A influência crescente das pessoas, das redes sociais e dos consumidores de fora do círculo oficial de negócios das empresas fará com que CIOs e líderes de negócios se apressem para criar as formas de tornar as empresas cada vez mais conectadas. Mas isso não será fácil. As companhias de setores competitivos, dinâmicos e agressivos vão ser as primeiras a sentir os efeitos dessa onda.
Principais Achados
- Mais de 40% das funções de negócios — desenho, qualidade, serviço, inovação, liderança de processos e financeiro — não serão controladas pela própria empresa.
- As relações horizontais se tornarão tão fortes quanto a influência vertical.
- Maior complexidade, interdependências globais e volatilidade do mercado vão exigir coordenação e liderança avançadas nas divisões de negócios. A tomada de decisão ideal vai se estender em todas as áreas das organizações, entidades de negócios e cadeias de valor.
- Inovação, comércio eletrônico e velocidade serão vitais na interface entre negócios, provedores de serviço e grupos de consumo. Em outras palavras, a ação muda para a interface.
Recomendações
- Desenvolver possíveis cenários de implicações, impactos e riscos.
- Manter aqueles que conseguem estabelecer relações na divisa entre negócios e TI, principalmente os que estão fortemente ligados a pessoas de outras redes e comunidades.
- Mantenha-se hiperconectado. Faça parte de outras comunidades e fóruns sociais; aprenda sobre o software social.
Hipóteses de planejamento estratégico
Até 2011, pelo menos 40% das funções de negócio não serão controladas pela própria empresa; até 2015, o percentagem deve chegar a 60%.
Até 2010, seis entre cada 10 pessoas afiliadas à TI vão assumir funções que tratam de negócios, envolvendo informações, processos e relações.
ANÁLISE
1.0 Empresa hiperconectada
As práticas modernas organizacionais, de gerenciamento e liderança, raramente viram algo semelhante à empresa hiperconectada que está surgindo. Os componentes da empresa hiperconectada serão as redes de comunicação de alta velocidade, as cadeias de fornecedores, as comunidades de influência, o comércio de rápido crescimento pela internet e os processos complexos permitidos por software. Além disso, cada consumidor agirá como um mercado em particular e será um formador de opinião. Juntos, esses elementos conectam mercados, processos, influenciadores e fluxos de informações diferentes em empresas, localidades e comunidades.
Durante a próxima década, o surgimento da empresa hiperconectada vai estimular o enfoque na governança, nas entidades de negócio, na intensificação do compartilhamento de informações entre organizações isoladas, no direcionamento da tomada de decisão para responsabilidade conjunta e na exigência de colaboração de todos, independentemente de divisões e fronteiras.
E mais: com um número maior de pessoas e investidores participando do crescimento, da inovação e da reputação da empresa, as organizações serão forçadas a aumentar a curva de maturidade rapidamente em termos de estratégias de governança, tomada de decisão integrada e investimentos.
2.0 O que é empresa hiperconectada?
O poder inédito das vastas redes horizontais — orientadas às pessoas, às comunidades e com base na tecnologia — vão fornecer às pessoas internas, externas e entre todos os círculos de tomada de decisão convencionais de uma empresa a possibilidade e o poder de influenciar no desenho, na entrega e na adoção de produtos, serviços e inovações.
Empresas como Procter & Gamble, Lego, Netflix, Cisco e muitas outras estão aproveitando a oportunidade, pois sabem que as redes de pessoas vão criar fluxos de informação e inovação de formato livre, dentro, fora e entre as divisas organizacionais, criando uma organização permeável, com divisas indefiníveis e grande potencial para idéias inovadoras.
2.1 Definição
Como definimos a empresa hiperconectada?
A empresa hiperconectada é aquela em que dúzias, talvez centenas, de pessoas e grupos terão o poder de influenciar as decisões sobre direção, serviços, produtos e reputação da companhia — quase que de forma aleatória, entre mercados globais, canais oficiais externos, por intermédio de uma rede potencialmente infinita de interações e a um ritmo alucinante.
Selecionamos o termo "hiperconectada" com muito cuidado. A ênfase está em "hiper" e não em “conectada". Já vimos empresas conectadas antes; mas não empresas hiperconectadas com experiência. "Hiper" envolve entusiasmo excessivo, altos níveis de estímulo e níveis de atividade incomuns ou extraordinariamente altos. Quando combinamos a definição de "hiper" com os múltiplos significados de "conectada", temos um ambiente de negócio de surpreendentemente ou extraordinariamente alta interatividade e interdependência influenciando consumidores, empreendimentos e processos colaborativos no mundo todo.
