Pular para o conteúdo principal

Qual é a missão do Profissional de Marketing Direto?

Assim como qualquer outro profissional de marketing, o gestor de marketing direto deve ter uma visão holística da empresa em que trabalha e do mercado para que possa extrair ao máximo as potencialidades da comunicação dirigida, seja através da tradicional mala direta, do telemarketing ou nas ações no meio digital. Esta opinião é de Agnaldo Lima, autor do livro Gestão de Marketing Direto – da conquista ao Relacionamento com o cliente (Atlas). No livro, o Gerente de Marketing Direto da Editora Atlas ressalta que esta disciplina requer planejamento, capacidade de adaptação, criatividade e, principalmente, profissionalismo.

De acordo com o especialista, o gestor de marketing direto “tem que ter uma noção completa do negócio e do segmento em que atua para saber se a mídia direta vai funcionar em cada caso e se realmente tem o melhor custo-benefício”. Sobre a tradicional mensurabilidade atribuída à disciplina, Lima adverte: “A definição de que o marketing direto dá respostas imediatas e mensuráveis deixou o mito de que tudo é mensurado de forma imediata, mas ele também tem resultados de médio e longo prazo”.

No final das contas, Agnaldo Lima sabe que as empresas estão mesmo é preocupadas em ver o gráfico de vendas. Se a ação de marketing direto afetou positivamente no balanço financeiro, o retorno está garantido. Por isso, o profissional especializado neste segmento deve ter cada vez mais familiaridade com os números para saber interpretá-los. Antes de ir para a calculadora, porém, Lima recomenda, em entrevista ao Mundo do Marketing, que o gestor de marketing direto faça uma imersão no universo do consumidor e do produto que está vendendo.

Como deve ser o trabalho de um gestor de marketing direto dentro de uma empresa?
O gestor de marketing direto tem que ter uma visão da empresa, do ponto de vista do negócio e do marketing como um todo. Muitas vezes vemos o profissional de marketing direto tentando colocar os seus planos como alternativas, quando na verdade ele deve compor o plano de marketing da empresa, podendo ou não ser aplicado em diversas situações de acordo com o objetivo que se busca. Então, ele tem que ter uma noção completa do negócio, do segmento em que se atua, saber se a mídia direta vai funcionar em cada caso e se realmente tem o melhor custo-benefício. Ele tem que ter a visão de um profissional de marketing completo, mas que atua com a comunicação direta para encaixar estas estratégias onde for mais adequado.

Há empresas que olham para o marketing direto achando que o custo é muito alto. Como aplicar esta disciplina numa pequena empresa?
Considero o marketing direto muito mais adequado ao pequeno empresário. Quando se busca uma mídia de massa, é um custo alto, embora tenha um alcance grande. Se pegarmos um exemplo de uma empresa que vai pagar R$ 50 mil numa página de uma revista, ela pode pegar este valor, adquirir uma lista com clientes potenciais, investir em cinco mil malas diretas e atingir estes clientes de forma personalizada e com um custo menor. De fato, se formos considerar o custo por mil, no marketing direto ele é mais alto que a mídia de massa, mas aí é uma questão de dosar o investimento.

Como o gestor de marketing pode usar esta fórmula?
O primeiro passo é conhecer o segmento onde atua. É difícil fazer isso com um produto como um refrigerante porque o universo de consumidores é muito grande, mas se ele trabalha com um software para escritório de advocacia, por exemplo, ele já tem condições de quantificar. Saber quem são e onde estão os seus consumidores é o que vai determinar a escolha por uma mídia de massa ou segmentada.

Estamos na Era da Permissão. Como podemos fazer uma campanha que vai dar retorno e não arranhará a marca da empresa ao falar com quem não deu permissão?
Essa é uma questão interessante, principalmente nesta fase de e-mail marketing, o que muitos confundem com spam. Uma comunicação indesejada por e-mail ou mala direta é tão prejudicial quanto eu estar com a minha família na sala e passar uma propaganda que explora a sexualidade num momento em que não se quer. No marketing direto isso é mais perceptível porque é, como o nome já diz, direto para uma pessoa. Por isso, a empresa tem que formar a sua própria lista a partir das centrais de atendimento, por meio de promoções e de diversas outras formas, além de ir em empresas sérias que prestam serviço nesta área.

Como você está vendo o marketing no meio digital?
A Internet mudou o setor. De uma forma geral, é um custo menor. O que temos que fugir é da forma errada de se fazer o marketing pela Internet. O spam é altamente prejudicial, basta ver por nós mesmos que não gostamos de receber propagandas que não foram autorizadas. O meio digital ajuda bastante, mas assim como outros, também requer planejamento.

Uma das grandes vantagens do marketing direto é a mensuração. Como o gestor de marketing direto deve trabalhar isso de forma cada vez mais elaborada?
Temos muitas tecnologias que nos ajudam a mensurar os resultados. Um bom sistema de CRM tem diversos recursos que permite um controle maior dos retornos. O que acontece é que o índice de subjetividade dentro do marketing é alto em todas as esferas, mas o marketing direto tem o mito do retorno sobre mensagem enviada. Só que o marketing direto é uma comunicação como qualquer outra, que também trabalha a marca e tem efeitos de curto, médio e longo prazo.

A definição de que o marketing direto dá respostas imediatas e mensuráveis deixou o mito de que tudo é mensurado de forma imediata, mas ele também tem resultados de médio e longo prazo. Agora, o resultado no final é visto no gráfico de vendas. Inevitavelmente vamos terminar lá, não tem outra forma de visualizar o resultado. É o que conta no final de tudo, embora possa se fazer outras medições, que controla cada ação para saber o que deu resultado e em que vai se investir no futuro.

Como o gestor de marketing direto pode colocar esta filosofia dentro do planejamento estratégico da empresa?
O projeto tem que ser feito em conjunto com a empresa. Tudo é decidido em conjunto. Deve-se olhar a orientação estratégica da empresa, o que ela projeta para o futuro e como o marketing direto pode contribuir. Ele tem que enxergar o todo, conhecer a empresa e alocar os esforços no que será bom para a empresa, juntamente com os demais profissionais.

Quais são os pré-requisitos para um gestor de marketing direto de sucesso?
O primeiro ponto é a pró-atividade, essa vontade de conhecer a empresa, o mercado, de que forma o produto está posicionado, como ele atende os consumidores, ter criatividade e uma especialização na área de marketing. Esses são critérios básicos, mas é preciso ser empreendedor e perceber as oportunidades. E, principalmente, interpretar números.

Quais desafios os profissionais de marketing direto terão pela frente e o que devem fazer para suplantar estas barreiras?
Desafios, em todas as áreas têm bastante. No marketing direto, o desafio é utilizar cada vez mais a Internet como meio de interação com o cliente e tornar isso efetivo. Tem também a chegada da TV Digital, mas que ninguém sabe o que vai acontecer. O grande desafio será a efetivação da interatividade, como atrair o cliente, personalizar o atendimento e como tornar o relacionamento mais efetivo.


Fonte: Por Bruno Mello, in www.mundodomarketing.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç