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Comportamento também leva à demissão

O que parecia apenas uma percepção dos profissionais de recursos humanos, agora já pode ser provado de forma mais objetiva: além de motivos relacionados à falta de competência e de resultados, questões comportamentais também estão entre os principais fatores para a demissão de executivos. A conclusão é da pesquisa "A Contratação, a Demissão e a Carreira dos Executivos Brasileiros", realizada pelo Grupo Catho, junto a 12.122 profissionais de empresas privadas de todo o Brasil.
Conforme o levantamento, produzido em 2007, a falta de resultados (19,24%) e a incompetência técnica (13,6%) são as principais causas de dispensa de executivos. Depois deles, surgem motivos comportamentais, como a falta de relacionamento com o grupo de trabalho (13,34%), a falta de dinamismo (10,49%) e a pouca capacidade de supervisionar pessoas (9,64%). Tais aspectos foram os cinco mais lembrados no quadro geral que compila as três principais razões de demissão apontadas pelos executivos de RH consultados na pesquisa.

O estopim
Considerando apenas o principal motivo de dispensa mencionado pelos entrevistados, surge uma surpresa: a falta de honestidade é a terceira razão mais lembrada, com 12,49% do total. Conforme a pesquisa, as duas questões primordiais para o desligamento de um executivo são a não-obtenção de resultados (21,61%) e a incompetência técnica (18,4%).

Na comparação com as edições anteriores do estudo (elaboradas nos anos de 2005, 2003, 2002 e 1997), aspectos como a falta de resultados, a pouca capacidade de supervisão, a falta de dinamismo e até a eliminação dos cargos ganharam maior relevância como o principal fator de demissão. Já a incompetência técnica e a desonestidade dos executivos foram mencionadas em menor escala que nas pesquisas anteriores.

A falta de resultados, inclusive, assumiu o primeiro lugar entre as causas determinantes de demissão, com 21,61% do total. Em 2005, a incompetência técnica havia sido apontada como o principal motivo de dispensa (21,25%, contra 20,5% da falta de resultados).

Cabeças que rolam
O estudo aponta que o presidente é um dos cargos mais afetados pela falta de resultados em uma companhia. Segundo o estudo, 14,75% das dispensas dos principais executivos de uma empresa se dão justamente em função do não-alcance das metas estabelecidas. Entre os presidentes, a incapacidade de supervisionar pessoas, também com 14,75% dos casos, é outro grande motivo de demissão.

Já entre os vice-presidentes, a principal causa de dispensa é a incapacidade técnica (22,22% dos casos). Entre os segundos mandatários também foi apontada como causa de desligamento a falta de relacionamento com os colegas de escritório (16,67% dos casos).

Este item, aliás, aparece na pesquisa como a segunda maior causa de desligamento de diretores (13,17%), gerentes (13,12%), supervisores (14,57) e profissionais especializados (13,57%). Entre todos estes cargos, o principal fator para a dispensa de executivos é a não-obtenção dos resultados esperados pela companhia.

Hora da mudança
Na média geral dos pesquisados - neste caso, incluindo de estagiários a executivos -, os profissionais demitidos ficaram de seis meses a dois anos nos cargos (47,19% do total). Quase um quinto dos dispensados (19,14%) permaneceram entre dois e três anos em seus postos, antes de deixarem as empresas.

Já os profissionais que permaneceram entre três e cinco anos somaram 13,28% do total pesquisado. Os que ficaram de cinco a dez anos, por sua vez, chegaram a 7,76% do total. Apenas 2,6% dos demitidos estavam nos postos havia mais de dez anos. Por outro lado, 10,03% dos profissionais desligados ficaram nos cargos por menos de seis meses.

A pesquisa também mostrou que os presidentes não têm grande longevidade nas empresas. Grande parte dos presidentes demitidos esteve no cargo entre dois e cinco anos (43,48%). Entre os diretores, quase um terço (29,45%) ficou em seus postos de dois a três anos. Os períodos mais comuns de permanência dos gerentes em seus cargos foram breves: de dois a três anos (23,35%) e de um a dois anos (21,93%).


Fonte: Por Marcelo Monteiro, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9

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