Pular para o conteúdo principal

Kaplan: Ligando a estratégia à execução

O renomado palestrante, Robert Kaplan, expert na conexão entre estratégia e execução, foi o primeiro palestrante do Fórum Mundial de Lucratividade 2009, que inicia nesta 3ª-feira (24/03), em São Paulo. Ele falou sobre as duas primeiras fases de um sistema eficaz de gestão e sobre como cortar despesas em tempos difíceis.

Kaplan comenta suas pesquisas: “Os executivos dizem que o mais importante é poder executar a estratégia, mas dedicam a maior parte do tempo ao operacional e tático”. Para Kaplan, o Balanced Scorecard (BSC), criado por David Norton e ele, ajuda a evitar essa lacuna. No Brasil, HSBC, Pronto e Gerdau são organizações que tiveram desempenho acima da média com o uso do BSC.

O sistema de gestão eficaz, na visão de Kaplan, é dividido em seis fases. A primeira é a da formulação estratégica, que passa pela reafirmação dos propósitos das organizações (análise da missão, da visão e dos valores), bem como a redefinição das metas. Segundo o palestrante, empresas líderes continuam a definir objetivos ousados: “O mais difícil para um líder é assumir uma empresa bem-sucedida e desafiá-la, como fez Jack Welch. Ele definiu que a GE seria a primeira ou a segunda em todos os setores em que atua.”

O palestrante recomenda que o texto da estratégia seja formulado no formato OVR: Objetivo, Vantagem e Raio de Ação. Utilizando o exemplo da Southwest Airlines, menciona que o objetivo pode ser “permanecer a empresa mais lucrativa sediada nos Estados Unidos”, enquanto que a vantagem “oferecendo a rapidez das viagens aéreas com o preço, a frequência e a confiabilidade de carros, ônibus e trens” traduz como a empresa chegará ao objetivo. Finalmente, o raio de ação localiza o público a ser atingido. No exemplo da companhia aérea, lê-se: “para viajantes preocupados com preço, que valorizam voos convenientes”.

A tradução da estratégia é a segunda etapa do sistema que Kaplan propõe. Nessa fase, devem ser adotados os mapas da estratégia e o BSC. Pelo mapa, a empresa define e comunica o seu foco. Nele, se veem quatro perspectivas fundamentais: a financeira; a da proposição de valor do cliente; a dos processos que criam valor e a do aprendizado e crescimento. O BSC, por sua vez, é uma ferramenta que se baseia na necessidade de medir desempenho em função das prioridades do mapa.

Definindo prioridades e cortes
O especialista sugere que seja feito um cruzamento entre as iniciativas existentes na empresa e os objetivos do BSC. “Há iniciativas que, mesmo com sucesso, não têm impacto sobre nenhuma medida estratégica. Também há objetivos não atrelados a nenhuma iniciativa”, explica. Assim, é possível verificar onde a empresa acerta e onde falha.

A partir daí, é preciso definir os recursos. “Em tempos difíceis, o primeiro instinto do gerente é diminuir os gastos com a estratégia, porque isso não traz consequências no curto prazo”, constata. Mas são essas iniciativas que nos sustentam na crise, para emergirmos mais fortes. São, então, despesas estratégicas. “É importante saber onde cortar, sem sacrificar capacidades futuras”. O sistema de Kaplan fornece uma maneira mais racional de decidir sobre os cortes.


Fonte: HSM Online

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç