Pular para o conteúdo principal

A tecnologia e a comunicação corporativa

Por Fernanda Pancheri*

Nos últimos anos, o mercado de comunicação corporativa passou por uma verdadeira revolução. Há pouco mais de 15 anos, as empresas comunicavam novidades por meio de press releases via fax. O email ainda era algo pouco utilizado e fazia parte da rotina de um grupo muito restrito de profissionais. Os próprios celulares eram artefatos raros. Lembro claramente da coletiva de imprensa da BCP para apresentação de um dos primeiros aparelhos de telefonia móvel que combinava funcionalidade, peso e tamanho viáveis para se tornar uma ferramenta de trabalho. 

Os avanços da tecnologia mudaram o comportamento humano e, consequentemente, impactaram as mais diferentes áreas de negócios, incluindo a comunicação corporativa. Mesmo os mais avessos às soluções precisaram se adaptar e moldar o seu dia a dia a um novo cenário. 

Com a Internet, o volume de releases que chegava a redação - agora por email - ultrapassava a casa de centenas. Com os celulares, ditávamos as notas para os jornalistas das redações redigirem e atualizarem o conteúdo das agências de notícias. Tudo muito rápido. Hoje, o ditado também não existe mais. Agora, é só digitar diretamente do tablet ou do smartphone e publicar a notícia. Se o mundo mudou com o jornalismo online, o profissional de comunicação corporativa viu, a cada dia, o universo de canais aumentar. Mais recentemente, com as redes sociais, vivemos um novo momento. O release tradicional, com disparos regulares, funciona pouco e apenas para alguns segmentos. Na era do big data, o volume e o acesso à informação é tão grande e rápido que, novamente, é hora de nos reinventarmos. 

Vivemos um novo período de transição, no qual as necessidades e os comportamentos são ajustados em linha com os avanços da tecnologia. Hoje, os formadores de opinião não são mais apenas jornalistas e editores. Temos pequenos, médios e grandes formadores de opinião que carregam milhares de fãs em BLOGs, Facebook, Twitter, Linkedin, Instagram e inúmeras outras redes. 

Agora, todos falam e são ouvidos. E a comunicação corporativa, como fica nesta situação? Os objetivos continuam os mesmos: a construção ou manutenção da imagem e reputação das empresas. Mas a dinâmica e os alcances agora são outros. 

Se, há algum tempo, produzir conteúdo não era prioridade para a comunicação corporativa, agora é algo que desponta como uma das principais necessidades. Se responder ao cliente final não era função do profissional de relações públicas, agora é. Se antes se preocupar com o design não era função de um assessor de imprensa, agora faz parte do escopo. Não basta mais produzir conteúdo se ele não for visualmente atraente para o público com o qual queremos nos relacionar. 

Alguns chamam todo este processo de PR 3.0. Independente do nome a ser adotado, o fato é que o mundo e a comunicação corporativa precisam mudar junto. Se hoje os releases já são ferramentas poucos utilizadas, daqui a alguns anos, talvez eles não existam mais. 

Como resultado, nós, profissionais de comunicação corporativa, precisamos estar abertos a todas estas mudanças. Afinal, assim como as demais evoluções da tecnologia, certamente, a única certeza é que este novo cenário nos tornará profissionais muito mais ágeis e completos. 


*Por Fernanda Pancheri é diretora-fundadora da Note! Comunicação, agência de comunicação corporativa.
Disponível em: http://boo-box.link/21SPP

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su...

Funcionários da Domino´s Pizza postam vídeo no You Tube e são processados

Dois funcionários irresponsáveis imaginam um vídeo “muito engraçado” usando alimentos e toda sorte de escatologia. O cenário é uma cozinha da pizzaria Domino´s. Pronto, está feito o vídeo que mais chamou a atenção da mídia americana na semana passada. Nele, os dois funcionários se divertem enquanto um espirra na comida, entre outras amostras de higiene pessoal. Tudo isso foi postado no you tube no que eles consideraram “uma grande brincadeira”. O vídeo em questão, agora removido do site, foi visto por mais de 930 mil pessoas em apenas dois dias. (o vídeo já foi removido, mas pode ser conferido em trechos nesta reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=eYmFQjszaec ) Mas para os consumidores da rede, é uma grande(síssima) falta de respeito. Restou ao presidente a tarefa de “limpar” a bagunça (e a barra da empresa). Há poucos dias, Patrick Doyle, CEO nos EUA, veio a público e respondeu na mesma moeda. No vídeo de dois minutos no You Tube, Doyle ( http://www.youtube.com/watch?v=7l6AJ49xNS...

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De...