Pular para o conteúdo principal

Novo consumidor é menos passivo

O consumidor de hoje é uma espécie de empresa criativa e cada vez mais o mercado deverá estar preparado para confrontar-se com ele." É essa a premissa do novo estudo do sociólogo, jornalista e escritor Francesco Morace, que será apresentado nesta quarta-feira (20), durante o 1º Design Forum Megatendências Consumo Autoral - A evolução dos Targets Geracionais. O seminário, que ocorrerá no Centro da Cultura Judaica em São Paulo, será promovido pelo instituto de pesquisa de tendências e consultoria estratégica Future Concept Lab, de Milão (Itália), do qual Morace é presidente. Na sexta-feira, Morace lançará o livro "Consumo Autoral" (Ed. Estação das Letras) na Livraria Cultura da Avenida Paulista.

No ponto central do seminário e do livro de Morace está o "consumautore" (consumidor autor). "Ele é a figura do futuro", afirma o sociólogo. "Não se trata de um consumidor passivo que se adequa às ofertas, mas de um protagonista em termos criativos." Segundo o escritor, isso que dizer que ele tem capacidade de escolher, interpretar e combinar livremente serviços, produtos, estéticas - o que torna cada vez mais difícil distinguir entre aquilo que ele consome e aquilo que ele mesmo produz.

De acordo com Morace, esse novo comportamento mexe com a sociedade, principalmente de países mais conservadores, como os do Oriente Médio. "Nesses casos, o sistema do consumo torna-se um instrumento para tirar do eixo sociedades repressivas e impregnadas por crenças milenares", afirma. "O consumidor autoral aprenderá a viver em primeira pessoa, abandonando as seguranças ideológicas e abrindo a própria experiência a novos mundos."

Segundo o escritor, há outras tendências povoando o universo do consumo, atualmente. Entre elas está questão da sustentabilidade - seja ligada ao ambiente, à convivência civil, à responsabilidade empresarial e à produção. "Este é um tema imprescindível."

Outra tendência é a chamada de Novo Iluminismo que, de acordo com Morace, prioriza a qualidade e o conteúdo, em detrimento do apelo da publicidade e da imagem. "Há um desejo das pessoas de eliminar o supérfluo, de simplificar e de buscar valores elementares."

Mas a maior mudança, segundo o presidente do Future Concept Lab, será a democratização definitiva do consumo, que será entendida por milhares de pessoas como um modo de ter acesso à modernidade e de ser mais feliz. "O consumo foi considerado por muitas décadas uma dimensão de acesso ao luxo. Hoje torna-se um instrumento extraordinário de igualdade", afirma Morace, que acredita que o Brasil pode participar desse processo de democratização criativa. "O acesso a produtos e serviço será uma chave estratégica. Não no sentido de produtos de baixa qualidade, mas no sentido de obter o máximo da performance por um custo reduzido", diz.


Fonte: Valor Econômico

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç