Longe do tempo em que colocavam o salário como um dos principais motivadores para a escolha de uma empresa para trabalhar, os executivos brasileiros caminham cada vez mais para uma reflexão crítica sobre as condições de trabalho que lhes são oferecidas.
O discurso predominante entre os mais bem-sucedidos, de que "salário não é tudo", ultrapassou o campo do lugar comum na fala, para ganhar consistência e objetividade nas escolhas concretas que os executivos fazem.
É interessante notar como as expectativas e aspirações dos executivos aproximam-se cada vez mais daquilo que já há pelo menos uma década vem sendo manifestado na fala dos jovens talentos que estão entrando no mercado de trabalho.
Em ambos os casos, "a empresa dos sonhos" de uns e de outros, não é mais apenas a que paga o melhor salário, acrescido de alguns benefícios, mas, sobretudo, aquela que proporciona ao executivo uma espécie de "rede de proteção" que garanta minimamente o seu crescimento profissional, sem anular o que há nele de humano.
Em uma de nossas últimas pesquisas com este universo de profissionais, constatamos uma forte tendência de valorização de oportunidades de desenvolvimento constante, o que aponta para uma visão menos imediatista do que aquela proporcionada por um salário de vários dígitos.
É como se, intuitivamente, os executivos soubessem da necessidade de moldarem seu processo de formação e suas ações para encarar o que vem sendo chamado de modernidade líquida - um tempo histórico em que as estruturas que limitam as escolhas individuais, as instituições que asseguram a repetição de rotinas e padrões de comportamento, não podem mais manter sua forma por muito tempo.
De certa forma, é como se os executivos estivessem ganhando a consciência de que a alta remuneração, por mais tentadora que seja, não garante sua valorização no mercado a longo prazo. Ou seja, o que nela há de sólido, pode se tornar líquido de um dia para o outro, ao sabor das oscilações econômicas e financeiras do mercado mundial.
Cientes desta dinâmica, os executivos tendem a fortalecer vínculos com empresas que estejam de fato voltadas para o desenvolvimento global dos seus colaboradores, considerando aspectos exteriores que possam trazer impacto sobre a atuação dos seus funcionários, permitindo e contribuindo para que se mantenham atualizados e em linha com o que acontece no mundo. Em outras palavras, colocando em prática, diária e cotidiana, o que muitas vezes fica apenas no discurso vazio de "valorização do capital humano".
Infelizmente, no Brasil ainda estamos atrasados nesse aspecto. Sabemos, por exemplo, que apesar de toda a propagação do conceito de flexibilidade de horários, cujo objetivo seria dar ao executivo a possibilidade de ter outros tipos de atividades, além das profissionais, a fim de garantir sua saúde mental e emocional, na prática essa premissa não se verifica.
Um executivo de nível médio trabalha de 11 a 12 horas por dia e se depara, mais do que nunca, com uma forte exigência de que tenha disponibilidade para viagens, o que restringe brutalmente o tempo que lhe sobra para estar perto da família, dos amigos e para cuidar de interesses, além do círculo de trabalho.
Por outro lado, aqueles que trabalham em empresas e cargos que permitem atuação à distância, proporcionando a algumas de suas cabeças a possibilidade de trabalharem em casa, por exemplo, estão se transformando em verdadeiros sentinelas, os quais podem ser encontrados e chamados ao trabalho a qualquer hora do dia ou da noite, pelos celulares, e-mails, MSN, Blackberry, etc, o que só faz aumentar seus níveis de tensão e estresse.
Não é à toa que aproximadamente 50% dos profissionais ouvidos na pesquisa anteriormente citada esperam mudar de empresa ou de cargo em um período de até dois anos. O que está na base do impulso que move esses executivos é o desejo de uma empresa mais consciente, humana, e capaz de dar conta, ao mesmo tempo, das diretrizes coletivas dos seus negócios e das necessidades individuais dos seus colaboradores.
Fonte: Por Sofia Esteves, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9
O discurso predominante entre os mais bem-sucedidos, de que "salário não é tudo", ultrapassou o campo do lugar comum na fala, para ganhar consistência e objetividade nas escolhas concretas que os executivos fazem.
É interessante notar como as expectativas e aspirações dos executivos aproximam-se cada vez mais daquilo que já há pelo menos uma década vem sendo manifestado na fala dos jovens talentos que estão entrando no mercado de trabalho.
Em ambos os casos, "a empresa dos sonhos" de uns e de outros, não é mais apenas a que paga o melhor salário, acrescido de alguns benefícios, mas, sobretudo, aquela que proporciona ao executivo uma espécie de "rede de proteção" que garanta minimamente o seu crescimento profissional, sem anular o que há nele de humano.
Em uma de nossas últimas pesquisas com este universo de profissionais, constatamos uma forte tendência de valorização de oportunidades de desenvolvimento constante, o que aponta para uma visão menos imediatista do que aquela proporcionada por um salário de vários dígitos.
É como se, intuitivamente, os executivos soubessem da necessidade de moldarem seu processo de formação e suas ações para encarar o que vem sendo chamado de modernidade líquida - um tempo histórico em que as estruturas que limitam as escolhas individuais, as instituições que asseguram a repetição de rotinas e padrões de comportamento, não podem mais manter sua forma por muito tempo.
De certa forma, é como se os executivos estivessem ganhando a consciência de que a alta remuneração, por mais tentadora que seja, não garante sua valorização no mercado a longo prazo. Ou seja, o que nela há de sólido, pode se tornar líquido de um dia para o outro, ao sabor das oscilações econômicas e financeiras do mercado mundial.
Cientes desta dinâmica, os executivos tendem a fortalecer vínculos com empresas que estejam de fato voltadas para o desenvolvimento global dos seus colaboradores, considerando aspectos exteriores que possam trazer impacto sobre a atuação dos seus funcionários, permitindo e contribuindo para que se mantenham atualizados e em linha com o que acontece no mundo. Em outras palavras, colocando em prática, diária e cotidiana, o que muitas vezes fica apenas no discurso vazio de "valorização do capital humano".
Infelizmente, no Brasil ainda estamos atrasados nesse aspecto. Sabemos, por exemplo, que apesar de toda a propagação do conceito de flexibilidade de horários, cujo objetivo seria dar ao executivo a possibilidade de ter outros tipos de atividades, além das profissionais, a fim de garantir sua saúde mental e emocional, na prática essa premissa não se verifica.
Um executivo de nível médio trabalha de 11 a 12 horas por dia e se depara, mais do que nunca, com uma forte exigência de que tenha disponibilidade para viagens, o que restringe brutalmente o tempo que lhe sobra para estar perto da família, dos amigos e para cuidar de interesses, além do círculo de trabalho.
Por outro lado, aqueles que trabalham em empresas e cargos que permitem atuação à distância, proporcionando a algumas de suas cabeças a possibilidade de trabalharem em casa, por exemplo, estão se transformando em verdadeiros sentinelas, os quais podem ser encontrados e chamados ao trabalho a qualquer hora do dia ou da noite, pelos celulares, e-mails, MSN, Blackberry, etc, o que só faz aumentar seus níveis de tensão e estresse.
Não é à toa que aproximadamente 50% dos profissionais ouvidos na pesquisa anteriormente citada esperam mudar de empresa ou de cargo em um período de até dois anos. O que está na base do impulso que move esses executivos é o desejo de uma empresa mais consciente, humana, e capaz de dar conta, ao mesmo tempo, das diretrizes coletivas dos seus negócios e das necessidades individuais dos seus colaboradores.
Fonte: Por Sofia Esteves, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9
Comentários