Transcrevo aqui a íntegra do artigo "PR 2.0 e a polêmica de Chris Anderson", escrito por Thiane Loureiro, gerente do Grupo Corporativo da Edelman, e publicado no site da Jumpexec. O texto fala sobre as Relações Públicas 2.0 e alerta para o fato de que é preciso repensar os métodos de se relacionar com os públicos, neste caso específico, a imprensa. Para a autora, cuja visão eu concordo, é preciso aprender a se relacionar com o público do jeito que cada um dos seus públicos espera que você se relacione com ele. Eis um desafio para a área de Relações Públicas, que, apesar de parecer um princípio básico, tem sido de fato muito pouco praticado nos dias atuais. Vale a pena conferir as idéias deste artigo.
"Recentemente, Chris Anderson, editor da revista Wired e autor do livro “A Cauda Longa”, publicou em seu blog uma lista com todos os profissionais de relações públicas que foram bloqueados por enviar e-mails sem qualquer bom senso.
“Recebo mais de 300 mensagens por dia. Meu problema não é spam, mas assessores de imprensa preguiçosos que não se dão ao trabalho de pesquisar quem na minha equipe provavelmente poderia se interessar pela pauta deles”, escreveu Anderson. “Um aviso. Quero apenas dois tipos de email: das pessoas que eu conheço e daquelas que foram descobrir quais são os meus interesses para enviar uma mensagem de acordo com o que me atrai (eu adoro esse tipo de email, aliás, é por isso que meu endereço é púbico)”.
Há algum tempo escrevi um artigo intitulado “PR 2.0: Por que as Relações Públicas precisam mudar”, publicado pelo Jornal da Comunicação Corporativa. Ali eu já questionava a postura tanto das agências quanto dos clientes diante das transformações que a Web nos impõe. A polêmica gerada por Anderson é mais uma prova do quanto ainda estamos despreparados para lidar com as mídias sociais. Simplesmente todas as grandes agências pecaram.
Brian Solis, guru da comunicação em Silicon Valley, fez uma carta aberta a Anderson em seu blog. O texto é o retrato da relação cliente, agência e imprensa. “Não são só os profissionais de RP. É todo o emaranhado da mídia. E isso já está falido há muito tempo”, argumentou.
Temos muito ainda para aprender. Pelo menos estamos aqui lendo, participando, fuçando, tentando entender como podemos fazer parte da conversação e ajudar clientes e colegas a se diferenciar num universo cada dia mais plano.
Mas ainda existe uma grande maioria que não quer mudar de mentalidade e abrir mão do jeito “top down” de fazer as coisas. De fato, para quem hoje simplesmente cola um texto num email e dispara para uma lista gigante de jornalistas com quem nunca falou na vida, o desânimo bate só de pensar em transformar mailing em relacionamento. Lamento dizer que, daqui por diante, relacionamento é tudo. E todos nós vamos ter que dar um jeito nisso.
Como bem disse Anderson, “é hora de mudar os métodos e aprender a se relacionar com o seu público”. Vou além: é preciso aprender a se relacionar com o seu público do jeito que cada um dos seus públicos espera que você se relacione com ele. Que preguiça, não?
Acontece que essa tal Web 2.0 da qual todo mundo fala por aí significa estabelecer relações transparentes e horizontais, conhecer quem está na outra ponta do diálogo, medir comportamentos e influência, ouvir e engajar consumidores, compartilhar conteúdo e idéias, participar, ceder o controle e estar aberto a mudanças cada vez mais rápidas e constantes.
Estamos todos cansados do convencimento. Queremos e temos o poder da escolha. Estamos expostos. A linha que separa nossas vidas privadas e corporativas é cada dia mais fina. O muro que escondia as empresas está caindo. Somos parte de uma enorme vitrine online. Portanto, para convencer, é preciso ser. Para vender não basta convencer, é preciso inspirar.
“Adotar e viver os conhecidos mantras do ‘menos é mais’, ‘qualidade versus quantidade’ (...) Fazer nossos clientes e chefes entenderem que as pessoas não estão mais dispostas a aceitar o status quo”, afirmou Solis.
Mas como mudar os métodos se ainda somos medidos por quantidade, porcentagem? Se as empresas ainda acham que jornalismo online é de segunda categoria? Se as corporações continuam achando que RP é só assessoria de imprensa? E se a companhia tem certeza de que a sua notícia interessa mais que a dos outros só porque ela se acha a melhor do planeta? Como mudar se os clientes quase nunca tratam seus profissionais de comunicação como parceiros?
E a verdade é que blogs e redes sociais parecem estar em alta apenas porque com a Web ficou mais fácil e barato gerar boca-a-boca. Então está todo mundo economizando o dinheiro do anúncio impresso para investir em publicidade online. Mas ainda falta muita coragem para ser 2.0 de verdade. No final do dia, por pior que seja, estamos apenas tentando agradar quem paga as contas – e que muitas vezes também não está a fim de escutar e aprender.
Solis ainda ataca a imprensa. “Para cada mau assessor de imprensa existe também um jornalista ruim. Há repórteres que simplesmente não conseguem compreender a pauta, mesmo que sejam cuidadosamente brifados. Há ainda aqueles que simplesmente copiam e colam press releases. Ou os que simplesmente não querem cobrir uma matéria porque alguém já publicou, mesmo que o departamento de vendas possa provar que eles não são concorrentes diretos. Ah, existe ainda os que furam embargos.”
Vai levar algum tempo ainda até que possamos evoluir de fato. Até lá, eu e você, interessados em fazer as coisas do jeito certo, ainda vamos cometer algumas gafes. Mas devagar nos adaptamos.
Ficam aqui algumas dicas (resumidas) de Brian Solis:
- Lembre-se: são pessoas
- O que você representa? Responda isso antes de tentar convencer alguém a lhe dar atenção
- É mais do que apenas fazer a sua lição de casa. Tente entender por que isso importa
- Pratique no espelho o que você precisa dizer e em menos de dois minutos
- Menos é mais. Encontre as pessoas certas não porque você leu a biografia delas, mas porque conhece o que elas fazem, conhece o trabalho delas
- Participe da conversação
- Construa relacionamentos, não listas
- Humanize o processo
- Pare de reclamar e de arrumar desculpas. Você é responsável pelas suas ações então faça o que tem de ser feito para ter sucesso
- Pare de mandar releases sem resumir qual é a notícia e porque ela é importante para quem vai ler
- Você é o futuro da sua profissão"
Fonte: Por Thiane Loureiro, in jumpexec.uol.com.br
"Recentemente, Chris Anderson, editor da revista Wired e autor do livro “A Cauda Longa”, publicou em seu blog uma lista com todos os profissionais de relações públicas que foram bloqueados por enviar e-mails sem qualquer bom senso.
“Recebo mais de 300 mensagens por dia. Meu problema não é spam, mas assessores de imprensa preguiçosos que não se dão ao trabalho de pesquisar quem na minha equipe provavelmente poderia se interessar pela pauta deles”, escreveu Anderson. “Um aviso. Quero apenas dois tipos de email: das pessoas que eu conheço e daquelas que foram descobrir quais são os meus interesses para enviar uma mensagem de acordo com o que me atrai (eu adoro esse tipo de email, aliás, é por isso que meu endereço é púbico)”.
Há algum tempo escrevi um artigo intitulado “PR 2.0: Por que as Relações Públicas precisam mudar”, publicado pelo Jornal da Comunicação Corporativa. Ali eu já questionava a postura tanto das agências quanto dos clientes diante das transformações que a Web nos impõe. A polêmica gerada por Anderson é mais uma prova do quanto ainda estamos despreparados para lidar com as mídias sociais. Simplesmente todas as grandes agências pecaram.
Brian Solis, guru da comunicação em Silicon Valley, fez uma carta aberta a Anderson em seu blog. O texto é o retrato da relação cliente, agência e imprensa. “Não são só os profissionais de RP. É todo o emaranhado da mídia. E isso já está falido há muito tempo”, argumentou.
Temos muito ainda para aprender. Pelo menos estamos aqui lendo, participando, fuçando, tentando entender como podemos fazer parte da conversação e ajudar clientes e colegas a se diferenciar num universo cada dia mais plano.
