“Alho, coma alho! A onda agora é brócolis, coma brócolis! Peixe, a onda agora é peixe!”, e um ensandecido grupo de consumidores segue de uma orientação à outra, buscando atender os ditames em busca de uma vida mais saudável. A história termina com um tranqüilo e equilibrado consumidor curtindo as qualidades de um delicioso suco de frutas com o qual consegue ao mesmo tempo a saúde e o prazer que tanto procura, sem abrir mão de um ou de outro.
Sei que pode parecer meio despótico citar uma campanha da qual participei em uma coluna escrita por mim, mas decidi fazê-lo por entender ser a melhor ilustração do momento que vivemos. E para fechar estes parênteses, trata-se de um comercial desenvolvido para minha empresa pela TBWA\Lew’Lara para uma de nossas marcas de suco.
O paralelo me vem à cabeça, pois confesso que estou impressionado com a quantidade de pessoas e empresas em busca de receitas mágicas para sobreviver à “crise” ou conviver melhor com ela, e em alguns casos gente que tem até a expectativa de evitá-la, como se isso fosse possível em um mundo tão conectado como o de hoje, onde expectativas boas ou ruins são compartilhadas com centenas de milhões de pessoas em frações de hora. Como os consumidores do comercial, muitos saem desenfreados fazendo aquilo que os gurus de ocasião apontam como ideal, perdem a segurança em tudo aquilo que estão implementando e correm o risco de abandonar seus objetivos de longo prazo em troca de soluções imediatistas. Mas serão duradouras?
Não é menos surpreendente a velocidade com que fóruns, eventos e debates pipocam sempre com promessas como “gerenciando marcas na crise”, “o papel da publicidade na crise”, “o papel da inovação na crise”, apenas para fazer algumas referências.
Muitas vezes bem intencionadas, outras vezes oportunistas, essas iniciativas se baseiam na fragilidade emocional do momento e na falta de posicionamentos e visões estratégicas mais sólidas e de longo prazo por parte de empresas profissionais e marcas. São as famosas receitas de bolo pronto que sempre aparecem quando tanta gente está desorientada, como se houvesse uma saída única que servisse para todos.
É esperado que busquemos alternativas para conviver melhor com um período mais turbulento como este, mas como no caso dos sucos, dá para ser feliz e saudável ao mesmo tempo. Estamos vivendo uma transformação profunda na maneira com que as coisas se organizam, e a palavra crise não reflete a situação de tudo e de todos, pois muitos setores econômicos, muitas empresas e muitos profissionais talvez estejam experimentando suas maiores oportunidades de crescimento e renovação.
No momento atual, parece que ser saudável é a única coisa importante e tem significado manter a empresa rodando, reorganizar custos e estruturas, encontrar maneiras diferentes de fazer coisas que sempre fizemos dentro das zonas de conforto em que facilmente nos acomodamos.
Mas estas mudanças incomodam e diminuem nosso prazer: ficar na zona de conforto é muito mais gostoso, cortar pessoas competentes e próximas muda nossa vontade de ir ao escritório, cancelar aquele projeto, campanha ou evento que planejamos para nossas marcas dá uma frustração enorme e, como no livro Quem Roubou Meu Queijo?, ficamos lutando contra a nova realidade querendo que ela fosse a mesma de antes. Não é assim que a maioria de nós se sente? E será que isso não é legítimo? Somos “homens de negócio”, mas também somos humanos.
Com uma clara visão estratégica dos negócios, com valores e objetivos de longo prazo bem estabelecidos, um posicionamento firme de nossas marcas e produtos, respeito e entendimento dos nossos consumidores, parceiros e colaboradores, e acima de tudo auto-estima para valorizarmos as coisas em que acreditamos, vamos saber evitar o comportamento de manada e encontrar soluções adequadas às realidades específicas de cada um. Teremos que fazer algumas correções de rumo, mas não obrigatoriamente mudar a essência de tudo o que fazemos e assim nos manteremos felizes.
Não deixe de valorizar as pessoas que contribuem com você e com o negócio, elas estão de olho em suas atitudes. Não vá pelo caminho fácil de cancelar planos e investimentos. Encontre alternativas, ajuste o que for necessário, mas acredite no que foi desenhado por você e seu time. Não faça nada por que todos estão fazendo: avalie e analise o que faz sentido para você e sua marca e acredite em seus propósitos e princípios. Não descarte parceiros e fornecedores por imediatismo e facilidade. Renegocie, revise os escopos de trabalho e lembre-se que relações se constroem no longo prazo e a confiança se fortalece nos momentos turbulentos.
Não atribua à crise as demissões que você já deveria ter feito por performance e não fez. Não atribua à crise os atrasos nos projetos que não vão sair por falta de bom planejamento. Isso não é ético com você nem com seu time.
A turbulência vai passar e alguns ovos serão quebrados. Alguns ajustes terão de ser feitos, algumas baixas serão inevitáveis e deveremos encontrar novas maneiras de fazer as coisas que fazemos hoje. O importante é que façamos isso buscando o equilíbrio entre os resultados e as pessoas. Sendo felizes e saudáveis. Ao mesmo tempo. E dá para ser.
