Transcrevo aqui a íntegra do artigo "Assédio moral: a comunicação perversa", escrito pelo consultor de comunicação corporativa Luiz Antônio Gaulia. O texto, publicado no site da Aberje descreve a relação entre comunicação e assédio moral, destacando que onde não há respeito, não há comunicação. Confira:
"As relações humanas integram várias dimensões. Seres humanos são ambivalentes por natureza e esta é uma das melhores características da espécie. Somos únicos e diferentes. Diversos. Plurais.
Daí o nosso dom para a comunicação. Na palavra e no diálogo descobrimos o outro. Reconhecemos no outro nossas próprias limitações. E nesta troca de opiniões e pontos de vista construimos as pontes para as relações humanas.
Nas empresas então o diálogo é necessário, sempre. Os negócios precisam de um rumo definido, uma direção a ser seguida. Sua missão e aspiração precisam ser explicadas, compartilhadas e vivenciadas pelas equipes. Não podem ser ambivalentes, pois o foco em resultados é a premisa para o sucesso. E os resultados não têm sido fáceis de serem alcançados.
Mas, as organizações são feitas por seres-humanos. E por mais racionais, concretas e objetivas que desejem ser, o fator humano é um implacável diferencial. Com suas emoções inexplicáveis e seus comportamentos pouco lógicos.
Daí a importância do título deste artigo. Não é de hoje que o assédio moral existe, mas é recente a abordagem e a pesquisa sobre o tema, tão presente nas empresas públicas ou privadas.
E qual a relação entre comunicação e assédio moral? Todas possíveis, uma vez que a sustentabilidade das relações internas de uma organização depende da qualidade de sua comunicação. Da qualidade das interações, das trocas entre lideranças e equipes. E onde não há respeito, não há comunicação, não há troca.
Mas o assédio moral tem sua forma comunicativa. É a comunicação perversa. Como não é só a palavra que comunica, na convivência diária entre as pessoas, o assédio moral tem comunicações não-verbais, tão poderosas quanto palavras malditas: silêncios, olhares de desprezo, de desconfiança...
Neste abuso do poder, chefes autoritários podem escolher dois caminhos: as "broncas" declaradas e intempestivas, públicas e notórias ou as pequenas ameaças veladas, escamoteadas por um sorriso irônico, pelas perguntas confusas (que não querem resposta alguma pois não foram feitas para serem respondidas), pelo uso de terceiros para enviar mensagens distorcidas ou pelo próprio silêncio.
E com a desculpa de manter a empresa competitiva, tudo parece ser permitido: exigências em excesso, sobrecarga de tarefas, horários prolongados, urgências sem critérios, tensão e estresse. E como nada é explicado - tudo fica subentendido, restando a insegurança psicológica como a única certeza.
Outra característica do assédio moral é a falta da conversa direta. De transparência. De feedback constante. Quando o chefe evita o diálogo, não "dá ouvidos" ao outro, insinua dúvidas ou mesmo não diz nada que possa esclarecer quais são os próximos passos, ele desqualifica a pessoa. E nesse processo lento, a pessoa torna-se um objeto. E objetos são como as coisas: descartáveis. Simples assim.
Ignorar o outro, seu olhar, sua voz, sua presença é uma forma de impedir o diálogo e por conseqüência, a solução de conflitos, o entendimento das opiniões contrárias, o esforço pela harmonia no local do trabalho. O não reconhecimento do outro e a não escuta do outro gera uma incapacidade de resposta, de compreensão. Eis aí a conseqüência do assédio. A relação insustentável.
Neste cenário, a comunicação perversa faz sua vítima: o funcionário torna-se o bode expiatório perfeito. Inseguro emocionalmente, sem base de apoio, com seu rendimento profissional abalado, ele é a própria vítima que vai fornecer a justificativa racional para a sua demissão.
Mas, que ninguém fique triste, pois assim caminha a humanidade. Enquanto muitas empresas ainda estão perdidas no jogo dissimulado e perverso das chefias maquiavélicas, outras organizações, mais evoluídas, estão trabalhando com real interesse para eliminar o assédio moral. Canais de ouvidoria, eleição de ombudsman, programas de comunicação face-a-face, blog da presidência, entre outras soluções, têm sido algumas das práticas adotadas.
Pelo bem das empresas, pelo bem das equipes".
Fonte: Por Luiz Antônio Gaulia, in www.aberje.com.br
"As relações humanas integram várias dimensões. Seres humanos são ambivalentes por natureza e esta é uma das melhores características da espécie. Somos únicos e diferentes. Diversos. Plurais.
Daí o nosso dom para a comunicação. Na palavra e no diálogo descobrimos o outro. Reconhecemos no outro nossas próprias limitações. E nesta troca de opiniões e pontos de vista construimos as pontes para as relações humanas.
Nas empresas então o diálogo é necessário, sempre. Os negócios precisam de um rumo definido, uma direção a ser seguida. Sua missão e aspiração precisam ser explicadas, compartilhadas e vivenciadas pelas equipes. Não podem ser ambivalentes, pois o foco em resultados é a premisa para o sucesso. E os resultados não têm sido fáceis de serem alcançados.
Mas, as organizações são feitas por seres-humanos. E por mais racionais, concretas e objetivas que desejem ser, o fator humano é um implacável diferencial. Com suas emoções inexplicáveis e seus comportamentos pouco lógicos.
Daí a importância do título deste artigo. Não é de hoje que o assédio moral existe, mas é recente a abordagem e a pesquisa sobre o tema, tão presente nas empresas públicas ou privadas.
E qual a relação entre comunicação e assédio moral? Todas possíveis, uma vez que a sustentabilidade das relações internas de uma organização depende da qualidade de sua comunicação. Da qualidade das interações, das trocas entre lideranças e equipes. E onde não há respeito, não há comunicação, não há troca.
Mas o assédio moral tem sua forma comunicativa. É a comunicação perversa. Como não é só a palavra que comunica, na convivência diária entre as pessoas, o assédio moral tem comunicações não-verbais, tão poderosas quanto palavras malditas: silêncios, olhares de desprezo, de desconfiança...
Neste abuso do poder, chefes autoritários podem escolher dois caminhos: as "broncas" declaradas e intempestivas, públicas e notórias ou as pequenas ameaças veladas, escamoteadas por um sorriso irônico, pelas perguntas confusas (que não querem resposta alguma pois não foram feitas para serem respondidas), pelo uso de terceiros para enviar mensagens distorcidas ou pelo próprio silêncio.
E com a desculpa de manter a empresa competitiva, tudo parece ser permitido: exigências em excesso, sobrecarga de tarefas, horários prolongados, urgências sem critérios, tensão e estresse. E como nada é explicado - tudo fica subentendido, restando a insegurança psicológica como a única certeza.
Outra característica do assédio moral é a falta da conversa direta. De transparência. De feedback constante. Quando o chefe evita o diálogo, não "dá ouvidos" ao outro, insinua dúvidas ou mesmo não diz nada que possa esclarecer quais são os próximos passos, ele desqualifica a pessoa. E nesse processo lento, a pessoa torna-se um objeto. E objetos são como as coisas: descartáveis. Simples assim.
Ignorar o outro, seu olhar, sua voz, sua presença é uma forma de impedir o diálogo e por conseqüência, a solução de conflitos, o entendimento das opiniões contrárias, o esforço pela harmonia no local do trabalho. O não reconhecimento do outro e a não escuta do outro gera uma incapacidade de resposta, de compreensão. Eis aí a conseqüência do assédio. A relação insustentável.
Neste cenário, a comunicação perversa faz sua vítima: o funcionário torna-se o bode expiatório perfeito. Inseguro emocionalmente, sem base de apoio, com seu rendimento profissional abalado, ele é a própria vítima que vai fornecer a justificativa racional para a sua demissão.
Mas, que ninguém fique triste, pois assim caminha a humanidade. Enquanto muitas empresas ainda estão perdidas no jogo dissimulado e perverso das chefias maquiavélicas, outras organizações, mais evoluídas, estão trabalhando com real interesse para eliminar o assédio moral. Canais de ouvidoria, eleição de ombudsman, programas de comunicação face-a-face, blog da presidência, entre outras soluções, têm sido algumas das práticas adotadas.
Pelo bem das empresas, pelo bem das equipes".
Fonte: Por Luiz Antônio Gaulia, in www.aberje.com.br
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