Que características um homem de negócios deve cultivar para ser bem-sucedido? Primeiro, é preciso saber saborear o sucesso. E não falo só de celebrar cada conquista. É importante entender o que cada uma delas representa, identificar as lições que tem a ensinar. Mas, para ser um verdadeiro líder, generosidade de espírito é fundamental. Um CEO tem de dar espaço para sua equipe brilhar. Sua capacidade de ouvir será determinante para o seu sucesso e para o crescimento das pessoas sob sua gestão. Quanto mais ele for movido pelo prazer de promover gente, de ver sua equipe crescer e se desenvolver, melhor líder ele será. Também é preciso ponderar o real valor dos ganhos de curto prazo. Eles nem sempre representam a melhor opção.
Em artigo recente, o senhor disse que deveríamos rever nossas expectativas em relação ao papel dos conselheiros de administração. Por quê? Não acho que os conselheiros sejam responsáveis pelos erros cometidos por executivos. Foram decisões do dia-a-dia que levaram ao colapso dos bancos e de outras empresas do setor financeiro. Essas decisões não fazem parte da alçada do conselho. É preciso ajustar a percepção do que um conselheiro pode ou não pode fazer. Seu papel é mais estratégico do que operacional. Precisamos todos cair na real: o presidente do conselho é quase sempre o principal executivo de uma outra companhia. Isso faz dele um sujeito muito ocupado, com uma série de outras prioridades, e que só dispõe de no máximo um ou dois dias por mês para se dedicar às atividades de conselheiro. Com isso, ele jamais será capaz de controlar minúcias, questionar detalhes desta ou daquela decisão. O trabalho do conselho é contratar e demitir o CEO, garantir que ele entenda a sua missão e desafiar as estratégias que desenha para dar conta dessa missão.
Os Estados Unidos estão perdendo sua capacidade de inovar para países como a China e a Índia? Eu não compro essa história. Em que país foram criados o Google, a Apple, a Microsoft? Quantas empresas, produtos ou serviços inovadores nascidos fora dos Estados Unidos efetivamente chegam ao mercado? Na China, por exemplo, a cultura que predomina nas empresas é a de seguir o líder. São as regras do chefe que valem e, portanto, se alguma nova ideia surge, ela fatalmente será a ideia do chefe. Nós fazemos coisas aqui que os chineses não estão fazendo.
Fala-se muito a respeito de como o poder e a liderança são solitários. Como o senhor lidou com isso ao longo de sua carreira? A solidão do líder é um mito. Quando fui CEO da GE, tinha vários amigos. Mantive os que já tinha e fiz tantos outros. Quando penso em outros presidentes de empresas e nos CEOs que conheci ao longo de minha carreira, vejo a mesma coisa. Eles têm amigos e, na hora de tomar decisões difíceis, têm a companhia e o apoio de suas equipes. Essa história de líder solitário, em minha opinião, é conversa.
Além de amigos e equipes, líderes costumam ter mentores. O senhor pode nos contar quem foram os seus? Ter um mentor é uma ideia estúpida. Ninguém deveria buscar um único mentor. Por que se restringir a um só exemplo num mundo repleto de gente brilhante? Devemos enxergar em toda pessoa um professor. Todo mundo tem algo a ensinar, basta observar as pessoas. Leia muito – e não falo só do Wall Street Journal. Selecione as melhores ideias e adapte-as ao seu estilo. Sentir-se confortável consigo mesmo é mais importante do que ter um ídolo ou um mentor. Acredite: não há nada mais importante do que se sentir bem com a própria personalidade, com quem você realmente é.
O que recomendaria a Barack Obama nos 100 primeiros dias de mandato? Acho que ele já começou muito bem. O presidente Obama reuniu um grupo de grandes estrelas e seu desafio será colocá-las para trabalhar como uma só equipe, que irá agir em uníssono para tirar o país do abismo econômico em que caiu. Na política e nos negócios, as coisas costumam funcionar como nos esportes: o time que atrai os grandes jogadores é aquele que geralmente ganha o campeonato. Para isso, o novo presidente deve aproveitar todas as oportunidades possíveis de liderar pelo exemplo.