2.2 Forças no trabalho
Oito forças vão impulsionar os negócios para um modo de negócio hiperconectado. Algumas empresas vão reagir naturalmente e sem objeções; outras vão tentar resistir ou controlar as forças convergentes. Essas oito forças são:
1. Ecossistemas globais: No ambiente hiperconectado, poucos negócios vão conseguir operar isoladamente. O âmbito do mundo de negócio global — por si só um sistema de comércio, inovação e atividades e relações pela internet — vai se estender a pessoas e grupos que estão fora do escopo típico do radar. Em outras palavras, os perímetros formais das empresas se tornarão permeáveis, permitindo o fluxo de pessoas, informações e inovações pelas divisas de negócios.
2. Mercados de negócio dinâmico: O ambiente de negócios hiperconectado atinge primeiramente segmentos e mercados que são caracterizados mais intensamente por mudanças, atividade e progresso. Os mercados dinâmicos — trocas de mensagens online, entretenimento e mídia, transações financeiras — exercem uma força gravitacional em outros segmentos e setores de negócio, que poderiam, em outros tempos, ter agido com cuidado excessivo.
3. Comunicação de alta velocidade: A internet permanece como a forma mais poderosa de comunicação no mundo todo, permitindo a troca de uma variedade enorme de mídia em um instante. Além disso, estamos vendo somente uma pequena parte de todo o seu potencial econômico. Enquanto empresas do mundo inteiro procuram construir redes altamente seguras, a inovação sobe rapidamente, para também se tornar prioridade ao lado das infra-estruturas de telecomunicações e de comunicação de alta velocidade em economias emergentes.
4. Domínio da marca e reputação: Enquanto muitas empresas se concentram em três disciplinas de valor tradicional — alta qualidade, relação com o cliente e custo reduzido — o Gartner identificou uma quarta disciplina: o domínio da marca, que está em evidência no mundo da empresa hiperconectada. Como as empresas e instituições introduzem e promovem serviços e produtos, clientes novos e antigos podem classificar essas empresas publicamente, em termos de qualidade, serviço e valor. Por exemplo: muitas instituições de ensino superior estão começando a entender o impacto de “falarem mal” de suas escolas em fóruns sociais, como o Facebook.
5. Normas e legislação: Programas dos setores público e privado procuram estabelecer práticas jurídicas, de contabilidade e segurança, além da transparência das informações. De fato, como os vários segmentos dos setores público e privado alteram as regras, as empresas e as instituições vão elaborar seus manuais e práticas para exame minucioso, transparência, visibilidade e debate. Empresas que operam em outros países encontram problemas maiores de complexidade e transparência, pois devem atender a normas distintas de vários países.
6. Responsabilidade social corporativa: Em alguns casos, a responsabilidade social corporativa é sinônimo de boa governança financeira; em outros casos, de preocupações com o meio ambiente; e em outros ainda, de disposição para oferecer retorno à comunidade. Não importa o enfoque, a responsabilidade social corporativa expõe tanto o aspecto bom quanto o ruim das empresas, pessoas e partidos políticos, e mantém e reflete uma mudança nos valores do comprador em termos de preocupação com o meio ambiente, integridade financeira e no sentido de fazer a diferença.
7. Comportamentos do cliente: Escolha, conveniência, velocidade e personalização vão guiar o comportamento do consumidor, já que as pessoas controlam seus recursos, serviços, modos de aprendizado e o ambiente de trabalho. Os comportamentos dos consumidores são um dos fatores imprevisíveis da empresa hiperconectada.
8. Comunidades de influência: O segundo grande fator imprevisível são as comunidades de influência. Impulsionadas pela internet, essas comunidades moldam o comportamento dos compradores, os padrões de consumo, o comportamento ambiental e o comportamento do investidor, igualando ou ultrapassando a influência dos departamentos oficiais de marketing, designers de produto, equipes de investimento e de TI.
3.0 Quais são os indicadores da empresa hiperconectada?
- Os líderes de negócio e de TI vão passar por mudanças além do que normalmente podem absorver e responder e em períodos mais curtos. O enfoque vai mudar do gerenciamento do conhecido para a antecipação do desconhecido e para a avaliação e a recuperação após riscos resultantes. Resposta rápida, bom julgamento e disciplina de gerenciamento quando necessário são cruciais.
- Pessoas, grupos e contatos globais fora do perímetro oficial de uma empresa terão grandes papéis no processo de influenciar e moldar o desempenho do mercado, os resultados financeiros, as conseqüências finais e a reputação. Os influenciadores desconhecidos — muitos por meio de blogs, conteúdos variados e comunidades de influência — exercerão um efeito de mudança de jogo, e aquelas empresas com tendência a somente olhar internamente para suas decisões passadas serão excluídas.
