Os executivos falam de "DNA" de suas empresas e de suas funções nos "ecossistemas de negócios", mas a analogia com os organismos vivos é mais do que metafórica. Assim como existem leis matemáticas que determinam de que forma o metabolismo, o crescimento, a evolução e a mortalidade dependem do tamanho, existem regras que parecem governar o crescimento, o rendimento e até o declínio de cidades e outras organizações sociais. Se bem ainda não podemos prever como algumas cidades ou empresas vão evoluir, podemos encontrar relações matemáticas gerais entre o tamanho da população, a inovação e a criação de riqueza, que poderiam ter implicações importantes para a estratégia de crescimento das organizações.
Em biologia, diferentes espécies são, em muitos aspectos, versões em escala de outras. Bactérias, ratos, elefantes, sequóias e baleias azuis parecem diferentes, mas a maioria de suas características fundamentais, incluindo o uso dos recursos e a energia, a longitude do genoma e a duração da vida seguem simples regras matemáticas que têm a forma de relações "power law" que determinam como tais características mudam em função do tamanho. Um exemplo é o ritmo metabólico, que aumenta em ¾ o tamanho da massa.
Em termos mais simples equivale a falar que, se a massa de um organismo aumenta em um fator de 10.000 (quatro ordens de magnitude), seu ritmo metabólico aumentará em um fator de 1.000 (três ordens de magnitude). Isto representa uma grande economia de escala: quanto maior a criatura, menor é a energia por grama que precisa para viver. O aumento na eficiência por tamanho (manifestada no expoente ¾ de escalamento, que chamamos de "sublinear" porque é menor que 1) está amplamente difundido na biologia.
Essas leis de escalamento ubíquas têm sua origem nas propriedades universais das redes que dão suporte à vida, como os sistemas cardiovasculares e respiratórios. As organizações sociais, assim como os organismos biológicos, consomem energia e recursos, dependem de redes para o fluxo de informação e materiais, e produzem objetos e desperdícios. Não seria surpreendente que leis de escalamento governassem seu crescimento e evolução. Tais leis sugeririam que New York, Santa Fe, Nova Delhi e Roma antiga são versões em escala uma da outra em muitos aspectos fundamentais. Da mesma forma, seriam a Microsoft, Caterpillar, Tesco e Pan Am.
Para descobrir essas regras, Luis Bettencourt do Los Alamos National Laboratory, José Lobo da Universidade do Estado de Arizona, Dirk Helbing em TU Dresden e eu, recolhemos dados de sistemas urbanos em vários países em épocas diversas, que incluíram um amplo leque de características, como o consumo de energia, a atividade econômica, a demografia, infra-estrutura, inovação intelectual, emprego de pessoas "supercriativas" e padrões de comportamento humano como taxas de crime e de contagio de doenças.
Descobrimos que as cidades manifestam relações de escala "power-law" similares às observadas na biologia: o dobro da população requer menos do dobro de certos recursos. A infra-estrutura análoga às redes de transporte biológico –postos de gasolina, redes elétricas, estradas– mostra, de modo uniforme, um crescimento em escala sublinear com a população.
Porém, para nossa surpresa, um novo fenômeno de escala apareceu quando estudamos as quantidades que são sociais por natureza e não têm um análogo simples na biologia: as associadas com a inovação e a criação de riqueza que incluem a inscrição de patentes, a quantidade de pessoas supercriativas, salários e o PBI.
Escalamento superlinear – Nestes casos, o expoente (o análogo ao ¾ do ritmo metabólico) supera 1, se aproximando a um valor comum de 1,2. Em conseqüência, a duplicação da população é acompanhada por mais do dobro das pessoas criativas e da produção econômica. Chamamos esse fenômeno um "escalamento superlinear": maior população de uma cidade, maior inovação e criação de riqueza por pessoa.
O crescimento orgânico limitado pelas leis sublineares derivadas das dinâmicas das redes biológicas, termina com as equações que prevêem o tamanho que os organismos vão atingir. Ao contrário delas, nossas equações prevêem que o crescimento associado com os processos de escalamento superlinear observado nas organizações sociais é, na teoria, ilimitado. Isso constitui um bom presságio para as organizações.
Lamentavelmente, as equações também prevêem que, na ausência de grandes inovações contínuas, as organizações vão deixar de crescer e poderão até mesmo diminuir, chegando a estagnar ou colapsar. Mais ainda: para prevenir esse fatal desenlace, o tempo entre inovações (o "ciclo de inovações") deve diminuir à medida que o sistema cresce.
Se bem nossa pesquisa foi centrada nas cidades, as semelhanças sociais e estruturais entre cidades e empresas sugerem que as conclusões podem se estender para empresas e setores. Se fosse assim, a existência das relações de escala superlinear que vinculam tamanho e produção criativa teria duas conseqüências importantes.
Primeiro, desafia a lógica convencional de que os pequenos departamentos de inovação são mais criativos e talvez explica por que poucas organizações equipararam a criatividade de um gigante como Bell Labs em seu apogeu. Segundo: demonstra que como as organizações e industrias têm que inovar aparentemente em ritmo acelerado constante para evitar a estagnação, tenta-se economizar nos orçamentos de pesquisa e desenvolvimento e “cortar” o pessoal criativo pode ser uma estratégia muito perigosa no longo prazo.
Fonte: Por Geoffrey B. West, in www.hsm.com.br/
Em biologia, diferentes espécies são, em muitos aspectos, versões em escala de outras. Bactérias, ratos, elefantes, sequóias e baleias azuis parecem diferentes, mas a maioria de suas características fundamentais, incluindo o uso dos recursos e a energia, a longitude do genoma e a duração da vida seguem simples regras matemáticas que têm a forma de relações "power law" que determinam como tais características mudam em função do tamanho. Um exemplo é o ritmo metabólico, que aumenta em ¾ o tamanho da massa.
Em termos mais simples equivale a falar que, se a massa de um organismo aumenta em um fator de 10.000 (quatro ordens de magnitude), seu ritmo metabólico aumentará em um fator de 1.000 (três ordens de magnitude). Isto representa uma grande economia de escala: quanto maior a criatura, menor é a energia por grama que precisa para viver. O aumento na eficiência por tamanho (manifestada no expoente ¾ de escalamento, que chamamos de "sublinear" porque é menor que 1) está amplamente difundido na biologia.
Essas leis de escalamento ubíquas têm sua origem nas propriedades universais das redes que dão suporte à vida, como os sistemas cardiovasculares e respiratórios. As organizações sociais, assim como os organismos biológicos, consomem energia e recursos, dependem de redes para o fluxo de informação e materiais, e produzem objetos e desperdícios. Não seria surpreendente que leis de escalamento governassem seu crescimento e evolução. Tais leis sugeririam que New York, Santa Fe, Nova Delhi e Roma antiga são versões em escala uma da outra em muitos aspectos fundamentais. Da mesma forma, seriam a Microsoft, Caterpillar, Tesco e Pan Am.
Para descobrir essas regras, Luis Bettencourt do Los Alamos National Laboratory, José Lobo da Universidade do Estado de Arizona, Dirk Helbing em TU Dresden e eu, recolhemos dados de sistemas urbanos em vários países em épocas diversas, que incluíram um amplo leque de características, como o consumo de energia, a atividade econômica, a demografia, infra-estrutura, inovação intelectual, emprego de pessoas "supercriativas" e padrões de comportamento humano como taxas de crime e de contagio de doenças.
Descobrimos que as cidades manifestam relações de escala "power-law" similares às observadas na biologia: o dobro da população requer menos do dobro de certos recursos. A infra-estrutura análoga às redes de transporte biológico –postos de gasolina, redes elétricas, estradas– mostra, de modo uniforme, um crescimento em escala sublinear com a população.
Porém, para nossa surpresa, um novo fenômeno de escala apareceu quando estudamos as quantidades que são sociais por natureza e não têm um análogo simples na biologia: as associadas com a inovação e a criação de riqueza que incluem a inscrição de patentes, a quantidade de pessoas supercriativas, salários e o PBI.
Escalamento superlinear – Nestes casos, o expoente (o análogo ao ¾ do ritmo metabólico) supera 1, se aproximando a um valor comum de 1,2. Em conseqüência, a duplicação da população é acompanhada por mais do dobro das pessoas criativas e da produção econômica. Chamamos esse fenômeno um "escalamento superlinear": maior população de uma cidade, maior inovação e criação de riqueza por pessoa.
O crescimento orgânico limitado pelas leis sublineares derivadas das dinâmicas das redes biológicas, termina com as equações que prevêem o tamanho que os organismos vão atingir. Ao contrário delas, nossas equações prevêem que o crescimento associado com os processos de escalamento superlinear observado nas organizações sociais é, na teoria, ilimitado. Isso constitui um bom presságio para as organizações.
Lamentavelmente, as equações também prevêem que, na ausência de grandes inovações contínuas, as organizações vão deixar de crescer e poderão até mesmo diminuir, chegando a estagnar ou colapsar. Mais ainda: para prevenir esse fatal desenlace, o tempo entre inovações (o "ciclo de inovações") deve diminuir à medida que o sistema cresce.
Se bem nossa pesquisa foi centrada nas cidades, as semelhanças sociais e estruturais entre cidades e empresas sugerem que as conclusões podem se estender para empresas e setores. Se fosse assim, a existência das relações de escala superlinear que vinculam tamanho e produção criativa teria duas conseqüências importantes.
Primeiro, desafia a lógica convencional de que os pequenos departamentos de inovação são mais criativos e talvez explica por que poucas organizações equipararam a criatividade de um gigante como Bell Labs em seu apogeu. Segundo: demonstra que como as organizações e industrias têm que inovar aparentemente em ritmo acelerado constante para evitar a estagnação, tenta-se economizar nos orçamentos de pesquisa e desenvolvimento e “cortar” o pessoal criativo pode ser uma estratégia muito perigosa no longo prazo.
Fonte: Por Geoffrey B. West, in www.hsm.com.br/
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