Mas ainda existe uma grande maioria que não quer mudar de mentalidade e abrir mão do jeito “top down” de fazer as coisas. De fato, para quem hoje simplesmente cola um texto num email e dispara para uma lista gigante de jornalistas com quem nunca falou na vida, o desânimo bate só de pensar em transformar mailing em relacionamento. Lamento dizer que, daqui por diante, relacionamento é tudo. E todos nós vamos ter que dar um jeito nisso.
Como bem disse Anderson, “é hora de mudar os métodos e aprender a se relacionar com o seu público”. Vou além: é preciso aprender a se relacionar com o seu público do jeito que cada um dos seus públicos espera que você se relacione com ele. Que preguiça, não?
Acontece que essa tal Web 2.0 da qual todo mundo fala por aí significa estabelecer relações transparentes e horizontais, conhecer quem está na outra ponta do diálogo, medir comportamentos e influência, ouvir e engajar consumidores, compartilhar conteúdo e idéias, participar, ceder o controle e estar aberto a mudanças cada vez mais rápidas e constantes.
Estamos todos cansados do convencimento. Queremos e temos o poder da escolha. Estamos expostos. A linha que separa nossas vidas privadas e corporativas é cada dia mais fina. O muro que escondia as empresas está caindo. Somos parte de uma enorme vitrine online. Portanto, para convencer, é preciso ser. Para vender não basta convencer, é preciso inspirar.
“Adotar e viver os conhecidos mantras do ‘menos é mais’, ‘qualidade versus quantidade’ (...) Fazer nossos clientes e chefes entenderem que as pessoas não estão mais dispostas a aceitar o status quo”, afirmou Solis.
Mas como mudar os métodos se ainda somos medidos por quantidade, porcentagem? Se as empresas ainda acham que jornalismo online é de segunda categoria? Se as corporações continuam achando que RP é só assessoria de imprensa? E se a companhia tem certeza de que a sua notícia interessa mais que a dos outros só porque ela se acha a melhor do planeta? Como mudar se os clientes quase nunca tratam seus profissionais de comunicação como parceiros?
E a verdade é que blogs e redes sociais parecem estar em alta apenas porque com a Web ficou mais fácil e barato gerar boca-a-boca. Então está todo mundo economizando o dinheiro do anúncio impresso para investir em publicidade online. Mas ainda falta muita coragem para ser 2.0 de verdade. No final do dia, por pior que seja, estamos apenas tentando agradar quem paga as contas – e que muitas vezes também não está a fim de escutar e aprender.
Solis ainda ataca a imprensa. “Para cada mau assessor de imprensa existe também um jornalista ruim. Há repórteres que simplesmente não conseguem compreender a pauta, mesmo que sejam cuidadosamente brifados. Há ainda aqueles que simplesmente copiam e colam press releases. Ou os que simplesmente não querem cobrir uma matéria porque alguém já publicou, mesmo que o departamento de vendas possa provar que eles não são concorrentes diretos. Ah, existe ainda os que furam embargos.”
Vai levar algum tempo ainda até que possamos evoluir de fato. Até lá, eu e você, interessados em fazer as coisas do jeito certo, ainda vamos cometer algumas gafes. Mas devagar nos adaptamos.
Ficam aqui algumas dicas (resumidas) de Brian Solis:
- Lembre-se: são pessoas
- O que você representa? Responda isso antes de tentar convencer alguém a lhe dar atenção
- É mais do que apenas fazer a sua lição de casa. Tente entender por que isso importa
- Pratique no espelho o que você precisa dizer e em menos de dois minutos
- Menos é mais. Encontre as pessoas certas não porque você leu a biografia delas, mas porque conhece o que elas fazem, conhece o trabalho delas
- Participe da conversação
- Construa relacionamentos, não listas
- Humanize o processo
- Pare de reclamar e de arrumar desculpas. Você é responsável pelas suas ações então faça o que tem de ser feito para ter sucesso
- Pare de mandar releases sem resumir qual é a notícia e porque ela é importante para quem vai ler
- Você é o futuro da sua profissão"
Fonte: Por Thiane Loureiro, in jumpexec.uol.com.br
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