A natureza, para ser controlada, deve ser obedecida. Essa genial formulação do filósofo Francis Bacon serve de epígrafe para um capítulo do livro The Origin of Wealth, de Eric D. Beinhocker, dedicado a esclarecer o impacto sobre empresas e sociedades do novo sistema econômico global dentro do qual estamos navegando.
Beinhocker é uma das estrelas intelectuais da McKinsey. Seu calhamaço de mais de 500 páginas consegue o prodígio de combinar o melhor da história do pensamento, tanto em economia quanto em administração de empresas. A conclusão é inequívoca: a sobrevivência no mercado é uma questão de design. Nem tudo são forças cegas ou mãos invisíveis. A incerteza é radical. Mas o fato de ocorrer aprendizado permite a evolução por meio de ajustes no design. A competitividade das empresas, num contexto de complexidade, não virá das tentativas de controle total dos seus processos internos e externos.
Muitas escolas de administração já tentaram, sem sucesso ou com o mesmo grau de insucesso das teorias econômicas, prever a estratégia adequada. A organização competitiva, que sobrevive na complexidade, é aquela capaz de desenhar uma estratégia que dá lugar à reinvenção, à reprogramação e à recriação em seus processos e produtos ou serviços. A guinada consiste em colocar a estratégia de inovação no centro do processo de design das organizações.
Estratégias são, para as empresas, compromissos de longo prazo que geram vantagem competitiva. Ao incorporar a visão da complexidade do mercado ao design da inovação, Beinhocker acredita ter encontrado uma espécie de pedra filosofal dos negócios, uma chave para o sucesso. A própria competição vai produzindo organizações que aprendem a inovar. Essas representam a minoria de empresas que, num ambiente de riscos incalculáveis, sobrevivem no tempo e evoluem com a sociedade. Mas esse número tem aumentado, fruto do aprendizado coletivo. Para sobreviver na hipercompetição dos sistemas complexos, é necessário aprender a inovar incessantemente. Ou pensar em estratégia como uma variedade de experimentos, internalizando na empresa os padrões da evolução complexa em que ela precisa atuar.
"Trazer a evolução para dentro" significa uma estratégia, ou seja, um compromisso com diferenciação, seleção e imaginação. Exemplo prático: em vez de correr grandes riscos com apostas em inovação, Beinhocker defende a multiplicação das experiências, apostas menores, deixando para apostar grande naquela que realmente funcionar, como quem persegue diferentes planos de negócios ao mesmo tempo. Muitas falhas pequenas são melhores que uma grande falha irreversível e tardia. Cada pequena falha pode gerar um aprendizado que conduz à inovação e, portanto, à evolução. Por acreditar que a natureza evolui desse modo não linear, complexo e beirando o caos, Beinhocker sugere que empresários, investidores e governantes "deixem a inovação entrar" e corram o risco de evoluir. Afinal, a natureza só pode ser controlada se for obedecida.
Fonte: Por Gilson Schwartz, Coluna Iconomia, in epocanegocios.globo.com
Beinhocker é uma das estrelas intelectuais da McKinsey. Seu calhamaço de mais de 500 páginas consegue o prodígio de combinar o melhor da história do pensamento, tanto em economia quanto em administração de empresas. A conclusão é inequívoca: a sobrevivência no mercado é uma questão de design. Nem tudo são forças cegas ou mãos invisíveis. A incerteza é radical. Mas o fato de ocorrer aprendizado permite a evolução por meio de ajustes no design. A competitividade das empresas, num contexto de complexidade, não virá das tentativas de controle total dos seus processos internos e externos.
Muitas escolas de administração já tentaram, sem sucesso ou com o mesmo grau de insucesso das teorias econômicas, prever a estratégia adequada. A organização competitiva, que sobrevive na complexidade, é aquela capaz de desenhar uma estratégia que dá lugar à reinvenção, à reprogramação e à recriação em seus processos e produtos ou serviços. A guinada consiste em colocar a estratégia de inovação no centro do processo de design das organizações.
Estratégias são, para as empresas, compromissos de longo prazo que geram vantagem competitiva. Ao incorporar a visão da complexidade do mercado ao design da inovação, Beinhocker acredita ter encontrado uma espécie de pedra filosofal dos negócios, uma chave para o sucesso. A própria competição vai produzindo organizações que aprendem a inovar. Essas representam a minoria de empresas que, num ambiente de riscos incalculáveis, sobrevivem no tempo e evoluem com a sociedade. Mas esse número tem aumentado, fruto do aprendizado coletivo. Para sobreviver na hipercompetição dos sistemas complexos, é necessário aprender a inovar incessantemente. Ou pensar em estratégia como uma variedade de experimentos, internalizando na empresa os padrões da evolução complexa em que ela precisa atuar.
"Trazer a evolução para dentro" significa uma estratégia, ou seja, um compromisso com diferenciação, seleção e imaginação. Exemplo prático: em vez de correr grandes riscos com apostas em inovação, Beinhocker defende a multiplicação das experiências, apostas menores, deixando para apostar grande naquela que realmente funcionar, como quem persegue diferentes planos de negócios ao mesmo tempo. Muitas falhas pequenas são melhores que uma grande falha irreversível e tardia. Cada pequena falha pode gerar um aprendizado que conduz à inovação e, portanto, à evolução. Por acreditar que a natureza evolui desse modo não linear, complexo e beirando o caos, Beinhocker sugere que empresários, investidores e governantes "deixem a inovação entrar" e corram o risco de evoluir. Afinal, a natureza só pode ser controlada se for obedecida.
Fonte: Por Gilson Schwartz, Coluna Iconomia, in epocanegocios.globo.com
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