É cada vez mais importante compreender de que modo se constroem os relacionamentos entre as pessoas nas diferentes culturas. É o que se convencionou chamar de networking. Chineses, indianos e russos tratam a questão de modo diferente de europeus e americanos. Para ser bem-sucedido, o administrador precisa compreender como funcionam as diversas práticas de networking e as implicações disso para os negócios na cultura onde atuam.
O networking nada mais é do que a construção de redes de relacionamentos. Para que seja eficaz, o networking, sobretudo em culturas diferentes da do indivíduo empenhado nessa prática, requer mais do que simples opiniões. É preciso conhecimento e compreensão dos princípios fundamentais dessa disciplina.
As redes permitem satisfazer duas necessidades básicas e concorrentes que as pessoas têm nas suas relações: a necessidade de proteção e de segurança em oposição à necessidade que têm as pessoas de habilidades e de informações. As redes fechadas, onde a maior parte das pessoas se conhecem, contribuem para que haja um clima de confiança, proteção e segurança. As redes abertas, onde poucas pessoas mantêm contato umas com as outras, contribuem para a aquisição de habilidades e de informações que podem resultar em sua independência.
Assim como a necessidade básica das pessoas consiste em promover um ambiente de proteção e de segurança, assim também o primeiro objetivo das redes em uma sociedade consiste em proporcionar um clima de confiança, se é que tal clima já não faz parte do sistema institucional dessa sociedade. Se o sistema propiciar proteção e segurança por intermédio de leis, regulamentos e instituições sociais, segue-se que será possível recorrer às redes para a aquisição de habilidades, informações e independência.
Redes abertas e fechadas: Vale do Silício x China
A construção de relacionamentos no âmbito desses dois tipos de redes, e em culturas distintas, poderá ser mais bem avaliada se tomarmos como exemplos práticos dessas diferenças o funcionamento do networking no Vale do Silício e na China.
O Vale do Silício é um ecossistema extraordinariamente bem-sucedido, e parte de sua habilidade constante de gerar inovações, novas empresas e lucros se deve às redes e à prática do networking que permeiam o Vale. As redes existentes, e a crença generalizada em sua utilidade, são duas das razões pelas quais o Vale foi capaz de criar sucessivas ondas de inovações nos últimos 50 anos e de sobreviver a elas.
Em recente pesquisa vinculada ao programa de MBA do IMD, a tríade “networking, colaboração e compartilhamento de idéias” foi considerada um dos oito fatores fundamentais que, ao que tudo indica, teriam contribuído para o sucesso sem paralelo do Vale do Silício. Três outros fatores fundamentais intimamente associados ao networking apontados pela pesquisa foram: idéias e execução, aprendizado com a experiência e investimentos inteligentes.
A China, por sua vez, prospera graças ao “guanxi”, isto é, os relacionamentos especiais entre duas ou mais pessoas, sendo que o sucesso de uma empresa pode ser conseqüência, em parte pelo menos, das redes oriundas de tais relacionamentos.
Ao comparar as redes do Vale do Silício com as da China, porém, Tomas Cassas, um espanhol criado nos EUA, mas que reside atualmente na China, disse que “nos Estados Unidos, as redes têm um caráter mais transacional, e que o indivíduo procura se relacionar inicialmente com alguém se houver aí benefício mútuo e se a relação for bastante clara e transparente. As relações ocorrem numa chave muito explícita: seja que tipo for de relação que o indivíduo construa tendo em vista um propósito específico, ele deverá se beneficiar dessa relação em particular.”
“Na China, quando alguém participa do guanxi, isto é, quando decide construir uma relação, via de regra tem em mente um objetivo específico para isso, mas nunca sabe, de fato, que rumo esse envolvimento tomará. Nem por isso ele deixa de investir muito tempo nisso. Se, de algum modo, sua empreitada for bem-sucedida, é bem provável que ele colha muitos outros frutos mais adiante.”
Prós e contras
As duas estratégias antagônicas de networking — redes abertas no Vale do Silício e fechadas na China — apresentam diferentes pontos positivos e negativos. No Vale do silício, as redes abertas são possíveis porque as instituições proporcionam um clima elevado de confiança e proteção. Essa abertura confere acesso a uma ampla gama de informações através da rede, facilitando a inovação e a reflexão acerca de diferentes idéias sob novos ângulos.
Já as redes fechadas em vigor na China são conseqüência de um ambiente onde as instituições oferecem pouca confiança e proteção. Aqui, o clima de confiança no interior das redes costuma se dar sob a forma de transferência de informações particulares, que ajudam a refletir sobre as idéias existentes e torná-las mais eficazes.
Ambas as culturas, porém, não podem prescindir de alguns princípios fundamentais próprios das redes. Ambas dependem, em maior ou menor grau, da definição dos objetivos e das experiências compartilhadas. Devem ser solícitas quando chamadas a ajudar, confiando em seus demais participantes e se identificando com eles.
Tanto a pesquisa quanto a experiência prática mostram que há diferenças nas redes e no networking em diferentes culturas. As redes dizem respeito à relação existente entre as pessoas, sendo que estas possuem diferentes necessidades. É preciso, portanto, que haja um equilíbrio entre segurança e proteção em oposição a habilidades e informações. É importante que haja correspondência entre a estratégia de networking e os níveis de confiança e proteção proporcionados pelas instituições de uma dada cultura.
Todo administrador que hoje atua em mundo cada vez mais globalizado, principalmente os que se acham fora de sua cultura de origem, será bem-sucedido se compreender as diferentes estratégias de networking, uma vez que isso lhe permitirá criar uma estratégia própria que contribuirá para o sucesso de sua empresa.