Fonte: Por Marcel Sacco - Diretor de Marketing Grupo Schincariol, in www.meioemensagem.com.br
Sei que pode parecer meio despótico citar uma campanha da qual participei em uma coluna escrita por mim, mas decidi fazê-lo por entender ser a melhor ilustração do momento que vivemos. E para fechar estes parênteses, trata-se de um comercial desenvolvido para minha empresa pela TBWA\Lew’Lara para uma de nossas marcas de suco.
O paralelo me vem à cabeça, pois confesso que estou impressionado com a quantidade de pessoas e empresas em busca de receitas mágicas para sobreviver à “crise” ou conviver melhor com ela, e em alguns casos gente que tem até a expectativa de evitá-la, como se isso fosse possível em um mundo tão conectado como o de hoje, onde expectativas boas ou ruins são compartilhadas com centenas de milhões de pessoas em frações de hora. Como os consumidores do comercial, muitos saem desenfreados fazendo aquilo que os gurus de ocasião apontam como ideal, perdem a segurança em tudo aquilo que estão implementando e correm o risco de abandonar seus objetivos de longo prazo em troca de soluções imediatistas. Mas serão duradouras?
Não é menos surpreendente a velocidade com que fóruns, eventos e debates pipocam sempre com promessas como “gerenciando marcas na crise”, “o papel da publicidade na crise”, “o papel da inovação na crise”, apenas para fazer algumas referências.
Muitas vezes bem intencionadas, outras vezes oportunistas, essas iniciativas se baseiam na fragilidade emocional do momento e na falta de posicionamentos e visões estratégicas mais sólidas e de longo prazo por parte de empresas profissionais e marcas. São as famosas receitas de bolo pronto que sempre aparecem quando tanta gente está desorientada, como se houvesse uma saída única que servisse para todos.
É esperado que busquemos alternativas para conviver melhor com um período mais turbulento como este, mas como no caso dos sucos, dá para ser feliz e saudável ao mesmo tempo. Estamos vivendo uma transformação profunda na maneira com que as coisas se organizam, e a palavra crise não reflete a situação de tudo e de todos, pois muitos setores econômicos, muitas empresas e muitos profissionais talvez estejam experimentando suas maiores oportunidades de crescimento e renovação.
No momento atual, parece que ser saudável é a única coisa importante e tem significado manter a empresa rodando, reorganizar custos e estruturas, encontrar maneiras diferentes de fazer coisas que sempre fizemos dentro das zonas de conforto em que facilmente nos acomodamos.
Mas estas mudanças incomodam e diminuem nosso prazer: ficar na zona de conforto é muito mais gostoso, cortar pessoas competentes e próximas muda nossa vontade de ir ao escritório, cancelar aquele projeto, campanha ou evento que planejamos para nossas marcas dá uma frustração enorme e, como no livro Quem Roubou Meu Queijo?, ficamos lutando contra a nova realidade querendo que ela fosse a mesma de antes. Não é assim que a maioria de nós se sente? E será que isso não é legítimo? Somos “homens de negócio”, mas também somos humanos.
Com uma clara visão estratégica dos negócios, com valores e objetivos de longo prazo bem estabelecidos, um posicionamento firme de nossas marcas e produtos, respeito e entendimento dos nossos consumidores, parceiros e colaboradores, e acima de tudo auto-estima para valorizarmos as coisas em que acreditamos, vamos saber evitar o comportamento de manada e encontrar soluções adequadas às realidades específicas de cada um. Teremos que fazer algumas correções de rumo, mas não obrigatoriamente mudar a essência de tudo o que fazemos e assim nos manteremos felizes.
Não deixe de valorizar as pessoas que contribuem com você e com o negócio, elas estão de olho em suas atitudes. Não vá pelo caminho fácil de cancelar planos e investimentos. Encontre alternativas, ajuste o que for necessário, mas acredite no que foi desenhado por você e seu time. Não faça nada por que todos estão fazendo: avalie e analise o que faz sentido para você e sua marca e acredite em seus propósitos e princípios. Não descarte parceiros e fornecedores por imediatismo e facilidade. Renegocie, revise os escopos de trabalho e lembre-se que relações se constroem no longo prazo e a confiança se fortalece nos momentos turbulentos.
Não atribua à crise as demissões que você já deveria ter feito por performance e não fez. Não atribua à crise os atrasos nos projetos que não vão sair por falta de bom planejamento. Isso não é ético com você nem com seu time.
A turbulência vai passar e alguns ovos serão quebrados. Alguns ajustes terão de ser feitos, algumas baixas serão inevitáveis e deveremos encontrar novas maneiras de fazer as coisas que fazemos hoje. O importante é que façamos isso buscando o equilíbrio entre os resultados e as pessoas. Sendo felizes e saudáveis. Ao mesmo tempo. E dá para ser.
Fonte: Por Marcel Sacco - Diretor de Marketing Grupo Schincariol, in www.meioemensagem.com.br
Comentários