Pular para o conteúdo principal

Reflexões sobre lágrimas e liderança

Um escritor mundialmente famoso - Paulo Coelho - e um renomado jornalista esportista - Renato Mauricio Prado. Quase no mesmo dia, os dois fizeram suas reflexões sobre o tema líderes e liderança.

É claro que como "fanático" pelo tema fiquei extremamente feliz. Em minha opinião, quanto mais se falar e analisar sobre este tema, melhor será para todos nós. Ainda mais quando outras fontes de conhecimento, fora da seara da administração, incorporam sua inteligência ao assunto.

O escritor Paulo Coelho, que desenvolveu um brilhante artigo intitulado "Em busca do líder perfeito" , afirma que a definição conceitual básica de liderança - entendida como a capacidade de um indivíduo motivar outros em busca de um mesmo objetivo - está longe de satisfazer seu entendimento sobre o assunto. Coelho explica que já faz muito tempo que ele trocou o termo "líder" por "guerreiro da luz".

Basicamente, Coelho constrói esta imagem como sendo de um ser humano normal, com qualidades e defeitos mas que, no entaanto, tem o "brilho nos olhos". Esta característica que assino embaixo depois de conviver e estudar tantos líderes ao longo dos anos, significa a saída da energia, do amor, da paixão, do entusiasmo pelas "janelas da alma" que são os nossos olhos.

Mais do que tudo, porque segundo ele, o "guerreiro de luz" passou por inúmeras experiências - boas e más, péssimas e maravilhosas - mas, conforme o escritor, "não perdeu a esperança de ser melhor do que era". E Coelho conclui, afirmando que os verdadeiros líderes erram, têm muitas dúvidas, mas sempre procuram uma razão com a certeza de que vão encontrá-la.

Em outro campo, completamente diferente, Renato Mauricio Prado define a figura do líder como "a pessoa cujas ações e palavras exercem influência sobre o pensamento e comportamento" de seus liderados. É o indivíduo que tem autoridade para comandar e coordenar".

Em seu excelente artigo denominado "Líderes", Prado criticou duramente os dirigentes do time do Botafogo, que depois de perderem a final da Taça Guanabara para o Flamengo, entregando-se às lágrimas, colocaram a culpa no juiz e nos "cartolas", evocando uma teoria de conspiração contra a sua agremiação.

E pergunta: se eu vejo meu líder chorando, sentindo-se perseguido, o que vou fazer? E conclui com humor sarcástico. "A continuar assim, há de chegar um dia que um erro na marcação de um singelo lateral levará os jogadores do Botafogo a caírem em prantos".

Liderança é um tema complexo e por isso merece ser tão bem estudado. As lágrimas enquanto "brilho nos olhos" são virtudes engrandecedoras; já lágrimas enquanto "símbolo da vitimização" são vícios entorpecedores. Um assunto para ampla reflexão de todos.


Fonte: Por Marco Aurélio Ferreira Vianna, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 11

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç