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Companhias já vinculam a bonificação salarial de seus diretores às práticas de Responsabilidade Social

Aumentar as vendas da empresa, ampliar a participação de mercado em cada país, ou melhorar a produtividade da empresa. Essas não são as únicas maneiras para um diretor obter uma bonificação salarial no fim do ano. Os especialistas ressaltam que as empresas começam a dedicar uma parte da retribuição variável de seus altos executivos aos objetivos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) conquistada no término do ano fiscal.

Essa bonificação pode chegar a 25% do salário variável total, o que segundo os especialistas corresponde a 15% do salário fixo do profissional. Os assessores asseguram que já há exemplos de multinacionais inglesas que dedicam cerca de 30% à bonificação de oito de seus diretores internacionais, em função de terem aderido à estratégia de RSC da empresa.

Até agora, são as empresas anglo-saxãs as que mais recorrem a essa retribuição, mas segundo José Luis Blasco, diretor de serviços de responsabilidade social corporativa da KPMG, "existem empresas espanholas do Ibex 35 que estão seguindo o exemplo de suas colegas ango-saxãs".

Entre as remunerações variáveis que esses executivos podem receber há dois tipos. A primeira é obtida pelo diretor interno de RSC por conseguir que sua empresa entre nos rankings de sustentabilidade mais importantes do mundo, como o índice Dow Jones de Sustentabilidade ou o FTSE4Good. No primeiro, três empresas espanholas (Acciona, ACS e Gamesa) uniram-se aos 14 grupos nacionais que já estavam presentes no indicador. Como requisito prévio para entrar, todas as empresas se submetem a uma análise exaustiva de uma agência externa independente.

No segundo grupo se enquadram os altos executivos da empresa, não vinculados à área de RSC, mas que estão envolvidos na estratégia da empresa nessa matéria. "Por exemplo, nas empresas energéticas, a redução dos gases que causam o efeito estufa são um motivo de remuneração extra", disse Javier Garrilleti, diretor da prática de Reputação e RSC da PricewaterhouseCoopers.

Embora nesse exemplo o objetivo pode ser quantificado, existem outros nos quais é intangível, o que constitui um problema para os diretores mais antigos habituados a metas quantificáveis. "Em muitas ocasiões, são os diretores com muitos anos de carreira profissional que têm de aprender como melhorar aspectos da empresa que não podem ser medidos", acrescentou o diretor da PwC.

Garrilleti dá o exemplo de uma empresa de telecomunicações que deve instalar antenas de telefonia em determinados lugares nos quais causa poluição visual. "O fato de promover ações direcionadas para a redução desse impacto visual pode ser o caminho para obter a bonificação.

Porém, o que mais cresce neste momento, segundo Garrilleti, são os incentivos por políticas de recursos humanos. Aqui também persiste o problema de medir os sucessos alcançados. "Uma das fórmulas é verificar se como conseqüência das iniciativas implementadas foi reduzida a rotatividade nos departamentos", disse Garrilleti, que também acrescenta a possibilidade de realizar pesquisas no ambiente de trabalho que medem o nível de satisfação dos funcionários.

As empresas elaboram uma estratégia de Responsabilidade Social Corporativa porque ela ressalta os valores mais importantes da empresa, o que gera uma vantagem competitiva no setor. As empresas energéticas e de telecomunicações têm sido pioneiras em vincular os incentivos econômicos com a estratégia em RSC.

As ações de reputação corporativa sobre o capital humano são, no presente, as mais procuradas pelas empresas. Alguns diretores passam dos objetivos quantificáveis aos desafios nos quais o êxito não é fácil de medir da forma tradicional. As empresas européias estão mais adiantadas no desenvolvimento de políticas de responsabilidade social do que suas concorrentes americanas e asiáticas, segundo um estudo sobre a situação mundial da RSC, elaborado pela Eiris, uma companhia especializada em investimento sustentável.

Cerca de 75% das empresas européias, que operam em países de alto risco, desenvolveram algum tipo de ação relativa aos direitos humanos dentro das empresas das quais são proprietárias, ante 40% das norte-americanas e 6% das asiáticas. Apesar disso, o impacto dessas políticas diminui quando se trata da rede de provedoras, e assim só 50% das empresas européias adotaram algum procedimento para conhecer o grau de cumprimento dos direitos humanos por parte de suas provedoras. Essa cifra cai para 10% nas asiáticas. Com respeito a oportunidades iguais, as empresas vêem esse aspecto como uma ferramenta para melhorar sua reputação e aumentar a vantagem competitiva.


Fonte: Por Carlos I. Abadía - - Expansión, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9

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