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Alimentos funcionais aumentam espaço nas gôndolas

A preocupação cada vez mais relevante com a vida saudável tem ajudado a desenvolver alguns setores de produtos. Com os diet/light mais que consolidados, é a vez de os alimentos funcionais ganharem atenção de fabricantes e consumidores. Gigantes como Danone, Nestlé, Batávia (Batavo) e Grupo Bimbo (dono da marca Plus Vita, de pães) já reconheceram o potencial de consumo dos funcionais e estão investindo em pesquisas e desenvolvimento de novidades.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais (SBAF), "um alimento pode ser considerado funcional quando, além de nutrir, é capaz de afetar beneficamente uma ou mais funções no corpo, melhorando a saúde e bem-estar e/ou reduzindo o risco de doença". Estimativas apontam que o mercado brasileiro de produtos funcionais em geral faturou cerca de US$ 600 milhões em 2005 (15% do mercado de alimentos) e cresce cerca de 20% ao ano.

Dentro do mercado de alimentos funcionais, os iogurtes são a grande coqueluche. E não é só pelo marketing dos fabricantes. Segundo a indústria, também porque o iogurte permite o desenvolvimento de uma fórmula (cada marca um tem a sua exclusiva) que ajuda o intestino preguiçoso a funcionar melhor - problema que atinge 1/3 das mulheres em todo mundo. "Seria inviável numa barrinha de cereais, por exemplo", diz o gerente de produto da Batavo (Batávia), Damiano Sanna. "De 2004 a 2006, a venda de iogurtes funcionais cresceram 400%", detalha.

A Batavo foi a precursora no Brasil no setor de iogurtes funcionais, com lançamento em 2002, mas acabou perdendo em vendas para a gigante Danone, que hoje tem ao redor de 90% de participação de mercado, com o seu Activia, que praticamente virou sinônimo da categoria. A disputa envolve ainda a gigante Nestlé, que tem tímida participação, ao redor de 3%, mas também está disposta a elevar este número.

Sanna lembra ainda que hoje os iogurtes funcionais já ultrapassaram os light em faturamento. Os iogurtes em geral representam 80% do mercado de refrigerados. Dentro da categoria de iogurtes, 84% das vendas são de regulares, 8% de light/diet e 8% de funcionais. Estes dados dizem respeito a volume. Em valor, os funcionais detém 15% de participação, enquanto os light ficam com 13%.

Neste segmento de lácteos frescos (que envolve além de iogurtes, sobremesas e todos estes produtos do gênero que são refrigerados), Activia já detém 10,6% de participação em valor, enquanto dentro dos iogurtes funcionais a marca da Danone detém uma participação, também em valor, de 92%. Lembrando que para usar a denominação de funcional, o alimento tem de passar por inspeção da Anvisa - não basta registro no Ministério da Agricultura.

Activia mais agressiva
O gerente de marketing de Activia ressalta que o iogurte é um produto com alto potencial de crescimento. "O consumo per capita de iogurtes é de duas a três vezes maior em países como Argentina e chega a cinco vezes mais na França, comparando com o Brasil", informa Leonardo Lima.
Activia, que foi lançado no País em 2004, é responsável pela maior parte do faturamento da Danone; o que significa, por exemplo, que a marca ultrapassou outras consagradas, como Danoninho e Corpus (light).

Acreditando neste potencial, a Danone promove uma série de lançamentos dentro de Activia. Os produtos começam a chegar às grandes redes de supermercados. Neste caso, há um ponto importante, que é o lançamento da linha light, com 0% de gordura. Tanto Nestlé quanto Batavo já tinham suas versões; faltava a líder apostar neste nicho. "Para que o alimento funcional realmente funcione, precisa haver um consumo regular. Por isso, investimos em inovações, para o consumidor não cansar do sabor", menciona Lima.

Activia, agora, ganha as versões light tanto em pote (morango, ameixa e pêssego), quanto em garrafinha (ameixa e morango), com 62 e 68 calorias, respectivamente. A marca também apresenta uma versão natural, que não tem açúcar, e uma versão natural saborizada - laranja, cenoura e mel. "Todas elas têm o bacilo Dan Regularis, que ajuda o intestino preguiçoso a funcionar melhor. Este consumo deve ocorrer todos os dias", completa Lima. A expectativa é de que a versão light represente 1/3 do total das vendas da linha Activia.

O executivo destaca que um dos empecilhos de crescimento maior deste mercado é a questão preço, já que os iogurtes funcionais são mais caros. "Estamos revendo isso, lançando versões mais em conta, para atrair maior número de consumidores", diz Lima, da Danone. Prova disso é que Activia também ganha versão garrafão, de 900 gramas.

Para a Danone, a entrada de grandes concorrentes neste mercado - a Nestlé fez sua estréia recentemente - ajuda a desenvolver a categoria. Comparando o primeiro semestre de 2006, com o mesmo período de 2007, o mercado total de iogurtes cresceu 6% em volume e em valor. Enquanto isso, as vendas de iogurtes funcionais cresceram 45% em volume e 33% em valor. De janeiro a junho deste ano, os funcionais venderam quase R$ 183 milhões, enquanto o mercado total de iogurtes bateu R$ 1,2 bilhão. Estes números, importante destacar, dizem respeito aos iogurtes, não ao mercado total de lácteos frescos, que é maior. Lima comenta ainda que o sucesso e a importância de Activia no faturamento da Danone é mundial.

Apesar de reconhecer o erro do passado, em não ter sido mais agressiva e ter perdido espaço para a Danone, a Batavo afirma que agora mudou sua postura. Em outubro, segundo Damiano Sanna, gerente de produto, a linha Bio Fibras será ampliada com novidades. Diz que a meta é ganhar cinco pontos de participação de mercado em volume, passando dos atuais 10%, para 15%. Hoje, a linha Bio Fibras representa 14% do faturamento da Batavo dentro do mercado de iogurtes. Já a Nestlé não tem seu portfólio de funcionais ligado somente a iogurtes. Lançou uma versão do leite Molico ActiFibras. A empresa não forneceu dados de mercado.


Fonte: Por Sandra Azedo, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 6

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