Fonte: Por Janet Shaner, Jim Pulcrano e William A. Fischer, in epocanegocios.globo.com
O networking nada mais é do que a construção de redes de relacionamentos. Para que seja eficaz, o networking, sobretudo em culturas diferentes da do indivíduo empenhado nessa prática, requer mais do que simples opiniões. É preciso conhecimento e compreensão dos princípios fundamentais dessa disciplina.
As redes permitem satisfazer duas necessidades básicas e concorrentes que as pessoas têm nas suas relações: a necessidade de proteção e de segurança em oposição à necessidade que têm as pessoas de habilidades e de informações. As redes fechadas, onde a maior parte das pessoas se conhecem, contribuem para que haja um clima de confiança, proteção e segurança. As redes abertas, onde poucas pessoas mantêm contato umas com as outras, contribuem para a aquisição de habilidades e de informações que podem resultar em sua independência.
Assim como a necessidade básica das pessoas consiste em promover um ambiente de proteção e de segurança, assim também o primeiro objetivo das redes em uma sociedade consiste em proporcionar um clima de confiança, se é que tal clima já não faz parte do sistema institucional dessa sociedade. Se o sistema propiciar proteção e segurança por intermédio de leis, regulamentos e instituições sociais, segue-se que será possível recorrer às redes para a aquisição de habilidades, informações e independência.
Redes abertas e fechadas: Vale do Silício x China
A construção de relacionamentos no âmbito desses dois tipos de redes, e em culturas distintas, poderá ser mais bem avaliada se tomarmos como exemplos práticos dessas diferenças o funcionamento do networking no Vale do Silício e na China.
O Vale do Silício é um ecossistema extraordinariamente bem-sucedido, e parte de sua habilidade constante de gerar inovações, novas empresas e lucros se deve às redes e à prática do networking que permeiam o Vale. As redes existentes, e a crença generalizada em sua utilidade, são duas das razões pelas quais o Vale foi capaz de criar sucessivas ondas de inovações nos últimos 50 anos e de sobreviver a elas.
Em recente pesquisa vinculada ao programa de MBA do IMD, a tríade “networking, colaboração e compartilhamento de idéias” foi considerada um dos oito fatores fundamentais que, ao que tudo indica, teriam contribuído para o sucesso sem paralelo do Vale do Silício. Três outros fatores fundamentais intimamente associados ao networking apontados pela pesquisa foram: idéias e execução, aprendizado com a experiência e investimentos inteligentes.
A China, por sua vez, prospera graças ao “guanxi”, isto é, os relacionamentos especiais entre duas ou mais pessoas, sendo que o sucesso de uma empresa pode ser conseqüência, em parte pelo menos, das redes oriundas de tais relacionamentos.
Ao comparar as redes do Vale do Silício com as da China, porém, Tomas Cassas, um espanhol criado nos EUA, mas que reside atualmente na China, disse que “nos Estados Unidos, as redes têm um caráter mais transacional, e que o indivíduo procura se relacionar inicialmente com alguém se houver aí benefício mútuo e se a relação for bastante clara e transparente. As relações ocorrem numa chave muito explícita: seja que tipo for de relação que o indivíduo construa tendo em vista um propósito específico, ele deverá se beneficiar dessa relação em particular.”
“Na China, quando alguém participa do guanxi, isto é, quando decide construir uma relação, via de regra tem em mente um objetivo específico para isso, mas nunca sabe, de fato, que rumo esse envolvimento tomará. Nem por isso ele deixa de investir muito tempo nisso. Se, de algum modo, sua empreitada for bem-sucedida, é bem provável que ele colha muitos outros frutos mais adiante.”
Prós e contras
As duas estratégias antagônicas de networking — redes abertas no Vale do Silício e fechadas na China — apresentam diferentes pontos positivos e negativos. No Vale do silício, as redes abertas são possíveis porque as instituições proporcionam um clima elevado de confiança e proteção. Essa abertura confere acesso a uma ampla gama de informações através da rede, facilitando a inovação e a reflexão acerca de diferentes idéias sob novos ângulos.
Já as redes fechadas em vigor na China são conseqüência de um ambiente onde as instituições oferecem pouca confiança e proteção. Aqui, o clima de confiança no interior das redes costuma se dar sob a forma de transferência de informações particulares, que ajudam a refletir sobre as idéias existentes e torná-las mais eficazes.
Ambas as culturas, porém, não podem prescindir de alguns princípios fundamentais próprios das redes. Ambas dependem, em maior ou menor grau, da definição dos objetivos e das experiências compartilhadas. Devem ser solícitas quando chamadas a ajudar, confiando em seus demais participantes e se identificando com eles.
Tanto a pesquisa quanto a experiência prática mostram que há diferenças nas redes e no networking em diferentes culturas. As redes dizem respeito à relação existente entre as pessoas, sendo que estas possuem diferentes necessidades. É preciso, portanto, que haja um equilíbrio entre segurança e proteção em oposição a habilidades e informações. É importante que haja correspondência entre a estratégia de networking e os níveis de confiança e proteção proporcionados pelas instituições de uma dada cultura.
Todo administrador que hoje atua em mundo cada vez mais globalizado, principalmente os que se acham fora de sua cultura de origem, será bem-sucedido se compreender as diferentes estratégias de networking, uma vez que isso lhe permitirá criar uma estratégia própria que contribuirá para o sucesso de sua empresa.
Fonte: Por Janet Shaner, Jim Pulcrano e William A. Fischer, in epocanegocios.globo.com
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