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Os sete mitos da inovação na crise

A crise como todos já sabemos pode ser momento de ameaças, mas também de oportunidades. No entanto, a maioria das empresas, conforme pesquisa recente da Mckinsey, tem optado por não mudar sua estratégia, optando por pequenos avanços nos produtos existentes com foco nos clientes atuais.

Mais do que isso, em tempos de crise muitas empresas parecem ter olhos apenas para reduções de custos e cortes de pessoal, esquecendo que as crises são passageiras e que muitas empresas se fortalecem nesse momento. O Google é um caso clássico de empresa que cresceu após o estouro da chamada “bolha das empresas pontocom”.

Uma série de mitos se consolida em tempos de crise propagados por "especialistas" que generalizam os problemas e também as soluções, esquecendo que a gestão é uma ciência contextual na qual cada situação apresenta diferentes desafios e enseja diferentes soluções.

Abaixo elencamos uma série de mitos sobre inovação em tempos de crise para que você e sua empresa possam responder adequadamente a atual crise e garantir a competitividade futura de seu negócio.

1. Crise é momento de alto risco: Com certeza, mas lembre-se de que o risco está diretamente associado ao nível de incerteza e a exposição que temos a tais incertezas. Ao invés de “ir com toda sede ao pote” a empresa pode adotar a Experimentação como forma de aprender rápido com baixo custo até que o nível de incerteza seja menor. Dessa forma é possível reduzir significativamente o risco sem deixar de explorar novos caminhos.

2. Crise é momento de olhar para dentro: Pelo contrário, nessa situação parceiros, fornecedores e até concorrentes estão buscando as mais variadas soluções. É hora de aplicar os conceitos de inovação aberta como forma de ampliar os recursos limitados de que a organização dispõe e reduzir o risco dos investimentos necessários.

3. Crise é momento de esquecer a inovação e focar no core business: Depende. Se sua empresa tem um core business controlado ou mesmo saturado esse é o melhor momento para ampliar as fronteiras do core business e inovar na criação de novos negócios. Contudo, se sua empresa tem um core business fragilizado ou sob ataque de terceiros é o momento de direcionar os investimentos de inovação para otimização do núcleo a partir de inovações de processo, organização, cadeia de fornecimento entre outros tipos de inovações disponíveis.

4. Crise é momento de muita análise antes do investimento: Pelo contrário. O nível de incerteza torna o processo de análise ex-ante quase um exercício de futurologia. A melhor forma de lidar com tal incerteza é investir pouco, aprender muito e ir refinando as apostas a medida que o nível de incerteza diminui. Para isso é preciso dominar a Experimentação, uma das principais fases do processo de inovação.

5. Crise é momento de não mudar os projetos de inovação: Também depende. Nesse caso é preciso analisar o seu portifólio de projetos e idéias de potencial inovador para tomar as melhores decisões. O primeiro passo é avaliar o portifolio que a empresa dispõe para encontrar o equilíbrio adequado entre os projetos de curto e longo prazo. Nesse momento pode ser o caso de acelerar projetos de retorno mais rápido sem deixar de investir em alguns grandes projetos de alto impacto.

6. Crise é momento de boca fechada: Crise é momento de comunicação interna intensa. Um dos produtos da crise, especialmente para gestão da inovação, é uma queda da confiança dos profissionais sobre a continuidade dos investimentos e apostas da empresa. Quanto mais comunicar o seu direcionamento maior será a confiança dos envolvidos.

7. Crise é hora de cortar investimentos de inovação: Um dos principais efeitos da crise é a redução de orçamento para os projetos de médio e longo prazo. Uma forma de garantir atenção para inovação é separar investimentos do orçamento especificamente para esse fim com espectro de 2 a 3 anos sem que possam ficar suscetíveis as flutuações de mercado. Outra alternativa é desenvolver novas fontes de recursos junto a clientes, parceiros, fornecedores e os organismos de fomento existentes.

Questione as soluções genéricas. Analise a realidade da sua empresa. Perceba como a inovação pode colocar sua empresa no caminho da competitividade futura. Se optar por inovar tenha cuidado com os Mitos. Embaixo deles podem haver oportunidades para melhorar a produtividade da inovação na crise.


Fonte: Por Maximiliano Carlomagno e Felipe Ost Scherer, in epocanegocios.globo.com

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