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Quem realmente manda na sua empresa?

"Este é o momento de fazer um exercício crítico sobre o papel de um líder na sociedade atual." A frase foi dita por Antonio Garrigues, presidente da Garrigues, aos participantes da primeira sessão do fórum "Pensar sobre a liderança", organizado pela Esade. O advogado e conselheiro de várias empresas espanholas assegura que "existem sintomas inequívocos de que o conceito de liderança mudou". Embora os modelos ditatoriais continuem prevalecendo em algumas partes do mundo, nos países democráticos se questiona se o papel de um líder continua necessário no momento.

Na opinião de Garrigues, "não pode existir uma organização que não precise de liderança", principalmente, no momento atual, quando a globalização e os avanços tecnológicos e científicos estão delineando um cenário onde cada vez se torna mais complexo interagir. Outra coisa é ver como se exerce essa liderança. Em princípio, Garrigues defende a idéia de que em qualquer empresa deve ficar claro "quem manda" em todo momento. Entretanto, é preciso se distanciar de pensamentos equivocados de que uma mesma pessoa se mantenha no poder de modo vitalício ou por muito tempo.

A agilidade de uma empresa para se adaptar a novas mudanças depende do ritmo de renovação de liderança nas companhias. Nos Estados Unidos, os presidentes ou principais executivos não costumam superar os cinco anos de mandato, ao contrário do que acontece em muitos países europeus como a Espanha.

Essa tendência de abreviar o tempo de mandato pode se converter em uma faca de dois gumes. Os líderes que sabem que podem ser afastados de seus cargos a qualquer momento, e não dispõem de imunidade vitalícia, podem hesitar em tomar as decisões necessárias por medo de errar e perder seu cargo.

No outro lado da moeda, figuram os que se arriscam a supervisionar uma mudança e dão tudo de si para gerir da melhor forma possível, a fim de conservar o poder pelo tempo que for possível. Na opinião de Carlos Losada, diretor geral da Esade, "nem todos os líderes nos levam a uma melhor situação", mas a realidade é que as mudanças são necessárias.

Apesar das diferenças próprias de cada pessoa, um líder deve estar sempre um passo adiante, pois a equipe não pode ficar esperando por ele. Também se espera dele firmeza ética, própria de quem comanda. Para Garrigues, a figura do presidente corrupto freia o crescimento econômico. Para ser líder é preciso ser otimista, pois é impossível evoluir se pensamos que as coisas não podem mudar.

Outro requisito imprescindível é ter uma mente global e se preocupar com tudo o que acontece no mundo. Mas o que importa a um artesão que fabrica castanholas saber o que acontece na China? Talvez seu negócio melhorasse se cerca de 80% das castanholas vendidas na Espanha não fossem fabricadas no gigante asiático.

Conclusão: "A liderança é válida sempre que serve para se adaptar às mudanças", já que se trata de algo meramente instrumental, segundo disse Losada. Na sua opinião, um líder precisa dar sentido ao trabalho realizado por cada pessoa, além de criar um sentimento de grupo. Para Losada "um líder é criado", embora reconheça que existam fatores inatos que influenciam. Tudo depende do contexto. Garrigues já é mais cético e considera que "existem líderes naturais que se sobressaem", mas nem todos estão preparados para assumir o controle, e isso nos leva a perguntar: Será que todo mundo quer ser líder?


Fonte: Por Sergio Saiz/Expasión, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9

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