Se o senhor soubesse quando era jovem o que sabe hoje, o que teria feito diferente? Puxa, eu poderia fazer uma longa lista... Mas, falando genericamente, eu obedeceria mais aos meus instintos e tomaria decisões mais rápidas e intuitivas. Eu não hesitaria diante de certas situações só por medo de estar errado. Eu agiria mais rapidamente e não teria medo de “quebrar algumas vidraças”. É isso, eu certamente investiria mais na minha habilidade de agir no tempo certo, confiando nos meus instintos.
Fonte: Por Camila Hessel, de Miami, in epocanegocios.globo.com
Em artigo recente, o senhor disse que deveríamos rever nossas expectativas em relação ao papel dos conselheiros de administração. Por quê? Não acho que os conselheiros sejam responsáveis pelos erros cometidos por executivos. Foram decisões do dia-a-dia que levaram ao colapso dos bancos e de outras empresas do setor financeiro. Essas decisões não fazem parte da alçada do conselho. É preciso ajustar a percepção do que um conselheiro pode ou não pode fazer. Seu papel é mais estratégico do que operacional. Precisamos todos cair na real: o presidente do conselho é quase sempre o principal executivo de uma outra companhia. Isso faz dele um sujeito muito ocupado, com uma série de outras prioridades, e que só dispõe de no máximo um ou dois dias por mês para se dedicar às atividades de conselheiro. Com isso, ele jamais será capaz de controlar minúcias, questionar detalhes desta ou daquela decisão. O trabalho do conselho é contratar e demitir o CEO, garantir que ele entenda a sua missão e desafiar as estratégias que desenha para dar conta dessa missão.
Os Estados Unidos estão perdendo sua capacidade de inovar para países como a China e a Índia? Eu não compro essa história. Em que país foram criados o Google, a Apple, a Microsoft? Quantas empresas, produtos ou serviços inovadores nascidos fora dos Estados Unidos efetivamente chegam ao mercado? Na China, por exemplo, a cultura que predomina nas empresas é a de seguir o líder. São as regras do chefe que valem e, portanto, se alguma nova ideia surge, ela fatalmente será a ideia do chefe. Nós fazemos coisas aqui que os chineses não estão fazendo.
Fala-se muito a respeito de como o poder e a liderança são solitários. Como o senhor lidou com isso ao longo de sua carreira? A solidão do líder é um mito. Quando fui CEO da GE, tinha vários amigos. Mantive os que já tinha e fiz tantos outros. Quando penso em outros presidentes de empresas e nos CEOs que conheci ao longo de minha carreira, vejo a mesma coisa. Eles têm amigos e, na hora de tomar decisões difíceis, têm a companhia e o apoio de suas equipes. Essa história de líder solitário, em minha opinião, é conversa.
Além de amigos e equipes, líderes costumam ter mentores. O senhor pode nos contar quem foram os seus? Ter um mentor é uma ideia estúpida. Ninguém deveria buscar um único mentor. Por que se restringir a um só exemplo num mundo repleto de gente brilhante? Devemos enxergar em toda pessoa um professor. Todo mundo tem algo a ensinar, basta observar as pessoas. Leia muito – e não falo só do Wall Street Journal. Selecione as melhores ideias e adapte-as ao seu estilo. Sentir-se confortável consigo mesmo é mais importante do que ter um ídolo ou um mentor. Acredite: não há nada mais importante do que se sentir bem com a própria personalidade, com quem você realmente é.
O que recomendaria a Barack Obama nos 100 primeiros dias de mandato? Acho que ele já começou muito bem. O presidente Obama reuniu um grupo de grandes estrelas e seu desafio será colocá-las para trabalhar como uma só equipe, que irá agir em uníssono para tirar o país do abismo econômico em que caiu. Na política e nos negócios, as coisas costumam funcionar como nos esportes: o time que atrai os grandes jogadores é aquele que geralmente ganha o campeonato. Para isso, o novo presidente deve aproveitar todas as oportunidades possíveis de liderar pelo exemplo.
Se o senhor soubesse quando era jovem o que sabe hoje, o que teria feito diferente? Puxa, eu poderia fazer uma longa lista... Mas, falando genericamente, eu obedeceria mais aos meus instintos e tomaria decisões mais rápidas e intuitivas. Eu não hesitaria diante de certas situações só por medo de estar errado. Eu agiria mais rapidamente e não teria medo de “quebrar algumas vidraças”. É isso, eu certamente investiria mais na minha habilidade de agir no tempo certo, confiando nos meus instintos.
Fonte: Por Camila Hessel, de Miami, in epocanegocios.globo.com
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