Ou é fresquinho por que vende mais? Não, não é sobre a antiga propaganda da bolacha (que, como bom carioca, teimo em chamar de biscoito), que estou falando. O assunto é o sucesso empresarial sustentado, a capacidade de uma empresa apresentar e manter ao longo do tempo padrões de resultado diferenciados. Qual a razão do título, então? Pensemos nele como teste a ser aplicado aos principais "mantras" de gestão e sucesso entoados por gurus corporativos e seu séqüito de executivos ávidos por resultados rápidos.
"Ommmm, ambiente de trabalho, ommmm"
Pesquisas apontam que as empresas reconhecidas como bons lugares para se trabalhar apresentam melhores resultados que a média. Parece lógico, faz sentido e tem um ótimo apelo, mas será que passa pelo teste?
Vejamos: pessoas felizes com o ambiente de trabalho produzem mais resultado, ou será que as empresas com melhores resultados tendem a ser vistas como melhores lugares para se trabalhar? Uma coisa é a correlação entre dois eventos, outra, muito mais complicada, é atribuir uma relação causal entre eles.
"Ommmm, valores centrais, ommmm...."
Mais uma vez a correlação é bem plausível, contudo, a aplicação do teste ainda deixa no ar a questão do quê veio primeiro. O mesmo se aplica ao foco nos negócios centrais, ater-se ao que se sabe fazer, liderança forte, e outros tantos "mantras" famosos que fizeram o sucesso de livros de ninguém menos que Tom Peter e Jim Collins.
O que acontece segundo Phil Rosenzweig em seu provocante e muito bem-fundamentado livro, é que temos a tendência a extrapolar porque vemos o mundo através de lentes simplificadoras chamadas heurísticas. Assim se algo vai bem, tudo vai bem. Lembre-se de um chefe que você admirava e tente imaginá-lo como péssimo pai de família. Um bom líder é visto como bom em tudo e o inverso também é verdadeiro. Nas empresas, as que apresentam bons resultados financeiros são vistas como perfeitas em gestão, estratégia, etc. Rosenzweig apelidou esta heurística de Efeito Aura e argumenta que nossa tendência à extrapolação quando se junta à nossa preferência por histórias e depoimentos às estatísticas simplesmente contamina qualquer avaliação crítica.
Ninguém está imune, das revistas especializadas (as primeiras a brindar à nova corporação perfeita) aos grandes gurus que em pesquisas valem-se tanto de tendenciosos depoimentos internos quanto da literatura especializada.
"Derrubando Mitos" é rico em exemplos de empresas que foram do céu ao inferno, o Efeito Aura vale mesmo para os dois lados, bate forte na metodologia dos gurus corporativos, defende a importância da estratégia e sua execução, e nos mostra quão falíveis são nossas percepções. Antes de ler qualquer livro de negócios, consulte este. Criticamente, é claro!
Fonte: Por Leonardo Vils, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9
"Ommmm, ambiente de trabalho, ommmm"
Pesquisas apontam que as empresas reconhecidas como bons lugares para se trabalhar apresentam melhores resultados que a média. Parece lógico, faz sentido e tem um ótimo apelo, mas será que passa pelo teste?
Vejamos: pessoas felizes com o ambiente de trabalho produzem mais resultado, ou será que as empresas com melhores resultados tendem a ser vistas como melhores lugares para se trabalhar? Uma coisa é a correlação entre dois eventos, outra, muito mais complicada, é atribuir uma relação causal entre eles.
"Ommmm, valores centrais, ommmm...."
Mais uma vez a correlação é bem plausível, contudo, a aplicação do teste ainda deixa no ar a questão do quê veio primeiro. O mesmo se aplica ao foco nos negócios centrais, ater-se ao que se sabe fazer, liderança forte, e outros tantos "mantras" famosos que fizeram o sucesso de livros de ninguém menos que Tom Peter e Jim Collins.
O que acontece segundo Phil Rosenzweig em seu provocante e muito bem-fundamentado livro, é que temos a tendência a extrapolar porque vemos o mundo através de lentes simplificadoras chamadas heurísticas. Assim se algo vai bem, tudo vai bem. Lembre-se de um chefe que você admirava e tente imaginá-lo como péssimo pai de família. Um bom líder é visto como bom em tudo e o inverso também é verdadeiro. Nas empresas, as que apresentam bons resultados financeiros são vistas como perfeitas em gestão, estratégia, etc. Rosenzweig apelidou esta heurística de Efeito Aura e argumenta que nossa tendência à extrapolação quando se junta à nossa preferência por histórias e depoimentos às estatísticas simplesmente contamina qualquer avaliação crítica.
Ninguém está imune, das revistas especializadas (as primeiras a brindar à nova corporação perfeita) aos grandes gurus que em pesquisas valem-se tanto de tendenciosos depoimentos internos quanto da literatura especializada.
"Derrubando Mitos" é rico em exemplos de empresas que foram do céu ao inferno, o Efeito Aura vale mesmo para os dois lados, bate forte na metodologia dos gurus corporativos, defende a importância da estratégia e sua execução, e nos mostra quão falíveis são nossas percepções. Antes de ler qualquer livro de negócios, consulte este. Criticamente, é claro!
Fonte: Por Leonardo Vils, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9
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