O polêmico artigo do escritor Luiz Fernando Veríssimo, “Pomba!”, publicado no dia 08 de abril no jornal O Globo, demonstra o quanto ainda temos por fazer para a nossa área de relações públicas. Recheado de preconceito contra toda uma categoria profissional, o renomado escritor compara desastrosamente a atitude dos relações públicas ao comportamento duvidoso das pombas. Nessa alegoria, Veríssimo chega a afirma que a falta de ética é uma das características mais cultivadas por todos os profissionais de relações públicas: “Pombas são dissimuladas e de péssimo caráter. Profissionais de relações públicas devem venerar as pombas, pois são o maior exemplo conhecido do triunfo de RP sobre a realidade”.
O engano de Veríssimo, no entanto, não está somente na indevida comparação com as pombas, mas na falta de percepção temporal do quão diferente está a sociedade brasileira. Ao imaginar o suposto “triunfo de RP sobre a realidade” o autor, na verdade queria afirmar o triunfo da mentira sobre a realidade. Essa, sim, foi sua grande miopia. Nem nos mais escabrosos escândalos políticos a mentira e o engano ainda imperam. O desânimo nacional, vivido por muitos brasileiros atualmente, não advém da mentira, mas da impunidade e ausência de responsabilização pelos atos cometidos depois de que a verdade se estabelece. É muito simplista a conclusão de que a população pode ser facilmente enganada por alguns truques mágicos e palavras bonitas. Não é assim nem na comunicação, nem na política.
O trabalho das relações públicas é exatamente o oposto do que o autor imputou às pombas. A nossa ética profissional prega o bom relacionamento e o entendimento mútuo entre as organizações e as pessoas ou grupos sociais com os quais ela mantém contato. Caso algum profissional descumpra esse princípio básico e, ardilosamente, se aproprie das técnicas de comunicação disponíveis para tentar manipular a opinião pública em benefício próprio ele poderá ser responsabilizado de acordo com o Código de Ética Profissional das Relações Públicas, cuja pena prevê até a perda do registro profissional, tal qual ocorre em tantas outras profissões reconhecidas por Lei em nosso País.
Contudo, o impasse ainda permanece. A imagem negativa construída por alguns ainda pesa no imaginário da sociedade e de muitos formadores de opinião, como ficou demonstrado no artigo de Veríssimo. A vinculação da atividade de RP como uma estratégia maquiavélica e intencional de falseamento da verdade tem sido o maior fardo da nova geração de profissionais no Brasil.
Nosso grande desafio atual, tanto do Sistema CONFERP quanto de todos os profissionais que se sentem ofendidos com colocações desse tipo, é demonstrar por meio do nosso trabalho o diferencial da atividade de relações públicas como instrumento estratégico para agregar valor às organizações. Quando nos referimos a “trabalhar a imagem” de uma organização não estamos propondo um arremedo de maquiagem capaz de transformar o monstro num galã de novela, mas nos comprometemos a desenvolver por meio da comunicação um relacionamento mais saudável entre a organização e seus públicos, diminuindo os déficits de comunicação que geralmente estão presente na maior parte das instituições. Isso tudo em respeito aos nossos clientes e, principalmente, à opinião pública.
Veja a seguir a retratação de Luiz Fernando Veríssimo, publicada em sua coluna no Jornal Zero Hora no dia 12/04/2007.
“Há dias escrevi que o relações-públicas das pombas, bichos lamentáveis que, no entanto, têm uma imagem invejável, devia ser extraordinário. Recebi vários protestos, não de pombas, mas de relações-públicas. A idéia era citar as pombas como o que, em publicidade, se chama de um “case”, no caso de sucesso na construção de imagens, portanto admirável. Entenderam que eu estava atribuindo aos RPs os defeitos das pombas. Era uma fantasia hipotética, gente. As pombas não têm RP, e duvido que algum RP aceitaria a conta das pombas.
A intenção não era ofender ninguém além das pombas. Relações públicas é uma profissão séria e cada vez mais necessária. Acho que eu mesmo estou precisando”.
