Pular para o conteúdo principal

As lições do RP mais influente do século XX

Esta semana recebemos a visita de Harold Burson, fundador da Burson Marsteller, uma das maiores agências de RP do mundo, e considerado o “Personagem de RP Mais Influente do Século XX” pela revista PR Week. Num café da manhã com a presença de bons nomes da comunicação empresarial brasileira, Mr. Burson, aos 85 anos, esbanjou vitalidade, lucidez e sabedoria.

Pela ótica do velho mestre, todos os problemas pretensamente insolúveis de nosso setor passam, primeiro, pela espetacular transformação pela qual o mercado global de relações públicas passou nos últimos 40 anos. Ele lembrou que, na década de 70, grande parte dos profissionais de RP tinha um cargo de visibilidade nas companhias, e que hoje este espaço foi ocupado pelos grandes executivos de comunicação corporativa. Esta troca, porém, deve-se mais às intensas pressões a que estão submetidas as grandes corporações atualmente e menos a uma evolução natural da profissão.

“O avanço da imprensa, que tem se tornado mais crítica, agressiva e intrusiva a cada dia – com o reforço da notícia em tempo real propiciada pela internet -, faz com que o trabalho do comunicador seja muito mais defensivo, no sentido estratégico, do que reativo e, consequentemente, criativo”, decretou Mr. Burson. Para quem viveu o nascimento das relações públicas como atividade econômica – a Burson-Marsteller foi criada em 1946 –, com as facilidades em criar e manter reputações em épocas mais inocentes, deve ser quase um pesadelo ver como hoje as empresas são obrigadas a conviver com tantas exigências da sociedade, ONGs, sindicatos, entidades e, mais importante, de um consumidor cada vez mais consciente.

Deliciosas foram as definições de Mr. Burson sobre nossa atividade. Desconsiderando a bizarra situação do mercado brasileiro – onde apenas uma parcela dos profissionais pode se intitular “relações públicas”, devido a uma lei de 1967 -, o pioneiro definiu: “O profissional de relações públicas é aquele que faz bem – e direito – e comunica isso. É aquele que, nas corporações, aconselha o management sobre o que é melhor a fazer em termos de imagem e de estratégia”. Simples assim.

Sobre as qualidades exigidas de um bom comunicador, Harry foi enfático: inteligência, esperteza, facilidade de relacionamento e – para grande surpresa dos presentes – saber escrever. Sim, Mr. Burson confirmou a charada! Não pode se comunicar bem quem não consegue transmitir idéias por meio de um texto. É a regra inexorável da comunicação há décadas, ainda que hoje seja uma norma frequentemente deixada de lado.

Além de transmitir de forma brilhante seu vasto conhecimento, a personalidade mais influente do RP no século XX demonstrou que simplicidade, humildade e pensamento criativo são os mais importantes, simples e infalíveis ingredientes do bom comunicador. Obrigado, senhor Burson.


Fonte: Por Daniel Bruin, in www.jornaldacomunicacao.com.br
Artigo publicado como título original de "As lições de Mr Burson"

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Funcionários da Domino´s Pizza postam vídeo no You Tube e são processados

Dois funcionários irresponsáveis imaginam um vídeo “muito engraçado” usando alimentos e toda sorte de escatologia. O cenário é uma cozinha da pizzaria Domino´s. Pronto, está feito o vídeo que mais chamou a atenção da mídia americana na semana passada. Nele, os dois funcionários se divertem enquanto um espirra na comida, entre outras amostras de higiene pessoal. Tudo isso foi postado no you tube no que eles consideraram “uma grande brincadeira”. O vídeo em questão, agora removido do site, foi visto por mais de 930 mil pessoas em apenas dois dias. (o vídeo já foi removido, mas pode ser conferido em trechos nesta reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=eYmFQjszaec ) Mas para os consumidores da rede, é uma grande(síssima) falta de respeito. Restou ao presidente a tarefa de “limpar” a bagunça (e a barra da empresa). Há poucos dias, Patrick Doyle, CEO nos EUA, veio a público e respondeu na mesma moeda. No vídeo de dois minutos no You Tube, Doyle ( http://www.youtube.com/watch?v=7l6AJ49xNS