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Marisol quer marca para adolescentes

A nova geração de executivos de grandes grupos industriais do setor de vestuário em Santa Catarina adota a tendência internacional de gestão de múltiplas marcas como forma de fidelizar consumidores e fomentar negócios. A Marisol, de Jaraguá do Sul, possui seis marcas, a Lilica Ripilica, Tigor T. Tigre, Marisol, Pakalolo, Rosa Chá e Sais, e estuda nova aquisição, de grife voltada ao público adolescente. "Temos uma certeza: a cliente da Lilica Ripilica vai crescer e nos abandonar. Queremos dar a ela uma opção para que continue comprando nossos produtos", diz o diretor de marketing, Giuliano Donini. Segundo ele, a Marisol busca marcas com perfil de sofisticação e internacionalização.

A AMC Têxtil, de Brusque, dona das marcas Colcci, Sommer, Coca-Cola Clothing e Carmelitas, também tem grande interesse na aquisição de novas marcas, diz o executivo Alexandre Menegotti.

Carlos Ferreirinha, consultor de negócios da MCF Fashion, especializada no segmento luxo, afirma que este movimento é fruto da gestão profissional das empresas. "Demorou para acontecer no Brasil, considerando o amadurecimento da moda nos últimos 10 anos." Para ele, indústrias como Marisol e AMC precisam de marcas para ficarem fortes no varejo e darem saltos expressivos de crescimento. A carioca Richards, que comprou a marca Salinas, segue a tendência.

As duas empresas têm mais em comum do que malharias multimarcas bem-sucedidas: elas continuam sob comando familiar e os investimentos são realizados com recursos próprios, inclusive as aquisições das marcas. Na Marisol, a família Donini está na direção, na AMC Têxtil, a família Menegotti.

A AMC deixou de ser apenas Malharia Menegotti em 2000 com a compra da Colcci, marca jovem de roupas. Em 2004 adquiriu a grife irreverente Sommer e há um ano a Carmelitas, de estilo "artesanal chique". A Colcci, que tem Gisele Bündchen como garota-propaganda, é hoje uma das maiores franquias brasileiras, com mais de 200 lojas no País e no exterior.

Aqui, está presente em 1,2 mil lojas multimarcas. "Estamos em grande expansão no mercado internacional", diz Menegotti, que prevê um acréscimo de 45% no faturamento bruto em 2007. "O principal motivo é a consolidação das marcas e o crescimento da Sommer." O grupo não revela a cifra, mas o mercado estima cerca de R$ 400 milhões.

Para sustentar seu crescimento, a AMC está investindo em nova fábrica de confecções no município de Itajaí (SC). Os investimentos totais de R$ 35 milhões, dos quais o BNDES participará com 64%, permitirão aumento de 34% na capacidade de produção da empresa. A nova unidade, inicialmente, suportará a transferência de toda a estrutura de fábrica de Brusque, que concentra as atividades administrativas, de criação, corte de tecidos, modelagem e vendas.

Agregar novas marcas é a principal estratégia da Marisol para crescer no Brasil e no exterior. Segundo Giuliano Donini, o principal desafio na gestão é a coerência entre as marcas. "Elas precisam coexistir. Só faz sentido se fizerem sinergia uma com a outra." A Marisol fabrica as coleções nas fábricas do Sul, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e do Nordeste, em Pacatuba (CE). Cada marca tem seu cliente, seus pontos de vendas, seu projeto de expansão.

Embora esteja em forte processo de reestruturação, tendo fechado duas fábricas recentemente em Santa Catarina, a Marisol espera repetir o faturamento de 2006, de R$ 500 milhões. Implantou este ano vigorosa expansão de franquias, tanto no País quanto no exterior. Na Europa, inaugurou loja da Lilica Ripilica , na Via de La Spiga, em Milão, um dos endereços de moda mais sofisticados do mundo.

Para irradiar o projeto na União Européia, inaugurou em abril loja em Madri, na Espanha, e na cidade do Porto, em Portugal. Com a expansão, são 17 lojas no exterior. Até o final do ano, mais uma será aberta, no Peru.

No País são 128 lojas em operação com a marca Lilica & Tigor e, até o final do ano, serão 140. Já a Rosa Chá conta com 18 unidades no Brasil e até o final de 2007 terá 25. No exterior são três e no início de 2008 inaugura mais uma loja em Nova York.

O diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil, Fernando Pimentel, diz que as empresas do vestuário buscam novos negócios e nichos de investimento, diante do potencial de expansão do varejo. "As marcas têm a capacidade de trabalhar com o imaginário do consumidor e criam relação estreita com os clientes." Segundo ele, a tendência de agregar marcas começa a ser adotada por todos grandes grupos e tem atraído empresas do mercado financeiro, como os fundos de private equity.


Fonte: Gazeta Mercantil

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