Veja aqui a íntegra do artigo de Luiz Fernando Veríssimo.
Fonte: Por Diretoria Executiva do Sistema CONFERP, in www.conferp.org.br
O engano de Veríssimo, no entanto, não está somente na indevida comparação com as pombas, mas na falta de percepção temporal do quão diferente está a sociedade brasileira. Ao imaginar o suposto “triunfo de RP sobre a realidade” o autor, na verdade queria afirmar o triunfo da mentira sobre a realidade. Essa, sim, foi sua grande miopia. Nem nos mais escabrosos escândalos políticos a mentira e o engano ainda imperam. O desânimo nacional, vivido por muitos brasileiros atualmente, não advém da mentira, mas da impunidade e ausência de responsabilização pelos atos cometidos depois de que a verdade se estabelece. É muito simplista a conclusão de que a população pode ser facilmente enganada por alguns truques mágicos e palavras bonitas. Não é assim nem na comunicação, nem na política.
O trabalho das relações públicas é exatamente o oposto do que o autor imputou às pombas. A nossa ética profissional prega o bom relacionamento e o entendimento mútuo entre as organizações e as pessoas ou grupos sociais com os quais ela mantém contato. Caso algum profissional descumpra esse princípio básico e, ardilosamente, se aproprie das técnicas de comunicação disponíveis para tentar manipular a opinião pública em benefício próprio ele poderá ser responsabilizado de acordo com o Código de Ética Profissional das Relações Públicas, cuja pena prevê até a perda do registro profissional, tal qual ocorre em tantas outras profissões reconhecidas por Lei em nosso País.
Contudo, o impasse ainda permanece. A imagem negativa construída por alguns ainda pesa no imaginário da sociedade e de muitos formadores de opinião, como ficou demonstrado no artigo de Veríssimo. A vinculação da atividade de RP como uma estratégia maquiavélica e intencional de falseamento da verdade tem sido o maior fardo da nova geração de profissionais no Brasil.
Nosso grande desafio atual, tanto do Sistema CONFERP quanto de todos os profissionais que se sentem ofendidos com colocações desse tipo, é demonstrar por meio do nosso trabalho o diferencial da atividade de relações públicas como instrumento estratégico para agregar valor às organizações. Quando nos referimos a “trabalhar a imagem” de uma organização não estamos propondo um arremedo de maquiagem capaz de transformar o monstro num galã de novela, mas nos comprometemos a desenvolver por meio da comunicação um relacionamento mais saudável entre a organização e seus públicos, diminuindo os déficits de comunicação que geralmente estão presente na maior parte das instituições. Isso tudo em respeito aos nossos clientes e, principalmente, à opinião pública.
Veja a seguir a retratação de Luiz Fernando Veríssimo, publicada em sua coluna no Jornal Zero Hora no dia 12/04/2007.
“Há dias escrevi que o relações-públicas das pombas, bichos lamentáveis que, no entanto, têm uma imagem invejável, devia ser extraordinário. Recebi vários protestos, não de pombas, mas de relações-públicas. A idéia era citar as pombas como o que, em publicidade, se chama de um “case”, no caso de sucesso na construção de imagens, portanto admirável. Entenderam que eu estava atribuindo aos RPs os defeitos das pombas. Era uma fantasia hipotética, gente. As pombas não têm RP, e duvido que algum RP aceitaria a conta das pombas.
A intenção não era ofender ninguém além das pombas. Relações públicas é uma profissão séria e cada vez mais necessária. Acho que eu mesmo estou precisando”.
Veja aqui a íntegra do artigo de Luiz Fernando Veríssimo.
Fonte: Por Diretoria Executiva do Sistema CONFERP, in www.conferp.org.br
Comentários
Quanto à retratação do LFV, essa sim eu acho que mereceria uma nota de repúdio. Ironizar escancaradamente nas entrelinhas em cima de uma categoria profissional com nítida dificuldade de interpretação de texto é até covardia...