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Tolerância como prescrição médica

Um domingo desses, num passeio pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, fui surpreendida com um convite para visitar um jardim sensorial. Sem dúvida, não me privei da experiência. Com uma venda nos olhos, fui guiada por uma deficiente visual e descobri uma beleza antes inexplorada utilizando o tato e o olfato. Após concluir o circuito e retirar a venda, dei uma rápida olhada ao redor e constatei como a visão pode ser traiçoeira. Tenho de admitir que as plantinhas não me chamariam a atenção apenas com os olhos.

Agradeci muito a minha guia sorridente pelas descobertas e prometi voltar mais tarde para a oficina de argila, que seria realizada também com venda nos olhos, ministrada por uma artista cega. Eu, que havia ido apenas fazer uma caminhada para relaxar, acabei refletindo o resto do dia sobre minhas deficiências. Parei para analisar se estou vendo, ouvindo e percebendo direito o mundo ao redor.

A percepção cognitiva interfere diretamente no comportamento das pessoas, pois é a partir da leitura e da interpretação que fazemos da realidade que tomamos nossas decisões. Nossas experiências anteriores e nosso modelo mental interferem em nossa forma de perceber o mundo e, conseqüentemente, influenciam as nossas ações.

Intuitivamente, distorcemos aquilo que vemos, pois temos a tendência de enxergar o que esperamos, ou seja, buscar confirmações de nossos pontos de vista e ignorar os pontos contraditórios. No mundo corporativo, essas ‘tendenciosidades’ geram resistências e conflitos. As pessoas agem para confirmar e perpetuar as próprias crenças.

Precisamos reconhecer nossas deficiências e relativizar nossas percepções para garantirmos a boa saúde do ambiente organizacional. Ao nos colocarmos no lugar do outro, admitindo que não há verdade absoluta, daremos um importante passo no sentido da ‘cura’. Que tal praticar tolerância como prescrição médica?



Fonte: Por Camila Pires, in www.nosdacomunicacao.com

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