O Brasil é um país com a democracia consolidada. Em contrapartida, a concentração da mídia nas mãos de grandes grupos econômicos ameaça a liberdade de imprensa, elemento crucial para o equilíbrio do sistema político vigente. No seminário “O que ameaça a liberdade de imprensa e quem a imprensa ameaça?”, realizado na quarta-feira, dia 6 de maio, na Universidade Federal do Rio de Janeiro em homenagem ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, importantes personalidades do País estiveram presentes para a discussão do tema, que lembrou acontecimentos recentes de censura sofrida por jornalistas.
O pronunciamento do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, fechou o evento e apontou a web como um meio para a descentralização. “Transformações importantes estão ocorrendo no setor. Acho que a internet terá um papel extraordinário na democratização da mídia na sociedade, principalmente por ter um custo baixo. A concentração da mídia começa a reduzir com este novo meio, que tem o papel de diminuir o poder da grande imprensa”, explica o ministro.
Guilherme Godói, coordenador de comunicação e informação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), afirmou em sua palestra que essa concentração é prejudicial para a liberdade de imprensa. Ele lembrou acontecimentos recentes, como o assassinato do jornalista Tim Lopes, em 2002, e o sequestro seguido de tortura de uma equipe de reportagem do jornal O Dia no ano passado. “O preço da liberdade é a eterna vigilância. Em democracias consolidadas como a brasileira é natural baixar a guarda enquanto os problemas se tornam mais sofisticados”, conta o coordenador da Unesco.
Segundo Giancarlo Summa, diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC-Rio), este é um grande momento para a discussão do tema. “A liberdade de imprensa é um direito fundamental para os cidadãos. Não há democracia verdadeira sem a liberdade da comunicação”, comenta.
Regulamentação da mídia'
As diferenças entre os campos jurídico e jornalístico foi outro tema de destaque no seminário. Segundo Júlio César Pompeu, coordenador do curso de direito da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), há um embate entre os setores. “A imprensa acha que o judiciário é lento demais e o judiciário acha que a imprensa é rápida demais. Essa é a concorrência entre os campos. A mídia não só noticia, ela também julga, pois existe juízo de valor nas reportagens. O direito à informação pertence à sociedade e não apenas ao jornalista ou investigador”, compara o especialista.
Repórter do jornal Folha de S. Paulo, Elvira Lobato esteve presente no evento e justificou o papel da mídia. “Concordo que a imprensa julga. Não existe uma imparcialidade, pois a própria hierarquia das informações já influencia. Por isso, é necessária uma apuração cuidadosa nas reportagens”, explica. Ela contou uma situação que viveu no final de 2007, que exemplifica a interferência da justiça no exercício de sua profissão. Após publicar uma reportagem com denúncias à Igreja Universal do Reino de Deus, a jornalista recebeu centenas de processos em juizados especiais por todo o Brasil, em locais com pelo menos 200 km de distância das capitais. Até hoje, nem a Igreja ou a TV Record, que pertencem ao mesmo dono, o bispo Edir Macedo, contestaram a reportagem de Elvira. No entanto, ela responde até hoje pelas ações judiciais.
“Foi uma coisa inédita, que foi ficando assustadora. É uma forma de intimidar a imprensa com uma avalanche de ações. O objetivo deles não era ganhar os processos, mas castigar o jornalista, que gasta tempo e dinheiro respondendo às ações. Foi uma estratégia maldosa, mas, infelizmente, deu certo, pois ao escrever sobre aquela igreja é preciso pensar duas vezes”, confessa a jornalista.
Regulamentação da internet
O jornalista Gustavo Gindre, mestre em comunicação e cultura pela UFRJ e membro do Coletivo Intervozes, chamou a atenção para a necessidade de regras para a mídia e, principalmente, para a web, que traz novos problemas para a comunicação. “No Brasil a mídia funciona sem nenhuma regulamentação, por isso, regular a mídia acaba sendo considerado como censura. A sociedade mundial encara o desafio de regular a internet, respeitando a soberania dos países”, finaliza.
Fonte: Por João Casotti, in www.nosdacomunicacao.com
O pronunciamento do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, fechou o evento e apontou a web como um meio para a descentralização. “Transformações importantes estão ocorrendo no setor. Acho que a internet terá um papel extraordinário na democratização da mídia na sociedade, principalmente por ter um custo baixo. A concentração da mídia começa a reduzir com este novo meio, que tem o papel de diminuir o poder da grande imprensa”, explica o ministro.
Guilherme Godói, coordenador de comunicação e informação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), afirmou em sua palestra que essa concentração é prejudicial para a liberdade de imprensa. Ele lembrou acontecimentos recentes, como o assassinato do jornalista Tim Lopes, em 2002, e o sequestro seguido de tortura de uma equipe de reportagem do jornal O Dia no ano passado. “O preço da liberdade é a eterna vigilância. Em democracias consolidadas como a brasileira é natural baixar a guarda enquanto os problemas se tornam mais sofisticados”, conta o coordenador da Unesco.
Segundo Giancarlo Summa, diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC-Rio), este é um grande momento para a discussão do tema. “A liberdade de imprensa é um direito fundamental para os cidadãos. Não há democracia verdadeira sem a liberdade da comunicação”, comenta.
Regulamentação da mídia'
As diferenças entre os campos jurídico e jornalístico foi outro tema de destaque no seminário. Segundo Júlio César Pompeu, coordenador do curso de direito da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), há um embate entre os setores. “A imprensa acha que o judiciário é lento demais e o judiciário acha que a imprensa é rápida demais. Essa é a concorrência entre os campos. A mídia não só noticia, ela também julga, pois existe juízo de valor nas reportagens. O direito à informação pertence à sociedade e não apenas ao jornalista ou investigador”, compara o especialista.
Repórter do jornal Folha de S. Paulo, Elvira Lobato esteve presente no evento e justificou o papel da mídia. “Concordo que a imprensa julga. Não existe uma imparcialidade, pois a própria hierarquia das informações já influencia. Por isso, é necessária uma apuração cuidadosa nas reportagens”, explica. Ela contou uma situação que viveu no final de 2007, que exemplifica a interferência da justiça no exercício de sua profissão. Após publicar uma reportagem com denúncias à Igreja Universal do Reino de Deus, a jornalista recebeu centenas de processos em juizados especiais por todo o Brasil, em locais com pelo menos 200 km de distância das capitais. Até hoje, nem a Igreja ou a TV Record, que pertencem ao mesmo dono, o bispo Edir Macedo, contestaram a reportagem de Elvira. No entanto, ela responde até hoje pelas ações judiciais.
“Foi uma coisa inédita, que foi ficando assustadora. É uma forma de intimidar a imprensa com uma avalanche de ações. O objetivo deles não era ganhar os processos, mas castigar o jornalista, que gasta tempo e dinheiro respondendo às ações. Foi uma estratégia maldosa, mas, infelizmente, deu certo, pois ao escrever sobre aquela igreja é preciso pensar duas vezes”, confessa a jornalista.
Regulamentação da internet
O jornalista Gustavo Gindre, mestre em comunicação e cultura pela UFRJ e membro do Coletivo Intervozes, chamou a atenção para a necessidade de regras para a mídia e, principalmente, para a web, que traz novos problemas para a comunicação. “No Brasil a mídia funciona sem nenhuma regulamentação, por isso, regular a mídia acaba sendo considerado como censura. A sociedade mundial encara o desafio de regular a internet, respeitando a soberania dos países”, finaliza.
Fonte: Por João Casotti, in www.nosdacomunicacao.com
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