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Comunicação e Governança Corporativa

A ABRP-SP, inaugurando seu quadro de eventos para profissionais de Comunicação e Relações Públicas, realizou no dia 02 de junho, o primeiro Meeting ABRP com o tema “Comunicação e Governança Corporativa”.

O evento foi dividido em duas seções, conceitual e cases, com o objetivo de aprofundar os debates e proporcionar o real encontro acadêmico e mercadológico indispensável ao desenvolvimento da profissão. No primeiro momento, a profissional Tânia Baitello, assessora do Grupo Silvio Santos e professora da Faculdade Cásper Líbero, apresentou a síntese de sua dissertação de mestrado sobre Comunicação e Governança Corporativa. O estudo, além de contextualizar a atuação de relações públicas e a prática de governança corporativa, principalmente na área de relações com investidores, mostrou resultados mensuráveis deste trabalho, e a importância das competências do relações públicas que deseja atuar na área.

Silvana Nader, diretora da Mendes e Nader Comunicação, concentrou sua participação na discussão se o relações públicas está realmente preparado para as demandas mercadológicas, e quais são os pontos principais de desenvolvimento a serem observados.

Na segunda parte, para ilustrar a atuação de empresas em governança corporativa, Luiz Carlos Gouvêa, Superintendente da Energias Brasil, e Viviane Mansi, gerente de comunicação da Merck Sharp & Dohme, apresentaram cases de suas empresas e também participaram de debate com os profissionais da platéia.

O evento foi marcado pela participação de profissionais de relações públicas, nos debates e inscrições para próximos cursos e eventos, o que valida a necessidade destes encontros e do contínuo diálogo entre mercado, associações e academia.

Juliana Rodrigues, da área de comunicação corporativa da CPM Braxis, coloca que “A escolha dos palestrantes e do formato foi muito feliz, pois permitiu, mesmo em um encontro rápido, profundidade e qualidade no conteúdo apresentado. Por ser um tema muito novo, ainda existe muita controvérsia. A ABRP deu um passo a frente ao abordar esse tema de forma interessante e abrindo os caminhos para as possibilidades de comunicação corporativa e RP nesse campo.” Complementando, Hevandro Camargo destacou: “O Meeting de Comunicação e Governança Corporativa foi uma ótima oportunidade para retomarmos uma discussão que deveríamos ter sempre em nossa profissão: como aproximar o estratégico das ações do dia-a-dia e mais, em que outras áreas de negócio das empresas as RP podem e devem atuar. Para os próximos encontros espero os mesmos ingredientes de sucesso: interação com o público, cumprimento dos horários, excelentes palestrantres, informações atualizadas e ótima partilha de conhecimentos.”

Confira abaixo a entrevista com Viviane Mansi, gerente de comunicação da Merck Sharp & Dohme:

O que representa a Governança Corporativa na sua empresa? Qual a importância para a estratégia?
Governança corporativa é uma forma responsável de atuar, respeitando lei e valores. Embora não seja necessariamente uma obrigação, é uma demanda do mercado que agrega valor ao negócio uma vez que ajuda a mostrar a transparência e a ética com a qual a empresa opera no mercado. Para nós, tem muito a ver com ética, e é um valor genuíno.

Existe um departamento responsável pelas atribuições de GC? Qual a relação com as áreas de comunicação da companhia?
Não. Governança corporativa é uma responsabilidade de todas as áreas, inclusive da área de comunicação.

É possível dizer que todos os funcionários estão envolvidos com a prática da GC? De que forma este objetivo é alcançado?
É possível sim dizer que governança envolve todos os funcionários. Para nós não é necessariamente um objetivo, mas a forma como fazemos questão de trabalhar.

Como a empresa avalia os resultados da GC? Você pode citar algum resultado e os meios utilizados para mensurá-los?
Tenho dificuldade de citar um resultado mensurável de governança, pois governança é uma forma de trabalho. Por outro lado, você pode considerar que a respeitabilidade da empresa mundialmente, principalmente com a classe médica - nosso principal cliente, é um resultado da conduta de longo prazo da empresa.

Quais são os principais desafios da companhia ligados à GC?
O principal desafio é garantir que a governança esteja presente no dia-a-dia de cada funcionário, pois exige reforço constante. Esse reforço não está propriamente ligado a uma comunicação sobre o que nós estamos chamando de governança, mas a uma série de práticas - que nós chamamos de ética e compliance - sejam efetivamente respeitadas pelos 800 funcionários.

Além de manter processos em que a ética seja assegurada, nós também oferecemos treinamentos e canais necessários para que esse assunto seja entendido e praticado por todos os funcionários.

Alguns exemplos: realizamos estudos clínicos no Brasil e além de respeitar a legislação local, seguimos os mais rígidos códigos internacionais desde o momento em que o estudo é desenhado até o seu acompanhamento no centro de pesquisa. Os pacientes, por exemplo, participam de fóruns para elucidar o desenho do estudo, seu objetivo, tempo de duração, etc. e só efetivamente começam sua participação depois de se sentirem seguros e assinarem um termo de consentimento.

Nossa área de farmacovigilância, antes mesmo de existir uma legislação local sobre relato de evento adverso, investe na disseminação da importância de médicos e pacientes relatarem os efeitos colaterais dos nossos medicamentos. Nossa postura não é a de “fugir” da publicação de um efeito negativo num medicamento que produzimos, mas assegurar que ele está devidamente relacionado na bula de orientação ao paciente.

Os materiais que usamos para promover os medicamentos aos médicos são produzidos levando-se em consideração a mais rígida e equilibrada informação científica. As informações contidas numa peça promocional são sempre consistentes e relevantes para a prática clínica.

Em 2001, a empresa recolheu voluntariamente alguns lotes da Vaqta – vacina contra hepatite A, porque 0,03% das pessoas poderiam não estar imunizadas. No Brasil, nós revacinamos mais de 85% das crianças que receberam a vacina desses lotes específicos.

O Programa Mundial de Doação de Mectizan é um exemplo das inúmeras iniciativas da empresa em responsabilidade social. Ele foi instituído em 1987 para facilitar a livre distribuição de Mectizan para o tratamento da cegueira do rio (oncocercose) nos países endêmicos em todo o mundo. O PDM é uma parceria contínua entre organizações públicas, privadas e não-governamentais de desenvolvimento. Após 20 anos, MSD continua reafirmando seu compromisso de doar Mectizan para o tratamento da cegueira do rio, onde quer que o medicamento seja necessário, pelo tempo que for necessário. Esse Programa é o maior e mais longo programa médico de doações da história da medicina.

Tendo em vista o dia a dia da prática de GC na rotina da empresa, como você avalia o perfil ideal para o profissional que pretende trabalhar na área?
Ética e compromisso com o outro resume, para mim, o perfil ideal de qualquer profissional.


Fonte: www.abrpsp.org.br

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