- A atitude do consumidor — escolha, participação, personalização, influência — vai mudar a forma de trabalhar das pessoas, onde as pessoas obtêm informações, com quem elas se relacionam e a quem ouvem. Especificamente, a troca de informação de ponto a ponto vai acabar com a idéia do que é privado e do que é público.
- Muitas pessoas, dos trabalhadores da linha de frente até os líderes da diretoria, vão se sentir como se tivessem perdido o controle dos fatores que afetam suas responsabilidades.
3.1 Pontos de comprovação
Para testar a nossa hipótese sobre a empresa hiperconectada, entrevistamos, em 2007, mais de 225 executivos de TI especificamente de indústrias altamente conectadas e com alto nível de mudanças na América do Norte e na Europa. Em ordem de representação, as funções dos entrevistados incluíram: diretores de TI (25%), gerentes de operações de TI (23%), CIOs (18%), gerentes de tecnologia (14%) e gerentes de unidades de negócio (6%). Suas áreas de operação incluíram: corporativo (46%), regional (22%), serviços compartilhados (18%) e divisional (9%).
O enfoque de uma seção da pesquisa foi a empresa hiperconectada e seu impacto nos modelos de negócio, redes de valor exteriorizado e planos orientados ao consumidor. Os dados que coletamos provaram que as principais suposições da empresa hiperconectada estão se solidificando:
- Perguntamos aos entrevistados se eles concordam ou discordam com a definição de empresa hiperconectada. Numa escala de 1 a 7, sendo 1 "discordo totalmente" e 7 "concordo totalmente", aproximadamente 50% dos entrevistados responderam 6 e 7.
- Pedimos que os entrevistados dissessem qual a porcentagem de funções de seus negócios ficariam fora do controle direto da empresa. Esperávamos que a porcentagem chegasse a aproximadamente 40%. Os entrevistados foram até mais agressivos, fornecendo a proporção de aproximadamente 45% até 2013.
- Quando perguntamos sobre modelos de negócio, um entre cada três entrevistados esperava ter seus modelos de negócio ajustados em grande parte ou totalmente por terceiros até 2013. (Por exemplo: uma empresa de médio porte de artigos de consumo tem que atender aos requisitos e estabelecer o modelo de negócio da dimensão de um Wal-Mart ou então perderá visibilidade do mercado.)
- Dois terços dos entrevistados esperam que suas redes de valor externo aumentem até 2013: 28% disse que esperam um aumento pequeno e 35% esperam um aumento substancial. Os de cultura mais agressiva, em particular, esperam aumentos substanciais.
- 30% das empresas líderes esperam que a TI de suas empresas — equipamentos, software, ferramentas, comportamentos e comércio pela web — estimulem mudanças extremas em seus segmentos e cadeias de valor.
3.1.1 Casos relacionados: surpresas desagradáveis ou boas
- Desagradável: Em 2007, Don Imus, o apresentador um programa de rádio em Nova York, foi afastado do seu programa de entrevistas depois que seus comentários raciais causaram protestos de consumidores e ativistas de direitos humanos. O protesto, por sua vez, fez com que os anunciantes abandonassem o programa e o público. Duas estações que mantinham programas com o apresentador, uma de TV e outra de rádio, despediram-no, agindo de forma que provavelmente não agiriam em outro caso.
- Planejado: O Facebook, um website de relacionamento social, cujos participantes eram anteriormente estudantes de ensino superior e de faculdade, intensificou seu público, abrindo as interfaces de programação de aplicativo a desenvolvedores de novas ferramentas e mecanismos de consulta. Expandiu seu âmbito, trazendo outras pessoas para seu grupo e estimulou inovações rapidamente. Seu modelo de negócios envolve pessoas fora de seu grupo original.
3.2 Hipóteses emergentes
- Mais de 40% das funções de negócios — desenho, qualidade, serviço, inovação, liderança de processos e financeiro — não serão controladas pela empresa. As funções de coordenação, negociação e expansão além fronteiras vão dominar, já que o controle direto vai desaparecer. Quando desenvolvemos a hipótese de empresa hiperconectada, projetamos que aproximadamente 40% das funções de negócios não seriam controladas por qualquer empresa até 2013. Os entrevistados na pesquisa calculam que a porcentagem seja de no mínimo 38% e no máximo 45%. (A grande questão é quais empresas vão aprender a navegar pelo modelo de empresa hiperconectada. Algumas, suspeitamos, vão achar o modelo muito arriscado e vão obter o controle das funções adquirindo terceiros dos quais elas dependem.)
