Propagandas, quadros de avisos, declarações de missões, de valores e de propósitos são célebres em descrever ambientes de trabalho cooperativos, estimulantes, desafiadores, agradáveis e baseados na valorização humana. Não falta literatura sobre o tema e dificilmente eu me debruçaria sobre mais um manual de como criar um ambiente criativo, vencedor ou coisa parecida. Surpreendentemente encontrei em um thriller psicológico uma ótima trama sobre a linha tênue que separa a bonança da tempestade no trabalho.
A história acontece em um escritório na Dinamarca (com quatro funcionárias e um chefe), um centro de divulgação de informações sobre genocídios. Um e-mail ameaçador a uma das funcionárias faz a aparente calmaria mudar radicalmente. As protagonistas envolvem-se em um clima de desconfiança do tipo eu penso que ela pensa que eu penso, descambando para um ambiente onde uma é contra todas, todas contra uma. As pequenas coisas do dia-a-dia transformam-se em motivo de insatisfação e desconfiança. Uma dupla falando ao pé do ouvido, outra conversando de portas fechadas, olhares, murmúrios ao telefone, evocação de problemas já superados, enfim, coisas que acontecem em qualquer empresa fazem do escritório, aparentemente tranqüilo, um lugar "caliente". Cabe um questionamento: sabemos o que ocorre nos bastidores de nossa empresa? Há processos de fritura em andamento ou não?
Pode-se argumentar que há quem prefira colocar um contra o outro, em nome da produtividade, numa corrida pela sobrevivência corporativa. Acontece que mexer com sentimentos de grupo, incluir e/ou excluir pessoas e reduzir quem quer que seja à insignificância é brincadeira perigosa, como alertam estudos sobre a psicologia do mal. Este é mais um ponto interessante no livro. À medida que a trama se desenvolve um personagem começa a pesquisar a maldade humana. Discute-se se é fruto da obediência à autoridade, da inclusão, desejo de inclusão ou estratégia para galgar posições, e passa pela descrição de estudos científicos como o famoso "Stanford Prison Experiment". Quem se interessa pelas origens de moralidade e imoralidade tem nestas reflexões uma bela introdução.
A Exceção é uma ficção muito próxima à realidade que vivemos. Talvez seja um alerta, um aviso de que coisas incríveis acontecem onde animais humanos trabalham.
Fonte: Por Leonardo Vils, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pag. 9
A história acontece em um escritório na Dinamarca (com quatro funcionárias e um chefe), um centro de divulgação de informações sobre genocídios. Um e-mail ameaçador a uma das funcionárias faz a aparente calmaria mudar radicalmente. As protagonistas envolvem-se em um clima de desconfiança do tipo eu penso que ela pensa que eu penso, descambando para um ambiente onde uma é contra todas, todas contra uma. As pequenas coisas do dia-a-dia transformam-se em motivo de insatisfação e desconfiança. Uma dupla falando ao pé do ouvido, outra conversando de portas fechadas, olhares, murmúrios ao telefone, evocação de problemas já superados, enfim, coisas que acontecem em qualquer empresa fazem do escritório, aparentemente tranqüilo, um lugar "caliente". Cabe um questionamento: sabemos o que ocorre nos bastidores de nossa empresa? Há processos de fritura em andamento ou não?
Pode-se argumentar que há quem prefira colocar um contra o outro, em nome da produtividade, numa corrida pela sobrevivência corporativa. Acontece que mexer com sentimentos de grupo, incluir e/ou excluir pessoas e reduzir quem quer que seja à insignificância é brincadeira perigosa, como alertam estudos sobre a psicologia do mal. Este é mais um ponto interessante no livro. À medida que a trama se desenvolve um personagem começa a pesquisar a maldade humana. Discute-se se é fruto da obediência à autoridade, da inclusão, desejo de inclusão ou estratégia para galgar posições, e passa pela descrição de estudos científicos como o famoso "Stanford Prison Experiment". Quem se interessa pelas origens de moralidade e imoralidade tem nestas reflexões uma bela introdução.
A Exceção é uma ficção muito próxima à realidade que vivemos. Talvez seja um alerta, um aviso de que coisas incríveis acontecem onde animais humanos trabalham.
Fonte: Por Leonardo Vils, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pag. 9
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