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Avanço da Jandaia depende de saber como lidar com uma concorrência

Quando a Sucos Jandaia surgiu, em 1941, no interior do Ceará, sua principal atividade era transformar a polpa do caju colhido na região em suco concentrado. No ano passado, mais de seis décadas depois, a empresa de Pacajus, a 48 quilômetros de Fortaleza, faturou mais de 100 milhões de reais com uma linha de produtos que vai de sucos prontos para beber a chás e bebidas à base de soja, que chegam ao consumidor diretamente nas gôndolas dos supermercados. Manter a Jandaia, ainda hoje uma empresa familiar, no rumo do crescimento num setor cada vez mais disputado como o de bebidas prontas é o grande desafio da quarta geração dos Figueiredo, que começa a tomar a frente dos negócios. "Estamos numa situação que exige competitividade. Como a qualidade dos produtos de todo mundo está mais ou menos parecida, a Jandaia precisa ser muito boa na prateleira", afirma Luís Eduardo Figueiredo, de 34 anos, diretor comercial da Jandaia. Seu irmão, Eugênio Figueiredo, de 28 anos, também participa da administração como diretor financeiro. A presidência é ocupada pelo pai deles, Cláudio Figueiredo, de 68 anos.

O que a Jandaia tem pela frente é um tipo de desafio que pode ser comum a muitas pequenas e médias empresas -- após anos de estrada na liderança de seus mercados regionais, necessitam conquistar novas áreas para continuar crescendo. O que torna o caminho da empresa cearense especialmente difícil é que, ao mesmo tempo que pretende chegar a mais consumidores, precisa defender seu território num setor cada vez mais disputado. A sede das grandes marcas no mercado de bebidas parece insaciável. A Coca-Cola, por exemplo, que detém a marca de sucos Kapo, adquiriu em 2005 a fabricante Mais e agora aguarda a aprovação do governo para a compra da mexicana Del Valle.

Para isso, a Jandaia tem investido em novos produtos -- como o suco Pollifrutti, que mistura sete sabores, e o chá verde de gengibre e mel. Também faz parte de sua estratégia ocupar espaço entre os consumidores de menor poder aquisitivo. Nos últimos dois anos, a Jandaia apostou em sua segunda marca, a Flamingo, que tem preços 5% menores que na linha principal. Ao mesmo tempo, a empresa tenta aumentar sua participação nas regiões Sul e Sudeste. Recentemente, os Figueiredo montaram um escritório comercial para a prospecção de novos clientes no Sul. No ano passado, foi firmado um contrato de distribuição na região com a rede Sonae/Wal-Mart.


Além do suco
A estratégia da Jandaia para se expandir
1 - Lançar novidades
Foram criados produtos que não são apenas de frutas — como o Pollifrutti, que mistura sete sabores, e o chá verde com gengibre e mel

2 - Conquistar a baixa renda
Desde 2005 a empresa opera também com uma segunda marca, a Flamingo, com preços 5% mais baixos que os cobrados na linha tradicional

3 - Avançar em outras regiões
A Jandaia já é forte no Norte e no Nordeste. Para crescer na Região Sul, recentemente foi feito um contrato de distribuição com a rede varejista Sonae/Wal-Mart


Com uma marca reconhecida num setor tão agitado, a Jandaia é alvo de cobiça das companhias maiores. Segundo um recente relatório feito pela consultoria Euromonitor, a empresa da família Figueiredo tem se destacado como uma das marcas que mais cresceram em competitividade em seu mercado e conta com o acesso fácil às matérias-primas regionais, como caju e manga. "Já fomos sondados por empresas que queriam comprar a Jandaia, mas nunca tivemos interesse em nos desfazer do negócio", diz Luís Eduardo. Segundo ele, a família está do lado comprador. A intenção é adquirir alguma empresa no Sudeste até 2011 para ter mais presença na região. Apesar de uma trajetória bem-sucedida até agora, a empresa ainda tem participação discreta no mercado nacional. Saem das máquinas da Jandaia menos de 2% do suco consumido no Brasil. De acordo com Marcel Motta, analista sênior da Euromonitor, uma forma de obter fôlego para expandir seria abrir o capital na bolsa. "Não descartamos essa hipótese", diz Luís Eduardo. "Mas ainda não fizemos planos para isso."


Fonte: Por Amanda Queirós, in portalexame.abril.com.br/revista/pme

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