- As relações horizontais se tornarão tão fortes quanto a influência vertical. Redes, comunidades sociais influentes e relações horizontais entre pessoas e grupos criam uma forma democrática e rápida de compartilhar informações e opiniões — na verdade, são formas mais democráticas e rápidas do que alguns executivos de empresas imaginam. A análise do ambiente atual de trabalho e comunicação revela que a comunicação horizontal é geralmente mais rápida, mais eficiente e mais influente do que as abordagens tradicionais de comunicação vertical. Particularmente, as relações horizontais serão um mecanismo forte de oportunidades de emprego, com novidades de cargos interessantes, oportunidades de emprego e projetos que se espalham como vírus pelas redes.
- Maior complexidade e interdependências globais vão exigir coordenação extraordinária. As empresas externadas — isto é, aquelas que criam e incorporam ecossistemas e cadeias de valor cada vez mais amplos — serão substancialmente mais complexas do que muitas empresas com enfoque interno. As empresas líderes devem desenvolver mecanismos eficazes de coordenação em suas divisas. A seleção de pessoas, a definição de papéis e o escopo de tomada de decisão fazem parte do mapa da coordenação. O número e os tipos de “peças em movimento” aumentam; a organização soberana desaparece.
- A tomada de decisão ideal vai transpor organizações, entidades de negócio e cadeias de valor. A tomada de decisão ideal exige navegação e negociação entre entidades. Todos os grupos vão depender mais ou menos de outros grupos. A interdependência será a base e a coordenação vai exigir comportamentos recíprocos, equitability and clear roles.
- A ação muda para a interface onde estão as novas fontes de interação e inovação. Na empresa hiperconectada, os interesses dominantes estarão nas divisas, onde a intimidade com o cliente, a qualidade do produto, a eficiência dos serviços e o domínio da marca vão estar em sincronização com as pessoas, os grupos e os clientes de fora do perímetro oficial daquele negócio. A ação vai mudar para a interface, isto é, para as interações humanas e as sistemáticas em todas as entidades de negócio.
4.0 Teste: a sua empresa está hiperconectada?
As pessoas que começam a ver manifestações de empresas hiperconectadas vão ter uma oportunidade para testar o modelo e utilizá-lo para obter vantagem competitiva. Você é uma dessas pessoas? A sua empresa pode se beneficiar com a nova onda de ser um precursor?
O Gartner desenvolveu um teste para determinar se uma empresa está na vanguarda do modelo de empresa hiperconectada ou não.
Quanto mais as seleções forem ficando à direita, maior a probabilidade de a empresa se encaixar no modelo de empresa hiperconectada. Isto é, as pessoas e os grupos fora dos perímetros oficiais da empresa terão um grau crescente de influência nos resultados financeiros, serviços, produtos, decisões, direção e reputação.

5.0 Conclusões
- A empresa hiperconectada se tornará um centro de liderança de negócios globais até o ano de 2015, e vai ser muito utilizada em áreas e em empresas dinâmicas, competitivas e agressivas.
- A empresa hiperconectada vai intensificar o compartilhamento de informações entre grupos diferentes, direcionar a tomada de decisão para responsabilidade conjunta e aumentar a freqüência e a magnitude da reconfiguração dos negócios.
- Os níveis de complexidade introduzidos pela camada de parceiros de negócios e cadeias de valor vão exigir coordenação extraordinária, tanto para evitar surpresas desagradáveis quanto para capitalizar com as boas oportunidades.
6.0 Recomendações
- Fazer o teste do Gartner para antecipar a relevância do modelo de empresa hiperconectada à sua empresa ou instituição.
- Desenvolver possíveis cenários de implicações, impactos e riscos. Incluir em seus cenários os riscos caso nenhuma medida seja tomada.
- Manter aqueles que estabelecem relações nas divisas de negócios e da organização, principalmente os que estão fortemente ligados a outras comunidades.
- Manter-se hiperconectado também: faça parte de outras comunidades e fóruns sociais; aprenda sobre o software social.
- Mapear suas redes de valores externos, atuais e potenciais. Novas ferramentas estão surgindo para identificar elementos fundamentais.
- Investigar serviços e software para comunidades de confiança e gerenciamento de reputação pela internet.
Obs.: Esta é uma análise independente do Gartner: Foi desenvolvida no âmbito da comunidade analítica do Gartner e não pelo processo das nossas análises, tipicamente amplo e conduzido pelo consenso. O Gartner autorizou essa análise porque suas implicações são muito abrangentes e extremamente significativas, mesmo que não concordemos com as conclusões da comunidade de analistas. Este relatório apresenta a análise inicial, muito ainda está por vir.
