Tão 1999: no meio de tanta novidade, ainda há quem gaste tempo discutindo se banners funcionam. E ainda bem. Porque num desses debates, no mês passado, acabei tendo acesso a alguns números pelo menos intrigantes.
Pense o seguinte: coloquei um banner para um cliente na primeira página de um dos principais portais do mundo. Por qualquer que seja o motivo, no banner havia um gato. E nem era dos mais bonitos — nada de muito interessante ou criativo, confesso, apenas um gato. Nem importa muito, pois o que queria dizer mesmo é que, naquele dia, uma das palavras top 10 na busca daquele mesmo portal foi… “cat”! Isso mesmo: a simples exposição de uma imagem no tal banner que “ninguém clica” gerou, mais tarde no mesmo dia, um volume inesperado de buscas pelo assunto.
Quem precisa de click through, afinal?
Desde que fiquei sabendo dessa história, pelo menos uma vez por semana ouço falar de algum estudo confirmando algo parecido: cada vez que alguém anuncia num portal, o volume de buscas do mesmo assunto sobe.
Extrapolando o raciocínio, parece-me razoável imaginar que o mesmo ocorra (mesmo que em menor grau) com um comercial e um anúncio de revista ou jornal. Mas, até aí, nada que realmente surpreenda, além do fato de que os números agora comprovam uma teoria de uns três bons pares de anos.
O que começa a entrar na discussão é que, agora que sabemos que isso realmente funciona, por que toda campanha (online ou off-line) não dedica parte da verba para o que chamam por aí de “search marketing”? Se toda campanha gera buscas praticamente imediatas em buscadores diversos, o que as marcas e suas agências estão fazendo para que esse súbito interesse que eles mesmos criaram não resulte numa gratificante visita ao concorrente? Praticamente nada. Mas por quê?
Possibilidade 1: como essa relação indireta nem sempre é rastreável, ninguém pensa muito nisso.
Possibilidade 2: como search marketing envolve mais matemática e algoritmos do que cabe em um arquivo Excel, nossos mídias não estão muito equipados para tanto.
Possibilidade 3: como search marketing normalmente é apenas um punhadinho de letras no canto da busca, criativos não se interessam muito pelo assunto.
Possibilidade 4: porque é coisa de nerd! E ninguém quer ter essa imagem num meio onde todo mundo é tão cool.
Junte um pouco de cada uma e provavelmente se tem a explicação para a grande maioria dos casos. O resultado? O irônico nascimento das chamadas agências de search marketing, que começou há alguns anos, mas se tornou mania absoluta nos últimos seis meses.
Essa nova geração de agências fez com o marketing digital o que este último fez com a propaganda: nasceu, pediu licença para participar da festa e, como não foi muito ouvido, foi embora e criou seu próprio mundo independente.
Uma emancipação curiosa, mas também triste. Por um lado, parece-me engraçado que tanto aqueles que pregam que agências deveriam ser integradas e 360o quanto os que advogam pela separação do digital como disciplina deixaram essa oportunidade passar, basicamente comprometendo a credibilidade de ambos os argumentos. Por outro, é desanimador imaginar que, como indústria, podemos estar deixando passar uma chance incrível, fazendo com que o Mercado fique ainda mais pulverizado e desintegrado, em vez de utilizar as possibilidades dessa nova disciplina para realizar o sonho de qualquer anunciante desde o início dos tempos: criar grandes campanhas sem se preocupar com resultados diretos, mas acompanhando bem de perto o recompensante resultado “indireto”.
No fim das contas, entre gatos, banners e comerciais, nossos vícios de ofício mais uma vez nos pregaram uma peça.
Fonte: Por PJ Pereira, in www.meioemensagem.com.br
Pense o seguinte: coloquei um banner para um cliente na primeira página de um dos principais portais do mundo. Por qualquer que seja o motivo, no banner havia um gato. E nem era dos mais bonitos — nada de muito interessante ou criativo, confesso, apenas um gato. Nem importa muito, pois o que queria dizer mesmo é que, naquele dia, uma das palavras top 10 na busca daquele mesmo portal foi… “cat”! Isso mesmo: a simples exposição de uma imagem no tal banner que “ninguém clica” gerou, mais tarde no mesmo dia, um volume inesperado de buscas pelo assunto.
Quem precisa de click through, afinal?
Desde que fiquei sabendo dessa história, pelo menos uma vez por semana ouço falar de algum estudo confirmando algo parecido: cada vez que alguém anuncia num portal, o volume de buscas do mesmo assunto sobe.
Extrapolando o raciocínio, parece-me razoável imaginar que o mesmo ocorra (mesmo que em menor grau) com um comercial e um anúncio de revista ou jornal. Mas, até aí, nada que realmente surpreenda, além do fato de que os números agora comprovam uma teoria de uns três bons pares de anos.
O que começa a entrar na discussão é que, agora que sabemos que isso realmente funciona, por que toda campanha (online ou off-line) não dedica parte da verba para o que chamam por aí de “search marketing”? Se toda campanha gera buscas praticamente imediatas em buscadores diversos, o que as marcas e suas agências estão fazendo para que esse súbito interesse que eles mesmos criaram não resulte numa gratificante visita ao concorrente? Praticamente nada. Mas por quê?
Possibilidade 1: como essa relação indireta nem sempre é rastreável, ninguém pensa muito nisso.
Possibilidade 2: como search marketing envolve mais matemática e algoritmos do que cabe em um arquivo Excel, nossos mídias não estão muito equipados para tanto.
Possibilidade 3: como search marketing normalmente é apenas um punhadinho de letras no canto da busca, criativos não se interessam muito pelo assunto.
Possibilidade 4: porque é coisa de nerd! E ninguém quer ter essa imagem num meio onde todo mundo é tão cool.
Junte um pouco de cada uma e provavelmente se tem a explicação para a grande maioria dos casos. O resultado? O irônico nascimento das chamadas agências de search marketing, que começou há alguns anos, mas se tornou mania absoluta nos últimos seis meses.
Essa nova geração de agências fez com o marketing digital o que este último fez com a propaganda: nasceu, pediu licença para participar da festa e, como não foi muito ouvido, foi embora e criou seu próprio mundo independente.
Uma emancipação curiosa, mas também triste. Por um lado, parece-me engraçado que tanto aqueles que pregam que agências deveriam ser integradas e 360o quanto os que advogam pela separação do digital como disciplina deixaram essa oportunidade passar, basicamente comprometendo a credibilidade de ambos os argumentos. Por outro, é desanimador imaginar que, como indústria, podemos estar deixando passar uma chance incrível, fazendo com que o Mercado fique ainda mais pulverizado e desintegrado, em vez de utilizar as possibilidades dessa nova disciplina para realizar o sonho de qualquer anunciante desde o início dos tempos: criar grandes campanhas sem se preocupar com resultados diretos, mas acompanhando bem de perto o recompensante resultado “indireto”.
No fim das contas, entre gatos, banners e comerciais, nossos vícios de ofício mais uma vez nos pregaram uma peça.
Fonte: Por PJ Pereira, in www.meioemensagem.com.br
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