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Tecnologias móveis no mundo dos negócios

As tecnologias móveis continuam como as principais tendências de investimento e crescimento no mercado para 2009. Atualmente, mais de 3 milhões de pessoas já usam a rede 3G na América Latina, sendo 57% brasileiros. Acompanhando características da vida contemporânea e também altas expectativas dos usuários, recursos avançados nos aparelhos - como câmera, música (MP3 e rádio), bluetooth e vídeo estão perto de se tornar aparato básico. Daí que as grandes empresas do ramo já exploram a capacidade de transmissão móvel de dados, como navegação pela internet, e-mail, games, GPS, vídeo-chamadas, TV móvel e ainda aplicativos que dão acesso remoto ao ambiente do computador por celular. Estes foram alguns dos temas tratados no II Mobile 2.0, conferência organizada no dia 13 de maio de 2009 pela Corpbusiness no Hotel Grand Meliá Jardim Europa em São Paulo/SP. Cerca de 150 profissionais lotaram o salão de eventos e mostraram que inegavelmente, a despeito da crise, a área tende a atrair todas as atenções.

Um estudo divulgado recentemente disse que, nos próximos 24 meses, 27% dos não-usuários dos serviços móveis nos Estados Unidos planejam contratar algum serviço. Já 58% dos usuários que já têm serviços de dados móveis contratados assumem que, no mesmo período, planejam ampliar o consumo apesar do momento de retração. Na Europa, esse número é, respectivamente, 28% e 55%. Os cinco serviços mais desejados pelos consumidores são: Internet móvel, MMS, download e upload de fotografias e e-mail. No levantamento, 40% dos entrevistados querem esse serviço nos próximos 24 meses, mas mostra também que o custo do serviço é considerado elevado e a qualidade é um ponto a ser levado em consideração pelas operadoras. Os serviços mais comuns de torpedos serão cada vez mais uma forma fundamental de interagir com blogs pessoais e serviços on-line tais como Facebook, Twitter e MySpace. Com isso, o Gartner identificou algumas tecnologias sem fio que vão evoluir significativamente nos próximos anos, impactando no curto prazo as estratégias e políticas do mercado móvel e das organizações em geral. Entre elas, está o Bluetooth 3.0, os sensores de localização, o novo padrão de Wi-Fi 802.11n, que aumenta a taxa de transmissão de dados em três vezes, e as tecnologias de displays, que aumentam a vida útil da bateria e melhoram a qualidade da tela, permitindo o compartilhamento das imagens e informações de forma mais simples e fácil. O estudo também trata do Near Field Communication/NFC, que fornece uma maneira simples e segura de comunicação entre celulares em distâncias curtas, emergindo como um padrão líder para aplicações móveis, tais como pagamento móvel.

Apesar de o Brasil estar em patamar bem acima da média mundial no que tange ao uso das redes sociais (80% dos internautas nacionais freqüentam este tipo de canal), o acesso à internet pelo celular é de apenas 2,5%, e só 5% destes buscam redes sociais nesta plataforma. No país, o que chama atenção pelos dispositivos móveis é música, entretenimento, games e notícias. De toda maneira, entre 2007 e 2009, aumentou em 10 vezes o número de aparelhos 3G em circulação, demonstrando a potencialidade de crescimento. Esses foram alguns dos dados mostrados por Thiago Moreira, da Nielsen, no painel de abertura do evento. Já Guilherme Rios, gerente de Projetos da E.Life, tem uma visão mais otimista, já que foi de 156% o aumento do acesso às redes sociais via móbile de 2008 para 2009, sobremaneira devido ao Twitter, que permite postagens curtas por SMS. Ele mostrou uma migração na movimentação de posts na rede: em 2008, 62% vinham do Orkut, 20% do Blogspot, 5,2% do Wordpress e, alguns postos abaixo, 0,5% do Twitter; já em neste ano os relatórios de monitoramento da consultoria indicam 49% do Orkut, 18% do Twitter, 13% do Blogspot. A tendência é aumentar ainda mais o uso de celulares, afinal 49,5% do uso de redes sociais acontece por pessoas entre 19 e 25 anos, com total familiaridade no manuseio dos aparelhos. Sobre as vantagens do Twitter, Rios explica que é um canal de opiniões curtas e pontuais, tem opt-in (dá transparência à relação), articula vivência física e buzz virtual, faz organização por comunidades de afinidaes, tem alto poder de propagação e funciona na mobilidade. “O cliente cada vez mais está trocando informações preciosas sobre os seus negócios enquanto se move”, alerta.

O executivo deixou como dica fazer a observação contínua das conversações, participar colaborativamente e criar canais nas redes sociais, ter insights e respostas rápidas, usar a mobilidade e o espírito de rede social, conhecer a capacidade de propagação da marca. E detalhou, como bom exemplo, o caso da construtora paulista Tecnisa, que instituiu um blog para interagir com os clientes reais ou potenciais de seus imóveis, num processo de transparência que envolve visões positivas e negativas e lhe faz estar sempre em primeiro lugar nos mecanismos de busca, mesmo se pesquisadas críticas mais duras. Ou seja, o internauta sempre é levado para o ambiente institucional oficial para dialogar, perguntar e ter respostas, sem descaminhos. E isto é muito importante, também na opinião de Wilson Cardoso, diretor na área de vendas da Nokia Siemens, para quem o conceito de “encontro” sai do presencial sem perder a força e o envolvimento, dadas as mudanças comportamentais e perceptivas vigentes, como conveniência, personalização, independência e mobilidade. A previsão é de cinco bilhões de pessoas conectadas em 2015 (atualmente, são 3,6 bilhões), exigindo uma remodelagem dos negócios.

O mercado de dispositivos convergentes móveis continua crescendo, motivado pela disposição das pessoas no compartilhamento de experiências com imediatismo. Há, ao mesmo tempo, uma perspectiva multi-propósito na posse de “computadores móveis”, significando o celular uma base de internet social pessoal, com facilidade de uso. Essa é a análise de Fiore Mangone, diretor de Vendas de Serviços da Nokia. Sobre multi-propósito, ele comenta uma pesquisa sobre tempo alocado por aplicação no celular, que indica que 37% é para SMS, 16% para multimídia (música, vídeo), 14% para manuseio de agenda/tarefas/contatos, 12% para voz, 8% para browsing web e 4% para jogos, de onde aponta haver uma grande janela de oportunidades na parte dos serviços. O mercado, até o final de 2011, vai envolver mais de 40 bilhões de euros em vendas, empurradas por serviços como mapas, notícias, jogos e música.

DEMANDAS Hamilton Yoshida, diretor de Marketing da área de Telecom da Samsung Electronics Brasil, detecta um interesse por telas sensíveis a toque e teclados Qwerty (disposição de teclas semelhante ao teclado normal) que agilizam a interação. São dispositivos que têm previsão de vendas de 114 milhões de unidades nos próximos anos. Outras tendências seriam a oferta de conteúdos e serviços agregados através de widgets (janelas informativas e de entretenimento), a possibilidade de acesso remoto do computador através do celular e o envio automático de fotos para redes sociais a partir do aparelho, imediatamente após a captura da imagem. “É sair do monólito preto para chegar a algo intuitivo e útil para o usuário”, resume.

E, é claro, a revolução vai chegar na propaganda. Receitas de advertising utilizando textos e alertas migram cada vez mais para meios e experiências de navegação mais ricas na “telinha”, com grande apelo multimídia. Até 2013, o diretor Corporativo da Qualcomm Paulo Breviglieri prevê que, tanto na Europa e América do Norte quanto na América Latina, o crescimento da expressão multimídia nos dispositivos móveis deva ser de 65%. As campanhas de comunicação tornam-se mais atrativas, relevantes, rápidas, de fácil manuseio e abrangentes. Ele atesta que “widgets móveis são ideais para campanhas multimídias ricas e dinâmicas”. Widgets móveis são aplicações de web móvel leves e personalizadas, projetadas para atender demandas individuais de conteúdo e serviços, com uso intuitivo e amigável. Viabilizam um canal bidirecional e ainda uma série de possibilidades de inserção publicitária bastante focadas. “A idéia é consolidar a relação com o usuário, gerando novas receitas e agregando valor”, finaliza.

Sérgio Messiano, diretor da Oi, acredita que existam muitas possibilidades para transformar o celular em canal de mídia. O uso de SMS é uma delas, com broadcast de torpedos, textos com conteúdo patrocinado e o conteúdo publicitário dentro de games, afora banners e inserções na TV móvel. Mas alerta que “o grande cuidado é invadir esse espaço tão pessoal com ofertas”, ainda que o setor seja regulado e nenhum envio aconteça sem prévia autorização do recebedor (processo chamado de “opt-in”). Ele sugere cautela com a base de dados existente em empresas, preenchida genericamente como cadastro de públicos incluindo o campo de número de celular que não pode ser usada para campanhas móveis, se não houver a permissão expressa de cada pessoa, com clareza de objetivos e de possibilidade de exclusão da lista a qualquer momento. Uma sugestão para formar bancos opt-in é estruturá-los sob temas específicos previamente determinados, dando maior chance de acerto de relevância no conteúdo postado.

Carlos Domingues, diretor de Marketing da Spring, é um case em si mesmo. Ele esteve na conferência para detalhar o case de Sucrilhos, mas sua própria organização já é um exemplo vivo do porte do setor: é líder mundial na área de móbile business, com escritórios em 15 países, 600 funcionários e 400 clientes. O trabalho para o alimento matinal foi feito pensando no aumento de vendas e no rejuvenescimento da marca entre outubro de 2008 e fevereiro de 2009. A venda do produto continha um “pin code” para envio posterior por SMS, que retornava um link para baixar um jogo, cuja validade era temporária (para efeito da premiação). A submissão de pontos ao sistema para receber os brindes cada quatro mil pontos levava à troca por prêmios digitais e físicos era restrita ao horário de meio-dia, para evitar que as crianças manuseassem o celular em período escolar. Cerca de 65% dos pin-codes geraram efetivamente o download do jogo, numa combinação de compatibilidade do aparelho, interesse e capacidade de manuseio do usuário.

Somente 23% da mídia consumida hoje vêm da televisão. E três em cada 10 adultos assistem a algum tipo de conteúdo por meio de dispositivos móveis. Mais de 80 horas semanais são dedicadas a mídias. Estes foram alguns dados trazidos por Geraldo Araújo, Senior Advisor da consultoria Accenture. Para a área de móbile, ele visualiza duas significativas oportunidades: mídia social e distribuição móvel. Impulsionados por hábitos do consumidor em franco processo de mudança, as empresas de mídia redefinem sua oferta dentro de um novo paradigma. Para 94% dos internautas brasileiros e 81% dos norte-americanos a internet faz economizar tempo, cria oportunidades de negócio (91% e 68%, respectivamente) e deixa a vida mais atrativa e agradável (89% e 70%).


Fonte: Por Rodrigo Cogo - Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas

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