Pular para o conteúdo principal

Convergência e baboseiras no jornalismo

O jornalista Ethevaldo Siqueira começa seu artigo, “Entre o jornal do futuro e o futuro do jornal”, mostrando o que, no mínimo, intuímos: a circulação dos jornais tradicionais vem perdendo leitores ao longo dos últimos 20 anos. As pessoas mudaram de hábitos e hoje preferem ler as notícias pela internet. As informações chegam mais rápido e acabarão sufocando a velha mídia, caso ela não mude seu perfil e ganhe em análise, já que em velocidade fica impossível competir com os meios virtuais.

Ele conta que algumas opiniões sobre o futuro dos jornais impressos foram debatidas no NAB Show, em Las Vegas, que reuniu especialistas em comunicações e tecnologias digitais, de forma livre “sem qualquer pretensão científica”, conta ele. E a idéia básica era apenas “quebrar um tabu”: a mídia nunca discute a si mesma, seus limites e seu futuro. E parece que conseguiram.

Uma das previsões mais interessantes mostra como deverá ser o jornal de 2020, o “jornal virtual do futuro”. Mais do que mostrar a cara desse novo jornal, as discussões mostraram o caminho que ele deve percorrer para sobreviver aos desafios que já se impõem. Até 2020, os jornais deverão “ter consolidado sete mudanças fundamentais”, aponta Ethevaldo:

1) passar de produto físico a virtual;
2) evoluir de conteúdo noticioso para o de análise, reflexão e discussão de grandes temas;
3) concentrar-se mais na defesa de valores éticos e sociais do que de posições político-ideológicas;
4) elevar sempre os padrões de qualidade de todos os conteúdos;
5) evoluir de modelo de negócio baseado na publicidade tradicional, para um novo tipo de publicidade, no estilo Google;
6) estimular a participação do leitor, como faz o Wikipédia;
7) estar disponível em qualquer laptop, celular, iPod e outros dispositivos portáteis.

Chamou também minha atenção, o comentário que ele faz ao final do artigo sobre o item 6 das sete tarefas que os jornais têm que cumprir para chegar a ver 2020. Li Alvin Toffler e gosto de sua teoria sobre o novo tipo de consumidor que já surgiu e exige mais atenção por parte das empresas e de suas táticas de comunicação: o “prossumidor”, uma mistura de cidadão que produz conteúdos e os consome ao mesmo tempo. Já falamos antes sobre os prossumidores e sempre que posso procuro chamar a atenção de meus clientes e estudantes de comunicação sobre eles.

Mas o Ethevaldo traduz numa frase o longo caminho que temos que percorrer para que os prossumidores aprendam a desempenhar bem seu papel de produtores de conteúdo e informação, para que os jornais possam, em 2020, atuar como vetores analíticos da sociedade com a ajuda de seus leitores e consumidores. Diz o jornalista: “Quando leio a massa de bobagens e agressões gratuitas contida na maioria dos comentários postados em sites de relacionamento, fico mais cético com relação aos resultados práticos da interatividade que os novos meios começam a proporcionar ao grande público”. E ele adverte que “pelo menos no início, a interatividade dos jornais do futuro, pode representar um retrocesso”.


Fonte: Por Yara Peres - sócia e vice-presidente do Grupo CDN, in www.blogdayara.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç