmin. A facilidade combinava cabines de banheiros, trocador infantil, estacionamento de carrinhos de bebê, bancos de espera e claro, muita amostra-grátis do papel-higiênico. Mais de 430 mil nova-iorquinos usaram a facilidade.

Some à tendência as lojas da Apple, hit em todo mundo - no último quarter de 2006 a rede somou 1.1 bilhão de dólares de receita. Seus aparelhos ficam dispostos de maneira que o consumidor é tentado a usar, brincar e descobrir, até se encantar e abrir a carteira, o que fizeram muitos dos 28 milhões que visitaram uma das 170 lojas da marca nos últimos três meses.

As iniciativas têm em comum a alta relevância, e estão posicionadas de forma certeira. Muitas empresas estão tirando proveito especialmente desse último quesito. Chegaram a conclusão que ambientes como salas de espera, lounges e business centers de hotéis, aeroportos e até de navios-cruzeiro, são ótimos lugares para expor sua marca ao estilo experimente-antes-de-comprar. Distribuem amostras e ganham em troca uma audiência permissiva à intromissão.

Para reforçar a tendência dos "experimentamidores", soma-se um fenômeno que cresceu junto com os sites especializados em trocas e vendas entre consumidores, como o eBay. Há a possibilidade de comprar itens, a princípio, de alto valor, a preços de segunda mão. Com um atenuante: caso não goste do produto, ele pode voltar ao site e anunciar a venda. É mais fácil se desfazer caso depois se canse da compra.

Como particularidade a esse nicho, observa-se a irreparável obsessão do ser humano por novas experiências, pela badalada "primeira vez". Os objetos de consumo se tornaram muito óbvios e monótonos, todos aguardam a próxima novidade. Há enorme paridade dos lançamentos, desde o modelo até sua performance - item que vem ganhando relevância extraordinária. O mesmo não se pode dizer da publicidade. Apenas 13% dos americanos admitem que compram baseados em propaganda, e 6% acreditam que a propaganda diz a verdade. Mais motivos para aderir à nova tendência?


Fonte: Por Ticiana Werneck, in www.consumidormoderno.com.br

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