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O mercado diante dos novos consumidores digitais

Até pouco tempo, alguns visionários da área de marketing anunciavam que as empresas que não tivessem um site na internet estavam fadadas ao fracasso. Ou melhor, uma empresa sem presença virtual perderia inúmeras oportunidades de negócios e não sobreviveria. Os mais céticos olharam com desconfiança, mas acabaram se rendendo. Afinal, o que era uma novidade há dez anos, virou regra em cinco. Só que hoje este conceito está totalmente ultrapassado. Ter um site não basta. Virou commodity.

As empresas e os executivos precisam, literalmente, estar plugados 24 horas por dia. Além do site - dinâmico e interativo - é preciso conhecer o twitter, o orkut, o facebook, o myspace, o youtube, o linkedin e suas variantes. As redes sociais e os blogs não são mais "passatempo" de adolescentes e ocupam espaço importante no dia-a-dia dos executivos e no budget da área de marketing.

Afinal, com um post em um blog, o consumidor automaticamente se conecta com uma rede invisível de contatos e pode descobrir instantaneamente, e em um clique, todas as informações que um serviço de atendimento ao cliente (SAC) de uma grande empresa demoraria um ou mais dias para fornecer. Ou, pior, um post de reclamação sobre um produto ou serviço pode manchar a reputação de uma empresa. Isto porque a disseminação de conteúdos é instantânea.

O The Wall Street Journal de 8 de janeiro trouxe uma reportagem sobre o novo consumidor da web - o "new info shopper". Segundo pesquisa da Penn, Schoen and Berland Associados, para 78% desses consumidores a publicidade não tem mais toda a informação de que eles precisam. E 92% confiam mais nas informações que buscam na web do que em qualquer outra fonte. Este novo consumidor confia mais no que descobre sozinho e sempre procura informações na web antes de comprar qualquer produto.

Ainda segundo a pesquisa, 85% dos novos consumidores usam a web para tirar dúvidas sobre carros e 81% fazem consultas sobre imóveis. Uma pesquisa da consultoria Deloitte sobre hábitos de consumo de mídia mostra que estes jovens passam mais tempo navegando na web do que assistindo TV. No Brasil, os jovens já gastam 19,3 horas por semana com internet, o dobro do que passam vendo TV.

O consumidor do futuro é aquele que, na definição do especialista em marketing Walter Longo, é um "nativo" no ambiente digital, porque nasceu e cresceu com a web. É a chamada geração do milênio e tem entre 14 e 19 anos. Os nativos da web não são como a maioria dos profissionais que atualmente ocupam cargos executivos em empresas e que, como eu, teve que imigrar para este novo universo, deixando para trás máquinas de escrever, câmeras fotográficas e aparelhos de fax e xerox. Para os nativos, a internet faz parte da rotina.

Em um futuro não muito distante, vai ser corriqueiro perguntar: "O que está passando na internet?" no lugar de "O que está passando na TV?". Diante deste cenário, como fica a publicidade tradicional na TV? Ou, ainda, o que será dos jornais e revistas em papel? Mas a principal pergunta é: o que as empresas estão fazendo para acompanhar estas mudanças?

Aproveitar as oportunidades que o mundo virtual apresenta é um desafio para os homens de venda e marketing. Passado o medo natural do computador e das redes sociais, o novo mundo traz muitas vantagens. O iPhone, por exemplo, é um recurso que veio para ficar. Ele concentra tudo - e-mail, acesso à internet, música, foto, vídeo, jogos, calculadora, agenda - e ainda é telefone. E facilita muito a vida. Outra oportunidade que não pode ser desprezada: vender na web é infinitamente mais barato do que nos formatos tradicionais.

O novo consumidor é digital e não tem como fugir desta realidade. Se você ainda não sabe o que "blogar" e "twittar" significam, "dê um google" para descobrir. E logo, antes que alguém descubra.


Fonte: Por Carlos Alberto Júlio - Presidente da Tecnisa, in Gazeta Mercantil

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