Por conta do aumento da preocupação com a sustentabilidade não só do planeta, mas das organizações, as instituições passaram a colocar na balança aspectos econômicos, ambientais e sociais antes de conceder o crédito. Isso vale tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas. Há bancos que só concedem crédito às empresas que não tem nenhum passivo ambiental ou que se comprometem a eliminá-lo num determinado prazo de tempo. Nesse modelo, sai ganhando não só quem recebe o crédito, mas toda a sociedade e também o meio ambiente.
“Sustentabilidade é matriz de propósito e não verniz para uma empresa. A partir da sustentabilidade se constrói valor para a sociedade”, afirmou Domeneghetti, sócio da E-Consulting, ao abrir o painel “Concessão de crédito sob a ótica da sustentabilidade” realizado na tarde do primeiro dia do Congresso Consumidor Moderno de Crédito e Cobrança (CCMCC).
Para o executivo, o momento atual de consumo ainda não tem incluso a sustentabilidade no processo de escolha do consumidor. “Estamos numa época de consumismo independente do papel da empresa, mas no futuro a sustentabilidade fará parte do processo, indo da porta da empresa para fora. Até porque hoje, muitas companhias já a incorporam da porta para dentro”, colocou.
Valdir Ferraz, superintendente do setor público SP do Banco Real, trouxe cases da instituição, que adotou a sustentabilidade na missão, na visão e no modelo de negócio.
Segundo o executivo, os bancos atuam para rentabilizar a poupança do cliente, financiar o consumo e o investimento, e viabilizar pagamentos e recebimentos. “No fim do dia se busca o lucro, mas não a qualquer preço”, comentou. “A sociedade mudou, está mais bem informada e consciente de suas obrigações e passou a cobrar rigorosamente a responsabilidade social”, completou.
A famosa “lei de Gerson”, de levar vantagem em tudo, passou a ser questionada, as crianças cobram os pais diante do consumo excessivo de água e a sociedade encontra meios para reclamar e se fazer ouvir. “A sociedade exige posturas diferentes. Por isso, que o banco quis ser diferente. Pensamos, então, em construir um novo banco para uma nova sociedade e a sustentabilidade tinha que estar na estratégia do negócio”, contou.
O modelo adotado, de acordo com Ferraz, traz ganho tanto para o cliente, quanto para o banco e para o ambiente. “Somos co-responsáveis pelo modo como os clientes usam o dinheiro?”, perguntou. “Sim, desde sua origem até sua saída da empresa, via empréstimo”, respondeu.
Em outras palavras, se o crédito era concedido a empresas poluentes e elas não eram cobradas por tal postura, hoje a análise para a concessão desse produto é feita dentro da ótica sócio-ambiental, alinhada com a visão e a missão do Banco Real.
Nesse processo, sete mil companhias já passaram pela análise de risco sócio-ambiental e mais de três mil profissionais, entre gerentes e analistas, foram treinados. “Também perdemos 48 empresas clientes, porque tinham passivos ambientais e não havia intenção de se adequar à política sócio-ambiental”, contou Ferraz. “Em contrapartida, temos o caso de uma organização, a Curtume Touro, que fica no interior de São Paulo, que nos elogiou por nossa postura. Afinal, ela poderia ter tomado crédito em qualquer lugar sem questionamentos e preocupações ambientais”, completou.
Num outro caso, a Nutriz, empresa de Lagoa Vermelha (RS), procurou o Banco Real por conta de uma linha de crédito específica para reuso de água. “O problema dela era o alto consumo de água e com o reuso, a companhia ganhou competitividade em seus preços e aumentou sua produtividade em 35%”, exemplificou.
A ferramenta de avaliação de risco sócio-ambiental levou à criação de vários produtos, entre elas uma linha específica para o uso do gás como combustível e para o uso de energia solar.
Outra atividade é o Real Microcrédito, que financia comunidades de baixa renda. “É um micro empréstimo para quem tem dificuldade de acessar crédito na rede tradicional. Por exemplo, um pequeno borracheiro que precisa de um compressor. Essa linha nasceu para ampará-lo e existe desde 2002”, disse Ferraz. “Não é assistencialismo ou filantropia. Queremos dar condição para negócios sustentáveis, com igualdade de condições para as pequenas e médias empresas”, completou Ferraz.
“Dinheiro é tudo igual?”, o executivo perguntou à platéia. “O que você faz com ele é que pode fazer a diferença”, respondeu.
Fonte: Por Tatiana Alcalde, in www.consumidormoderno.com.br/
“Sustentabilidade é matriz de propósito e não verniz para uma empresa. A partir da sustentabilidade se constrói valor para a sociedade”, afirmou Domeneghetti, sócio da E-Consulting, ao abrir o painel “Concessão de crédito sob a ótica da sustentabilidade” realizado na tarde do primeiro dia do Congresso Consumidor Moderno de Crédito e Cobrança (CCMCC).
Para o executivo, o momento atual de consumo ainda não tem incluso a sustentabilidade no processo de escolha do consumidor. “Estamos numa época de consumismo independente do papel da empresa, mas no futuro a sustentabilidade fará parte do processo, indo da porta da empresa para fora. Até porque hoje, muitas companhias já a incorporam da porta para dentro”, colocou.
Valdir Ferraz, superintendente do setor público SP do Banco Real, trouxe cases da instituição, que adotou a sustentabilidade na missão, na visão e no modelo de negócio.
Segundo o executivo, os bancos atuam para rentabilizar a poupança do cliente, financiar o consumo e o investimento, e viabilizar pagamentos e recebimentos. “No fim do dia se busca o lucro, mas não a qualquer preço”, comentou. “A sociedade mudou, está mais bem informada e consciente de suas obrigações e passou a cobrar rigorosamente a responsabilidade social”, completou.
A famosa “lei de Gerson”, de levar vantagem em tudo, passou a ser questionada, as crianças cobram os pais diante do consumo excessivo de água e a sociedade encontra meios para reclamar e se fazer ouvir. “A sociedade exige posturas diferentes. Por isso, que o banco quis ser diferente. Pensamos, então, em construir um novo banco para uma nova sociedade e a sustentabilidade tinha que estar na estratégia do negócio”, contou.
O modelo adotado, de acordo com Ferraz, traz ganho tanto para o cliente, quanto para o banco e para o ambiente. “Somos co-responsáveis pelo modo como os clientes usam o dinheiro?”, perguntou. “Sim, desde sua origem até sua saída da empresa, via empréstimo”, respondeu.
Em outras palavras, se o crédito era concedido a empresas poluentes e elas não eram cobradas por tal postura, hoje a análise para a concessão desse produto é feita dentro da ótica sócio-ambiental, alinhada com a visão e a missão do Banco Real.
Nesse processo, sete mil companhias já passaram pela análise de risco sócio-ambiental e mais de três mil profissionais, entre gerentes e analistas, foram treinados. “Também perdemos 48 empresas clientes, porque tinham passivos ambientais e não havia intenção de se adequar à política sócio-ambiental”, contou Ferraz. “Em contrapartida, temos o caso de uma organização, a Curtume Touro, que fica no interior de São Paulo, que nos elogiou por nossa postura. Afinal, ela poderia ter tomado crédito em qualquer lugar sem questionamentos e preocupações ambientais”, completou.
Num outro caso, a Nutriz, empresa de Lagoa Vermelha (RS), procurou o Banco Real por conta de uma linha de crédito específica para reuso de água. “O problema dela era o alto consumo de água e com o reuso, a companhia ganhou competitividade em seus preços e aumentou sua produtividade em 35%”, exemplificou.
A ferramenta de avaliação de risco sócio-ambiental levou à criação de vários produtos, entre elas uma linha específica para o uso do gás como combustível e para o uso de energia solar.
Outra atividade é o Real Microcrédito, que financia comunidades de baixa renda. “É um micro empréstimo para quem tem dificuldade de acessar crédito na rede tradicional. Por exemplo, um pequeno borracheiro que precisa de um compressor. Essa linha nasceu para ampará-lo e existe desde 2002”, disse Ferraz. “Não é assistencialismo ou filantropia. Queremos dar condição para negócios sustentáveis, com igualdade de condições para as pequenas e médias empresas”, completou Ferraz.
“Dinheiro é tudo igual?”, o executivo perguntou à platéia. “O que você faz com ele é que pode fazer a diferença”, respondeu.
Fonte: Por Tatiana Alcalde, in www.consumidormoderno.com.br/
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