Pular para o conteúdo principal

Estimule o Buxixo, o ti-ti-ti entre as pessoas

O buxixo é um ato natural do ser humano. Somos propensos a falar e falar sobre nossas vidas, nossas coisas e nossas experiências, inclusive, como consumidores. É aí que o buxixo afeta os negócios e qualquer plano de marketing via ações tradicionais de comunicação. Como definido por Emanuel Rosen, no seu livro The Anatomy of Buzz: How to Create Word of Mouth Marketing, de 2000, o buxixo diz respeito àquilo que os clientes falam um para o outro. Não se trata, somente, de um simples diálogo entre pessoas. O buxixo vai mais fundo, é o ti-ti-ti entre as pessoas. São comentários - informais, anárquicos, complementares, adversos ou virtuais - sobre algo ou alguém.

E como o ser humano é um ser social, um ti-ti-ti aqui alimenta outro ali e, num estalo, difusos comentários ganham forma e surge uma opinião generalizada, favorável ou não. Esse buxixo entre as pessoas faz com que elas se tornem hubs de uma rede sem fio e invisível, conectadas uma às outras por suas relações de conveniência, convivência, confiança e emoção.

Seth Godin, em seu livro Marketing Idéia Vírus, de 2001, define as pessoas, em função da sua força conectora, como contaminadores. E ainda as classifica em dois níveis: os poderosos e os promíscuos. Os poderosos funcionam como megahubs, pessoas formadoras de opinião, celebridades da mídia e especialistas famosos, capazes de provocar um buxixo com uma frase ou um ato. Os promíscuos formam redes locais, junto aos seus conhecidos, colegas de trabalho, amigos e familiares. Apesar de não terem a exposição dos megahubs, eles detêm o poder do diálogo e da proximidade com seus contatos – o termo promíscuo, na visão de Godin, vem do fato de não serem tão fáceis de serem identificados, assim como sua ação de contaminação. Basicamente, sob uma ótica de marketing, promíscuos são todas as pessoas que se relacionam com o negócio de uma empresa – funcionários, intermediários, parceiros e clientes – e poderosos são os influenciadores e formadores de opinião reconhecidos e identificados pelo mercado em que a empresa atua.

Estimulando o buxixo
Duas coisas podem dar partida ao buxixo: novidades ou idéias contagiosas, que, por estarem associadas à curiosidade, ao inusitado e ao novo conseguem mostrar-se simpáticas e atraentes ao hub disseminador; e um bom trabalho de relacionamento com os megahubs, que são identificáveis, e os hubs, que, com esforço, podem ser rastreados e cadastrados. McConnel & Huba, autores do Buzzmarketing – Criando Clientes Evangelistas, de 2003, citam três ações para promover o ti-ti-ti: primeiro, conte aos hubs sobre um novo produto ou serviço; em seguida, traga os hubs para encontros, físicos ou virtuais, em que possam conversar com outros hubs da companhia; depois dê um jeito de se certificar que outras pessoas verão os hubs usando seus produtos.

Eventos e feiras dirigidas cumprem as duas primeiras ações. A terceira ação, certificar-se de que outras pessoas verão os hubs usando seus produtos, é uma tática comum no mercado da moda e de produtos de altíssimo valor. Companhias fabricantes de relógios há muito tempo fecham acordos, formais ou não, com os megahubs, celebridades e formadores de opinião famosos, para que, simplesmente, circulem com seus relógios no pulso. Ultimamente, até clínicas de estética utilizam dessa artimanha operando próteses de silicones em celebridades emergentes, em troca da divulgação do seu nome.

O buxixo, querendo ou não, é um fato. Cabe ao empreendedor e, principalmente, aos gestores de marketing, compreender seu conceito, entender como surgem e como se disseminam, para tentar, de forma indireta, influenciar sua disseminação via ações de relacionamento e relações públicas. E, claro, os contaminadores devem alastrar opiniões positivas e favoráveis, ou seja, antes de tudo, é essencial ter a companhia organizada, entregando bons produtos, prestando bons serviços e cumprindo suas promessas.

O conjunto de ações de marketing conscientes, planejadas e gerenciadas em prol do buxixo forma a tática chamada buzzmarketing. Portanto, o buxixo vem antes e sempre irá existir. E essa tática nada mais é que uma tentativa gerencial para influenciar esse processo. Por isso, de nada adiantarão ações repentinas e pontuais de relacionamento com megahubs - que poderão, depois, pela falta de continuidade, até causar efeito contrário. Decidir influir no buxixo é uma séria atitude. As pessoas não são bobas e falam. Ah, como falam!


Fonte: Por Marcelo Miyashita, in www.mundodomarketing.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Funcionários da Domino´s Pizza postam vídeo no You Tube e são processados

Dois funcionários irresponsáveis imaginam um vídeo “muito engraçado” usando alimentos e toda sorte de escatologia. O cenário é uma cozinha da pizzaria Domino´s. Pronto, está feito o vídeo que mais chamou a atenção da mídia americana na semana passada. Nele, os dois funcionários se divertem enquanto um espirra na comida, entre outras amostras de higiene pessoal. Tudo isso foi postado no you tube no que eles consideraram “uma grande brincadeira”. O vídeo em questão, agora removido do site, foi visto por mais de 930 mil pessoas em apenas dois dias. (o vídeo já foi removido, mas pode ser conferido em trechos nesta reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=eYmFQjszaec ) Mas para os consumidores da rede, é uma grande(síssima) falta de respeito. Restou ao presidente a tarefa de “limpar” a bagunça (e a barra da empresa). Há poucos dias, Patrick Doyle, CEO nos EUA, veio a público e respondeu na mesma moeda. No vídeo de dois minutos no You Tube, Doyle ( http://www.youtube.com/watch?v=7l6AJ49xNS