Pular para o conteúdo principal

Sustentabilidade: entre o discurso e a ação

Segundo nota veiculada no Blog Sustentabilidade, da jornalista Ana Luiza Herzog, no Portal Exame, a pesquisa "Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil" revelou alguns fatos curiosos sobre o tema no nosso país. Vejamos alguns pontos:

- as empresas "engajadas" percebem seus impactos sobre os desafios, na grande maioria dos casos, como positivos, e muito raramente, como negativos. Alguns exemplos engraçados: nem mesmo a nata acredita que suas atividades contribuem de alguma forma para a mudança climática. " Se um consumidor normal já tem impacto negativo sobre a energia, o que dizer de uma empresa?", diz Roberta Mokrejs Paro, pesquisadora da FDC e co-autora da pesquisa. "Estamos falando de um grupo de empresas que está muito familiarizado com o tema, mas que ainda precisa pensar de maneira mais sistêmica sobre os seus impactos diretos e indiretos".

- As empresas dão mais bola para os desafios ambientais: energia, água, equilíbrio dos ecossitemas e serviços ambientais. Embora os considerem difíceis de ser enfrentados, estão conseguindo incorporá-los à estratégia. "Colabora para isso o fato de que as questões ambientais podem ser mais facilmente traduzidas em custos e em redução de custos", diz Roberta. Como ilustrei acima com o exemplo da mudança climática, as empresas não vêem seus impactos ambientais como negativos. Eles são geralmente positivos ou .. quando muito ... nulos!

- Os desafios sociais, como distribuição de renda, violência e tráfico e saúde pública, são considerados difíceis de ser enfrentados. As empresas têm dificuldade de perceber sua relação com eles e de traduzi-los em termos financeiros. "Os estrategistas das empresas não enxergam o link entre seus negócios e o problemas sociais", afirma Boechat.

- Segundo as empresas, elas não se mexem para enfrentar alguns desafios porque não há articulação institucional entre elas mesmas, governo e sociedade civil.


Entre o discurso e a ação
As empresas estão falando loucamente sobre sustentabilidade, mas as questões relacionadas ao tema estão sendo realmente incorporadas ao seu planejamento estratégico?

Para descobrir isso, o Núcleo de Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa da Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, realizou no ano passado entrevistas com 30 executivos do alto escalão de 30 grandes grandes empresas de mais de oito setores instaladas no país. A conclusão foi de que os desafios brasileiros para a sustentabilidade - cerca de 31 deles, definidos por meio de entrevistas com especialistas - estão sendo apenas moderadamente incorporados ao planejamento estratégico dessas empresas. Do conjunto de desafios, 33,9% ainda não foram incorporados e 12,6% foram inseridos apenas na elaboração de cenários, contra 53,5% que foram incorporados aos objetivos ou às ações estratégicas.

O professor Cláudio Boechat, coordenador do núcleo da FDC e co-autor da pesquisa, afirma que ela revelou um cenário positivo. Uma informação relevante, porém, deve ser levada em conta. As empresas pesquisadas foram selecionadas segundo critérios como: ser signatárias do Global Compact, fazer parte do Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa (ISE) ou do Dow Jones Sustainability Index (DJSI), ou elaborar relatórios segundo as diretrizes do Global Reporting Iniciative (GRI).


Fonte: Por Ana Luiza Herzog, in Blog Sustentabilidade (portalexame.abril.com.br)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su...

Funcionários da Domino´s Pizza postam vídeo no You Tube e são processados

Dois funcionários irresponsáveis imaginam um vídeo “muito engraçado” usando alimentos e toda sorte de escatologia. O cenário é uma cozinha da pizzaria Domino´s. Pronto, está feito o vídeo que mais chamou a atenção da mídia americana na semana passada. Nele, os dois funcionários se divertem enquanto um espirra na comida, entre outras amostras de higiene pessoal. Tudo isso foi postado no you tube no que eles consideraram “uma grande brincadeira”. O vídeo em questão, agora removido do site, foi visto por mais de 930 mil pessoas em apenas dois dias. (o vídeo já foi removido, mas pode ser conferido em trechos nesta reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=eYmFQjszaec ) Mas para os consumidores da rede, é uma grande(síssima) falta de respeito. Restou ao presidente a tarefa de “limpar” a bagunça (e a barra da empresa). Há poucos dias, Patrick Doyle, CEO nos EUA, veio a público e respondeu na mesma moeda. No vídeo de dois minutos no You Tube, Doyle ( http://www.youtube.com/watch?v=7l6AJ49xNS...

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De...