Fonte: Por Diane Morello, in info.abril.com.br/corporate
Principais Achados
- Mais de 40% das funções de negócios — desenho, qualidade, serviço, inovação, liderança de processos e financeiro — não serão controladas pela própria empresa.
- As relações horizontais se tornarão tão fortes quanto a influência vertical.
- Maior complexidade, interdependências globais e volatilidade do mercado vão exigir coordenação e liderança avançadas nas divisões de negócios. A tomada de decisão ideal vai se estender em todas as áreas das organizações, entidades de negócios e cadeias de valor.
- Inovação, comércio eletrônico e velocidade serão vitais na interface entre negócios, provedores de serviço e grupos de consumo. Em outras palavras, a ação muda para a interface.
Recomendações
- Desenvolver possíveis cenários de implicações, impactos e riscos.
- Manter aqueles que conseguem estabelecer relações na divisa entre negócios e TI, principalmente os que estão fortemente ligados a pessoas de outras redes e comunidades.
- Mantenha-se hiperconectado. Faça parte de outras comunidades e fóruns sociais; aprenda sobre o software social.
Hipóteses de planejamento estratégico
Até 2011, pelo menos 40% das funções de negócio não serão controladas pela própria empresa; até 2015, o percentagem deve chegar a 60%.
Até 2010, seis entre cada 10 pessoas afiliadas à TI vão assumir funções que tratam de negócios, envolvendo informações, processos e relações.
ANÁLISE
1.0 Empresa hiperconectada
As práticas modernas organizacionais, de gerenciamento e liderança, raramente viram algo semelhante à empresa hiperconectada que está surgindo. Os componentes da empresa hiperconectada serão as redes de comunicação de alta velocidade, as cadeias de fornecedores, as comunidades de influência, o comércio de rápido crescimento pela internet e os processos complexos permitidos por software. Além disso, cada consumidor agirá como um mercado em particular e será um formador de opinião. Juntos, esses elementos conectam mercados, processos, influenciadores e fluxos de informações diferentes em empresas, localidades e comunidades.
Durante a próxima década, o surgimento da empresa hiperconectada vai estimular o enfoque na governança, nas entidades de negócio, na intensificação do compartilhamento de informações entre organizações isoladas, no direcionamento da tomada de decisão para responsabilidade conjunta e na exigência de colaboração de todos, independentemente de divisões e fronteiras.
E mais: com um número maior de pessoas e investidores participando do crescimento, da inovação e da reputação da empresa, as organizações serão forçadas a aumentar a curva de maturidade rapidamente em termos de estratégias de governança, tomada de decisão integrada e investimentos.
2.0 O que é empresa hiperconectada?
O poder inédito das vastas redes horizontais — orientadas às pessoas, às comunidades e com base na tecnologia — vão fornecer às pessoas internas, externas e entre todos os círculos de tomada de decisão convencionais de uma empresa a possibilidade e o poder de influenciar no desenho, na entrega e na adoção de produtos, serviços e inovações.
Empresas como Procter & Gamble, Lego, Netflix, Cisco e muitas outras estão aproveitando a oportunidade, pois sabem que as redes de pessoas vão criar fluxos de informação e inovação de formato livre, dentro, fora e entre as divisas organizacionais, criando uma organização permeável, com divisas indefiníveis e grande potencial para idéias inovadoras.
2.1 Definição
Como definimos a empresa hiperconectada?
A empresa hiperconectada é aquela em que dúzias, talvez centenas, de pessoas e grupos terão o poder de influenciar as decisões sobre direção, serviços, produtos e reputação da companhia — quase que de forma aleatória, entre mercados globais, canais oficiais externos, por intermédio de uma rede potencialmente infinita de interações e a um ritmo alucinante.
Selecionamos o termo "hiperconectada" com muito cuidado. A ênfase está em "hiper" e não em “conectada". Já vimos empresas conectadas antes; mas não empresas hiperconectadas com experiência. "Hiper" envolve entusiasmo excessivo, altos níveis de estímulo e níveis de atividade incomuns ou extraordinariamente altos. Quando combinamos a definição de "hiper" com os múltiplos significados de "conectada", temos um ambiente de negócio de surpreendentemente ou extraordinariamente alta interatividade e interdependência influenciando consumidores, empreendimentos e processos colaborativos no mundo todo.
