Tome emprestado do mundo acadêmico um modelo matemático careta para simular situações de negócios. Busque no universo dos videogames um ambiente de jogo graficamente instigante e que permita ao usuário entrar na pele de um personagem na tela de um computador. Para forjar uma liga entre campos tão distantes (e que demandam linguagens de computação pesadas e não raramente incompatíveis), busque inspiração no e-learning e seus recursos inteligentes para facilitar a educação a distância. O resultado será uma ferramenta para treinamento de pessoal batizada de simulador empresarial. Ela permite recriar situações do dia-a-dia das empresas em um ambiente virtual, para que funcionários possam praticar exaustivamente suas tarefas, sem risco para o negócio – como um piloto de jato comercial em um simulador de vôo.
A Coca-Cola começa neste mês a utilizar a novidade para treinar ações em pontos-de-venda cada vez mais versáteis – como padarias que servem café-da-manhã, almoço e, à noite, viram ponto de happy hour. “Essa nova realidade exige uma melhor capacitação dos vendedores. No lugar de dar aquele treinamento tradicional, com o pessoal fechado numa sala de aula, buscamos essa ferramenta, mais dinâmica e atrativa”, afirma Ricardo Pagani, diretor de capacitação comercial da Coca-Cola. Num jogo relativamente sofisticado, o simulador reproduz o ambiente de bares, padarias e restaurantes e desafia o vendedor a escolher, numa corrida contra o relógio, o material de merchandising que deve usar em cada um, onde posicionar cartazes e banners e que tipo de em-balagens privilegiar. Já a Natura usa um game corporativo para preparar sua força de vendas. O simulador permite às promotoras reproduzir um ano de negócios em três horas.
Empresas como Coca-Cola e Natura, entre outras oito companhias, utilizam simuladores desenvolvidos pela Aennova, uma empresa brasileira criada há sete anos por Leonardo Reis, um jovem empreendedor paulistano de carreira tortuosa. Depois de cursar um ano de física, Leo, como é chamado na empresa, se formou em engenharia química, trabalhou na Gessy Lever e fez cursos de pós-graduação na London Business School e no MIT, onde tomou contato com os modelos matemáticos que inspiram a Aennova. Antes disso, porém, foi consultor de RH, mas queria trabalhar com esportes. Pensava em criar um simulador para jogos de futebol, como os que já existem no vôlei. Corintiano, hoje com 38 anos, Reis chegou a bater na porta de técnicos como Vanderlei Luxemburgo e Mário Sérgio, mas ninguém comprou sua idéia. Ele voltou-se, então, para o mundo dos negócios e abriu a empresa em 2001. O empresário americano John Mein, ex-presidente da Câmara Americana de Comércio no Brasil, foi seu primeiro cliente.
O conceito de game corporativo nasceu inspirado nos jogos de guerra, as simulações de estratégia mais antigas de que se tem notícia. Nos anos 50, no MIT, o engenheiro eletrônico Jay Forrester criou o conceito de dinâmica de sistemas, que resultou em modelos de simulação para áreas tão distintas como educação, desenvolvimento de cidades e erradicação da poliomielite. Mais conhecido como inventor da memória RAM, Forrester criou também os primeiros simuladores empresariais. Desde então, o MIT é referência nesse campo. Foi lá que Reis conheceu o professor John Sterman, criador do Jogo da Cerveja, um dos games empresariais mais famosos do mundo, que simula o comportamento de uma cadeia de suprimentos e é usado em cursos de administração para simular a operação de uma rede de logística. “Os simuladores empresariais existem faz tempo, mas eram bem toscos”, diz Reis.
Tanto as promotoras da Natura como os vendedores da Coca-Cola usam seus games corporativos em centros de treinamento das empresas, que não os deixam online por questões de segurança. Mas a tecnologia já permite jogar até no celular, desde que a tela seja grande o bastante.
Simuladores empresariais são pouco conhecidos no Brasil, mas Reis está convencido de que, no futuro, serão tão comuns quanto planilhas de Excel. “As pessoas aprendem melhor e mais rapidamente fazendo”, afirma ele. A tendência é internacional. “Videogames estão abrindo caminho dentro das corporações, com experientes CEOs fazendo empregados jogaremcomo parte de seu treinamento”, informa uma recente reportagem da revista Fast Company. Nos Estados Unidos, sobretudo os setores militar, de saúde e de educação estão usando videogames com essa finalidade. Mas não apenas eles. A cadeia de hotéis Hilton adotou um jogo corporativo que simula o atendimento de demandas dos hóspedes. A Alcoa está usando o simulador SafeDock em seu programa de treinamento. E a Cisco utiliza os chamados “games sérios” como instrumento de e-learning para funcionários. É o começo de uma onda?
Fonte: Por Alexandre Teixeira, in epocanegocios.globo.com
A Coca-Cola começa neste mês a utilizar a novidade para treinar ações em pontos-de-venda cada vez mais versáteis – como padarias que servem café-da-manhã, almoço e, à noite, viram ponto de happy hour. “Essa nova realidade exige uma melhor capacitação dos vendedores. No lugar de dar aquele treinamento tradicional, com o pessoal fechado numa sala de aula, buscamos essa ferramenta, mais dinâmica e atrativa”, afirma Ricardo Pagani, diretor de capacitação comercial da Coca-Cola. Num jogo relativamente sofisticado, o simulador reproduz o ambiente de bares, padarias e restaurantes e desafia o vendedor a escolher, numa corrida contra o relógio, o material de merchandising que deve usar em cada um, onde posicionar cartazes e banners e que tipo de em-balagens privilegiar. Já a Natura usa um game corporativo para preparar sua força de vendas. O simulador permite às promotoras reproduzir um ano de negócios em três horas.
Empresas como Coca-Cola e Natura, entre outras oito companhias, utilizam simuladores desenvolvidos pela Aennova, uma empresa brasileira criada há sete anos por Leonardo Reis, um jovem empreendedor paulistano de carreira tortuosa. Depois de cursar um ano de física, Leo, como é chamado na empresa, se formou em engenharia química, trabalhou na Gessy Lever e fez cursos de pós-graduação na London Business School e no MIT, onde tomou contato com os modelos matemáticos que inspiram a Aennova. Antes disso, porém, foi consultor de RH, mas queria trabalhar com esportes. Pensava em criar um simulador para jogos de futebol, como os que já existem no vôlei. Corintiano, hoje com 38 anos, Reis chegou a bater na porta de técnicos como Vanderlei Luxemburgo e Mário Sérgio, mas ninguém comprou sua idéia. Ele voltou-se, então, para o mundo dos negócios e abriu a empresa em 2001. O empresário americano John Mein, ex-presidente da Câmara Americana de Comércio no Brasil, foi seu primeiro cliente.
O conceito de game corporativo nasceu inspirado nos jogos de guerra, as simulações de estratégia mais antigas de que se tem notícia. Nos anos 50, no MIT, o engenheiro eletrônico Jay Forrester criou o conceito de dinâmica de sistemas, que resultou em modelos de simulação para áreas tão distintas como educação, desenvolvimento de cidades e erradicação da poliomielite. Mais conhecido como inventor da memória RAM, Forrester criou também os primeiros simuladores empresariais. Desde então, o MIT é referência nesse campo. Foi lá que Reis conheceu o professor John Sterman, criador do Jogo da Cerveja, um dos games empresariais mais famosos do mundo, que simula o comportamento de uma cadeia de suprimentos e é usado em cursos de administração para simular a operação de uma rede de logística. “Os simuladores empresariais existem faz tempo, mas eram bem toscos”, diz Reis.
Tanto as promotoras da Natura como os vendedores da Coca-Cola usam seus games corporativos em centros de treinamento das empresas, que não os deixam online por questões de segurança. Mas a tecnologia já permite jogar até no celular, desde que a tela seja grande o bastante.
Simuladores empresariais são pouco conhecidos no Brasil, mas Reis está convencido de que, no futuro, serão tão comuns quanto planilhas de Excel. “As pessoas aprendem melhor e mais rapidamente fazendo”, afirma ele. A tendência é internacional. “Videogames estão abrindo caminho dentro das corporações, com experientes CEOs fazendo empregados jogaremcomo parte de seu treinamento”, informa uma recente reportagem da revista Fast Company. Nos Estados Unidos, sobretudo os setores militar, de saúde e de educação estão usando videogames com essa finalidade. Mas não apenas eles. A cadeia de hotéis Hilton adotou um jogo corporativo que simula o atendimento de demandas dos hóspedes. A Alcoa está usando o simulador SafeDock em seu programa de treinamento. E a Cisco utiliza os chamados “games sérios” como instrumento de e-learning para funcionários. É o começo de uma onda?
Fonte: Por Alexandre Teixeira, in epocanegocios.globo.com
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