Pular para o conteúdo principal

Imagem de Confiança

Credibilidade é uma virtude que se conquista diariamente, por meio de pequenos gestos. Esse raciocínio vale tanto para empresas quanto para pessoas, diz Emilio Galli-Zugaro, diretor internacional de comunicação do Grupo Allianz, um dos líderes globais na área de seguros. Em entrevista exclusiva a você s/a, Emilio revela que redobrar a atenção no relacionamento com consumidores e acionistas foi a saída para a companhia se recuperar de um grande arranhão em sua imagem. Um executivo, diz ele, deve seguir o mesmo caminho caso queira conquistar a confiança de seus colegas e clientes. Veja suas dicas.

Após uma crise, há seis anos, o Grupo Allianz fez um grande esforço para melhorar sua imagem diante de clientes e acionistas. Um profissional também pode melhorar sua credibilidade? Como fazer isso?Quanto mais as pessoas confiam em você, mais credibilidade você tem. A questão, então, é como conquistar confiança. Em primeiro lugar, isso não se constrói de um dia para o outro. Imagine que nós nunca nos vimos e um dia nos encontramos no elevador. Eu olho para você e digo: “Olá, me chamo Emilio Galli-Zugaro e nasci em Nápoles. Confie em mim”. Provavelmente, você vai procurar sua carteira para checar que eu não a furtei, não é? O caminho para ganhar confiança é traçado diariamente, nas atitudes mais simples.

Como tomar as atitudes certas para conquistar confiança?
Em primeiro lugar, certifique-se de que suas ações estejam alinhadas ao seu discurso. A segunda dica é cumprir o que você promete. E diga a verdade em qualquer circunstância, mesmo que não seja fácil. É melhor perder um cliente dizendo a verdade do que perder a confiança dele dizendo uma mentira. Outro ponto fundamental é assumir seus erros. Se eu só falar de acertos, você vai me achar tolo.

Então é possível reconquistar a confiança perdida?
Em alguns casos, ter ou não uma segunda chance depende do arrependimento que você demonstra. De qualquer forma, será uma questão de recomeçar a construção de um relacionamento — e isso leva tempo.

Como um executivo alinha seu comportamento ao discurso da empresa?
Vou dar um exemplo negativo e um positivo. Em 2002, o Allianz passava por um processo de contenção de gastos e os diretores decidiram não voar mais de classe executiva. Não seria uma economia significativa para a empresa, mas era uma questão de posicionamento. Pouco depois, eu e um colega voávamos para Londres, de classe econômica, quando outro executivo da companhia passou por nós dirigindo-se à classe executiva e dizendo: “Vejo vocês em Londres”. Isso ocorreu mais de uma vez. Preciso dizer que
ele não durou na empresa? Não faz sentido que um executivo cometa excessos quando a empresa diz que precisa fazer cortes.

E o exemplo positivo?
Numa outra vez, também durante um vôo, um amigo político passou por mim e me cumprimentou. Depois, seguiu para a primeira classe. Um colega que estava comigo comentou: “Emilio, somos nós que pagamos a passagem desse político na primeira classe. Eu sinto muito orgulho porque, quando nós voamos, nossos clientes e acionistas pagam apenas a classe econômica”. Algum tempo depois, eu citei esse exemplo numa reunião. No fi nal, uma funcionária veio até mim e disse que estava naquele mesmo vôo e ouviu o meu colega. Ela contou que esse comentário fez com que ela recusasse uma proposta de trabalho para continuar trabalhando na Allianz.

O comportamento de um funcionário conta pontos para a imagem da empresa?
Sim, da mesma forma que o mau comportamento de um funcionário pode acabar com uma grande campanha de comunicação. Aliás, eu acho que é preciso abolir a comunicação corporativa. Está ocorrendo uma grande transformação. No velho mundo, quando uma empresa cometia um erro, o time de comunicação corporativa corria para abafar o assunto. Hoje em dia, a imagem e a reputação de uma empresa são responsabilidades de todos.

E como fazer com que os funcionários cuidem dessa imagem?
Para a maioria das pessoas, a informação mais confiável é a que vem de uma pessoa comum. Tão comum quanto ela. Se eu tratar bem meus clientes e minha equipe, se conquistar a confiança deles, eles recomendarão minha empresa aos amigos. Essa é a maior prova de credibilidade. Fazer com que os funcionários entendam
a importância disso é o maior desafio de um executivo.


Fonte: Por Fernanda Bottoni, in vocesa.abril.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su...

Funcionários da Domino´s Pizza postam vídeo no You Tube e são processados

Dois funcionários irresponsáveis imaginam um vídeo “muito engraçado” usando alimentos e toda sorte de escatologia. O cenário é uma cozinha da pizzaria Domino´s. Pronto, está feito o vídeo que mais chamou a atenção da mídia americana na semana passada. Nele, os dois funcionários se divertem enquanto um espirra na comida, entre outras amostras de higiene pessoal. Tudo isso foi postado no you tube no que eles consideraram “uma grande brincadeira”. O vídeo em questão, agora removido do site, foi visto por mais de 930 mil pessoas em apenas dois dias. (o vídeo já foi removido, mas pode ser conferido em trechos nesta reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=eYmFQjszaec ) Mas para os consumidores da rede, é uma grande(síssima) falta de respeito. Restou ao presidente a tarefa de “limpar” a bagunça (e a barra da empresa). Há poucos dias, Patrick Doyle, CEO nos EUA, veio a público e respondeu na mesma moeda. No vídeo de dois minutos no You Tube, Doyle ( http://www.youtube.com/watch?v=7l6AJ49xNS...

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De...