2.2 Forças no trabalho
Oito forças vão impulsionar os negócios para um modo de negócio hiperconectado. Algumas empresas vão reagir naturalmente e sem objeções; outras vão tentar resistir ou controlar as forças convergentes. Essas oito forças são:
1. Ecossistemas globais: No ambiente hiperconectado, poucos negócios vão conseguir operar isoladamente. O âmbito do mundo de negócio global — por si só um sistema de comércio, inovação e atividades e relações pela internet — vai se estender a pessoas e grupos que estão fora do escopo típico do radar. Em outras palavras, os perímetros formais das empresas se tornarão permeáveis, permitindo o fluxo de pessoas, informações e inovações pelas divisas de negócios.
2. Mercados de negócio dinâmico: O ambiente de negócios hiperconectado atinge primeiramente segmentos e mercados que são caracterizados mais intensamente por mudanças, atividade e progresso. Os mercados dinâmicos — trocas de mensagens online, entretenimento e mídia, transações financeiras — exercem uma força gravitacional em outros segmentos e setores de negócio, que poderiam, em outros tempos, ter agido com cuidado excessivo.
3. Comunicação de alta velocidade: A internet permanece como a forma mais poderosa de comunicação no mundo todo, permitindo a troca de uma variedade enorme de mídia em um instante. Além disso, estamos vendo somente uma pequena parte de todo o seu potencial econômico. Enquanto empresas do mundo inteiro procuram construir redes altamente seguras, a inovação sobe rapidamente, para também se tornar prioridade ao lado das infra-estruturas de telecomunicações e de comunicação de alta velocidade em economias emergentes.
4. Domínio da marca e reputação: Enquanto muitas empresas se concentram em três disciplinas de valor tradicional — alta qualidade, relação com o cliente e custo reduzido — o Gartner identificou uma quarta disciplina: o domínio da marca, que está em evidência no mundo da empresa hiperconectada. Como as empresas e instituições introduzem e promovem serviços e produtos, clientes novos e antigos podem classificar essas empresas publicamente, em termos de qualidade, serviço e valor. Por exemplo: muitas instituições de ensino superior estão começando a entender o impacto de “falarem mal” de suas escolas em fóruns sociais, como o Facebook.
5. Normas e legislação: Programas dos setores público e privado procuram estabelecer práticas jurídicas, de contabilidade e segurança, além da transparência das informações. De fato, como os vários segmentos dos setores público e privado alteram as regras, as empresas e as instituições vão elaborar seus manuais e práticas para exame minucioso, transparência, visibilidade e debate. Empresas que operam em outros países encontram problemas maiores de complexidade e transparência, pois devem atender a normas distintas de vários países.
6. Responsabilidade social corporativa: Em alguns casos, a responsabilidade social corporativa é sinônimo de boa governança financeira; em outros casos, de preocupações com o meio ambiente; e em outros ainda, de disposição para oferecer retorno à comunidade. Não importa o enfoque, a responsabilidade social corporativa expõe tanto o aspecto bom quanto o ruim das empresas, pessoas e partidos políticos, e mantém e reflete uma mudança nos valores do comprador em termos de preocupação com o meio ambiente, integridade financeira e no sentido de fazer a diferença.
7. Comportamentos do cliente: Escolha, conveniência, velocidade e personalização vão guiar o comportamento do consumidor, já que as pessoas controlam seus recursos, serviços, modos de aprendizado e o ambiente de trabalho. Os comportamentos dos consumidores são um dos fatores imprevisíveis da empresa hiperconectada.
8. Comunidades de influência: O segundo grande fator imprevisível são as comunidades de influência. Impulsionadas pela internet, essas comunidades moldam o comportamento dos compradores, os padrões de consumo, o comportamento ambiental e o comportamento do investidor, igualando ou ultrapassando a influência dos departamentos oficiais de marketing, designers de produto, equipes de investimento e de TI.
3.0 Quais são os indicadores da empresa hiperconectada?
- Os líderes de negócio e de TI vão passar por mudanças além do que normalmente podem absorver e responder e em períodos mais curtos. O enfoque vai mudar do gerenciamento do conhecido para a antecipação do desconhecido e para a avaliação e a recuperação após riscos resultantes. Resposta rápida, bom julgamento e disciplina de gerenciamento quando necessário são cruciais.
- Pessoas, grupos e contatos globais fora do perímetro oficial de uma empresa terão grandes papéis no processo de influenciar e moldar o desempenho do mercado, os resultados financeiros, as conseqüências finais e a reputação. Os influenciadores desconhecidos — muitos por meio de blogs, conteúdos variados e comunidades de influência — exercerão um efeito de mudança de jogo, e aquelas empresas com tendência a somente olhar internamente para suas decisões passadas serão excluídas.
