Recentemente, falava eu para um grupo de estudantes quando me foi pedido para explicar a sigla CEO. Como aprendi na vida executiva, antes de responder eu testei o que o grupo já sabia, para não chover no molhado. E fiquei surpreso com as respostas. Parte dos presentes tinha conhecimento do significado de cada uma das três letrinhas, Chief Executive Officer, mas não do conjunto da obra. Outra parte entendia que o CEO era o presidente, mas não conseguia captar essa importância ao traduzir a sigla, literalmente, para o português.
Aí, procurei dar a explicação mais didática possível, a começar pela natural confusão causada pelos falsos cognatos. Em inglês, chief só quer dizer "chefe" quando mencionamos tribos indígenas. Em linguagem executiva, chief significa "principal". A pergunta seguinte foi mais ou menos esperada: por que não usar "principal" em vez de "chief"? Porque, em inglês, "principal" é "o diretor da escola", e não o executivo número 1 de uma organização.
O executivo número 1... Essa expressão levou cada um dos presentes a se imaginar sentado numa vasta poltrona de couro, numa sala finamente decorada, com 120 metros quadrados de área e banheiro exclusivo, sendo incensado por uma procissão de subordinados de altíssimo nível. Correndo o risco de fazer desvanecer os sonhos que povoavam a sala, eu esclareci que acima do número 1 existe outro número 1 - também CEO, só que num patamar hierárquico ainda mais alto. Então, o número 1 é o número 2? Dependendo do tamanho da organização, pode até ser o número 5.
Expliquei que, exceção feita aos donos de empresas, não existe mais "aquele que tudo pode e tudo faz". Um CEO é um profissional com objetivos a cumprir e metas a atingir. Tudo bem definido, e colocado no papel. Acima dele, em um país alhures, existe outro CEO, que, normalmente, não entende bem como o Brasil funciona, mas que nem por isso perdoa resultados abaixo do esperado. E, lá no topo da pirâmide, existe um CEO cuja sobrevivência depende da satisfação dos acionistas, que só enxergam os dividendos de curtíssimo prazo. Naturalmente, essa escala vertical é pontilhada por muita tensão, porque qualquer mau desempenho num único trimestre pode desencadear um desastre.
Resumi dizendo que um bom CEO só consegue ser eficiente enquanto tiver plena consciência de que sua função é efêmera, e que os problemas começam no momento em que ele se sente absolutamente seguro em sua posição. As atribuições do CEO são até simples. Pavimentar o futuro sem descuidar do presente, e manter a empresa alinhada em torno de objetivos práticos. Para conseguir isso, ele precisa usar muita diplomacia em suas relações, e colocar muita energia em suas posições. Minha experiência me mostrou que todos os CEOs possuem essas duas características, caso contrário não teriam sido promovidos. Mas os melhores que eu conheci - e que se mantêm há muitos anos na função - são os que têm a sabedoria para diferenciar o momento de ser diplomático ou enérgico. Algo que é preciso aprender para se tornar CEO, e praticar todos os dias para permanecer CEO.
Fonte: Por Max Gehringer, in epocanegocios.globo.com
Aí, procurei dar a explicação mais didática possível, a começar pela natural confusão causada pelos falsos cognatos. Em inglês, chief só quer dizer "chefe" quando mencionamos tribos indígenas. Em linguagem executiva, chief significa "principal". A pergunta seguinte foi mais ou menos esperada: por que não usar "principal" em vez de "chief"? Porque, em inglês, "principal" é "o diretor da escola", e não o executivo número 1 de uma organização.
O executivo número 1... Essa expressão levou cada um dos presentes a se imaginar sentado numa vasta poltrona de couro, numa sala finamente decorada, com 120 metros quadrados de área e banheiro exclusivo, sendo incensado por uma procissão de subordinados de altíssimo nível. Correndo o risco de fazer desvanecer os sonhos que povoavam a sala, eu esclareci que acima do número 1 existe outro número 1 - também CEO, só que num patamar hierárquico ainda mais alto. Então, o número 1 é o número 2? Dependendo do tamanho da organização, pode até ser o número 5.
Expliquei que, exceção feita aos donos de empresas, não existe mais "aquele que tudo pode e tudo faz". Um CEO é um profissional com objetivos a cumprir e metas a atingir. Tudo bem definido, e colocado no papel. Acima dele, em um país alhures, existe outro CEO, que, normalmente, não entende bem como o Brasil funciona, mas que nem por isso perdoa resultados abaixo do esperado. E, lá no topo da pirâmide, existe um CEO cuja sobrevivência depende da satisfação dos acionistas, que só enxergam os dividendos de curtíssimo prazo. Naturalmente, essa escala vertical é pontilhada por muita tensão, porque qualquer mau desempenho num único trimestre pode desencadear um desastre.
Resumi dizendo que um bom CEO só consegue ser eficiente enquanto tiver plena consciência de que sua função é efêmera, e que os problemas começam no momento em que ele se sente absolutamente seguro em sua posição. As atribuições do CEO são até simples. Pavimentar o futuro sem descuidar do presente, e manter a empresa alinhada em torno de objetivos práticos. Para conseguir isso, ele precisa usar muita diplomacia em suas relações, e colocar muita energia em suas posições. Minha experiência me mostrou que todos os CEOs possuem essas duas características, caso contrário não teriam sido promovidos. Mas os melhores que eu conheci - e que se mantêm há muitos anos na função - são os que têm a sabedoria para diferenciar o momento de ser diplomático ou enérgico. Algo que é preciso aprender para se tornar CEO, e praticar todos os dias para permanecer CEO.
Fonte: Por Max Gehringer, in epocanegocios.globo.com
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