- A atitude do consumidor — escolha, participação, personalização, influência — vai mudar a forma de trabalhar das pessoas, onde as pessoas obtêm informações, com quem elas se relacionam e a quem ouvem. Especificamente, a troca de informação de ponto a ponto vai acabar com a idéia do que é privado e do que é público.
- Muitas pessoas, dos trabalhadores da linha de frente até os líderes da diretoria, vão se sentir como se tivessem perdido o controle dos fatores que afetam suas responsabilidades.
3.1 Pontos de comprovação
Para testar a nossa hipótese sobre a empresa hiperconectada, entrevistamos, em 2007, mais de 225 executivos de TI especificamente de indústrias altamente conectadas e com alto nível de mudanças na América do Norte e na Europa. Em ordem de representação, as funções dos entrevistados incluíram: diretores de TI (25%), gerentes de operações de TI (23%), CIOs (18%), gerentes de tecnologia (14%) e gerentes de unidades de negócio (6%). Suas áreas de operação incluíram: corporativo (46%), regional (22%), serviços compartilhados (18%) e divisional (9%).
O enfoque de uma seção da pesquisa foi a empresa hiperconectada e seu impacto nos modelos de negócio, redes de valor exteriorizado e planos orientados ao consumidor. Os dados que coletamos provaram que as principais suposições da empresa hiperconectada estão se solidificando:
- Perguntamos aos entrevistados se eles concordam ou discordam com a definição de empresa hiperconectada. Numa escala de 1 a 7, sendo 1 "discordo totalmente" e 7 "concordo totalmente", aproximadamente 50% dos entrevistados responderam 6 e 7.
- Pedimos que os entrevistados dissessem qual a porcentagem de funções de seus negócios ficariam fora do controle direto da empresa. Esperávamos que a porcentagem chegasse a aproximadamente 40%. Os entrevistados foram até mais agressivos, fornecendo a proporção de aproximadamente 45% até 2013.
- Quando perguntamos sobre modelos de negócio, um entre cada três entrevistados esperava ter seus modelos de negócio ajustados em grande parte ou totalmente por terceiros até 2013. (Por exemplo: uma empresa de médio porte de artigos de consumo tem que atender aos requisitos e estabelecer o modelo de negócio da dimensão de um Wal-Mart ou então perderá visibilidade do mercado.)
- Dois terços dos entrevistados esperam que suas redes de valor externo aumentem até 2013: 28% disse que esperam um aumento pequeno e 35% esperam um aumento substancial. Os de cultura mais agressiva, em particular, esperam aumentos substanciais.
- 30% das empresas líderes esperam que a TI de suas empresas — equipamentos, software, ferramentas, comportamentos e comércio pela web — estimulem mudanças extremas em seus segmentos e cadeias de valor.
3.1.1 Casos relacionados: surpresas desagradáveis ou boas
- Desagradável: Em 2007, Don Imus, o apresentador um programa de rádio em Nova York, foi afastado do seu programa de entrevistas depois que seus comentários raciais causaram protestos de consumidores e ativistas de direitos humanos. O protesto, por sua vez, fez com que os anunciantes abandonassem o programa e o público. Duas estações que mantinham programas com o apresentador, uma de TV e outra de rádio, despediram-no, agindo de forma que provavelmente não agiriam em outro caso.
- Planejado: O Facebook, um website de relacionamento social, cujos participantes eram anteriormente estudantes de ensino superior e de faculdade, intensificou seu público, abrindo as interfaces de programação de aplicativo a desenvolvedores de novas ferramentas e mecanismos de consulta. Expandiu seu âmbito, trazendo outras pessoas para seu grupo e estimulou inovações rapidamente. Seu modelo de negócios envolve pessoas fora de seu grupo original.
3.2 Hipóteses emergentes
- Mais de 40% das funções de negócios — desenho, qualidade, serviço, inovação, liderança de processos e financeiro — não serão controladas pela empresa. As funções de coordenação, negociação e expansão além fronteiras vão dominar, já que o controle direto vai desaparecer. Quando desenvolvemos a hipótese de empresa hiperconectada, projetamos que aproximadamente 40% das funções de negócios não seriam controladas por qualquer empresa até 2013. Os entrevistados na pesquisa calculam que a porcentagem seja de no mínimo 38% e no máximo 45%. (A grande questão é quais empresas vão aprender a navegar pelo modelo de empresa hiperconectada. Algumas, suspeitamos, vão achar o modelo muito arriscado e vão obter o controle das funções adquirindo terceiros dos quais elas dependem.)
- As relações horizontais se tornarão tão fortes quanto a influência vertical. Redes, comunidades sociais influentes e relações horizontais entre pessoas e grupos criam uma forma democrática e rápida de compartilhar informações e opiniões — na verdade, são formas mais democráticas e rápidas do que alguns executivos de empresas imaginam. A análise do ambiente atual de trabalho e comunicação revela que a comunicação horizontal é geralmente mais rápida, mais eficiente e mais influente do que as abordagens tradicionais de comunicação vertical. Particularmente, as relações horizontais serão um mecanismo forte de oportunidades de emprego, com novidades de cargos interessantes, oportunidades de emprego e projetos que se espalham como vírus pelas redes.
- Maior complexidade e interdependências globais vão exigir coordenação extraordinária. As empresas externadas — isto é, aquelas que criam e incorporam ecossistemas e cadeias de valor cada vez mais amplos — serão substancialmente mais complexas do que muitas empresas com enfoque interno. As empresas líderes devem desenvolver mecanismos eficazes de coordenação em suas divisas. A seleção de pessoas, a definição de papéis e o escopo de tomada de decisão fazem parte do mapa da coordenação. O número e os tipos de “peças em movimento” aumentam; a organização soberana desaparece.
- A tomada de decisão ideal vai transpor organizações, entidades de negócio e cadeias de valor. A tomada de decisão ideal exige navegação e negociação entre entidades. Todos os grupos vão depender mais ou menos de outros grupos. A interdependência será a base e a coordenação vai exigir comportamentos recíprocos, equitability and clear roles.
- A ação muda para a interface onde estão as novas fontes de interação e inovação. Na empresa hiperconectada, os interesses dominantes estarão nas divisas, onde a intimidade com o cliente, a qualidade do produto, a eficiência dos serviços e o domínio da marca vão estar em sincronização com as pessoas, os grupos e os clientes de fora do perímetro oficial daquele negócio. A ação vai mudar para a interface, isto é, para as interações humanas e as sistemáticas em todas as entidades de negócio.
4.0 Teste: a sua empresa está hiperconectada?
As pessoas que começam a ver manifestações de empresas hiperconectadas vão ter uma oportunidade para testar o modelo e utilizá-lo para obter vantagem competitiva. Você é uma dessas pessoas? A sua empresa pode se beneficiar com a nova onda de ser um precursor?
O Gartner desenvolveu um teste para determinar se uma empresa está na vanguarda do modelo de empresa hiperconectada ou não.
Quanto mais as seleções forem ficando à direita, maior a probabilidade de a empresa se encaixar no modelo de empresa hiperconectada. Isto é, as pessoas e os grupos fora dos perímetros oficiais da empresa terão um grau crescente de influência nos resultados financeiros, serviços, produtos, decisões, direção e reputação.

5.0 Conclusões
- A empresa hiperconectada se tornará um centro de liderança de negócios globais até o ano de 2015, e vai ser muito utilizada em áreas e em empresas dinâmicas, competitivas e agressivas.
- A empresa hiperconectada vai intensificar o compartilhamento de informações entre grupos diferentes, direcionar a tomada de decisão para responsabilidade conjunta e aumentar a freqüência e a magnitude da reconfiguração dos negócios.
- Os níveis de complexidade introduzidos pela camada de parceiros de negócios e cadeias de valor vão exigir coordenação extraordinária, tanto para evitar surpresas desagradáveis quanto para capitalizar com as boas oportunidades.
6.0 Recomendações
- Fazer o teste do Gartner para antecipar a relevância do modelo de empresa hiperconectada à sua empresa ou instituição.
- Desenvolver possíveis cenários de implicações, impactos e riscos. Incluir em seus cenários os riscos caso nenhuma medida seja tomada.
- Manter aqueles que estabelecem relações nas divisas de negócios e da organização, principalmente os que estão fortemente ligados a outras comunidades.
- Manter-se hiperconectado também: faça parte de outras comunidades e fóruns sociais; aprenda sobre o software social.
- Mapear suas redes de valores externos, atuais e potenciais. Novas ferramentas estão surgindo para identificar elementos fundamentais.
- Investigar serviços e software para comunidades de confiança e gerenciamento de reputação pela internet.
Obs.: Esta é uma análise independente do Gartner: Foi desenvolvida no âmbito da comunidade analítica do Gartner e não pelo processo das nossas análises, tipicamente amplo e conduzido pelo consenso. O Gartner autorizou essa análise porque suas implicações são muito abrangentes e extremamente significativas, mesmo que não concordemos com as conclusões da comunidade de analistas. Este relatório apresenta a análise inicial, muito ainda está por vir.
Fonte: Por Diane Morello, in info.abril.com.br/corporate
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