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Fórum Permanente pela Qualificação do Ensino de Comunicação

Foi realizado no último dia 28 de junho, em Brasília, o Fórum Permanente pela Qualificação do Ensino de Comunicação. A primeira reunião do Fórum contou com a participação das principais entidades representativas do mercado de comunicação. O encontro foi convocado pelo Conselho Federal de Relações Públicas – Conferp e pela FENAJ – Federação Nacional de Jornalistas, contando também com a participação de representantes da Associação Brasileira de Relações Públicas, da Federação Nacional de Agências de Propaganda, Fenapro, da Abrapcorp – Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação Organizacional e Relações Públicas, além de professores de comunicação da PUC-RS, da Universidade Católica de Brasília e do IESB – Instituto de Educação Superior de Brasília.

O encontro foi aberto com palestra do secretário de ensino superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota. Ele foi convidado especial do Fórum. E trouxe para o grupo as diretrizes do Governo para o controle da qualidade do ensino superior no Brasil. Ele afirmou que o Governo trabalha com quatro princípios básicos, que norteiam a política para o setor. O primeiro é o da expansão da oferta de vagas. O segundo, da avaliação da qualidade do ensino oferecido. O terceiro é o da inclusão social, que está baseado no programa Pro-Uni. E o quarto princípio diz respeito à difusão territorial, com ampliação do número de vagas nas regiões do país onde há mais carência.

O secretário de ensino superior do MEC falou também que o ministério é favorável aos sistemas de avaliação e acaba de implantar o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior - SINAES. O secretário reconheceu que os cursos de comunicação estão entre os que mais boicotam as avaliações, mas ressalta que fazer avaliação constante é uma necessidade do sistema. Ressaltou que avaliação de hoje não é apenas na saída do curso, mas também na entrada.

Mas no aspecto do controle dos cursos, o MEC ainda vê limites legais para agir. Quando uma faculdade ou curso tem seguidas avaliações negativas, o Ministério faz com a instituição um protocolo de compromisso para ajustar o curso aos padrões de qualidade desejados.

Ronaldo Mota diz que até o momento o MEC não tem sido capaz, sob o aspecto legal, de fechar cursos por falta de qualidade. Com o SINAES, afirma que vai ser possível fazer isso, iniciando essa prática pela área de saúde.

No debate com os integrantes do Fórum, o Secretário do MEC anunciou que todas as contribuições do setor de comunicação para o aprimoramento do ensino poderão ser feitas pelo E-MEC, sistema de consultas que será adotado a partir do próximo semestre. Entre algumas diretrizes que o Ministério pretende implantar, está a de unificação de habilitações em determinadas áreas, como já foi feito nos cursos de administração, que hoje não têm subdivisões. Ele sinalizou que essa é uma possibilidade para outras áreas. Porém, ressaltou que não há possibilidade de adotar mudanças sem consultas a professores e agentes do mercado.


Debate
Após o diálogo com o representante do MEC, os integrantes do Fórum debateram alguns dos temas mais relevantes para os segmentos de comunicação no que diz respeito aos cursos que formam profissionais para a área.

A secretária-geral do Conferp, Ana Lucia Novelli, apresentou dados levantados junto ao MEC a respeito dos cursos de comunicação no Brasil. São 791 cursos, sendo 682 privados e 109 em instituições públicas. A carreira de publicidade e propaganda lidera com oferta de 359 cursos. O jornalismo vem em seguida, com 268 cursos, relações públicas tem 93, rádio e tv tem 47, editoração, 14 e cinema, com 6 cursos. A distribuição territorial apresenta forte concentração nas regiões sul e sudeste.

Os resultados dos cursos de comunicação no Enade – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, confirmaram as preocupações das entidades integrantes do Fórum com a qualidade da formação dos profissionais da área.

Os alunos dos cursos de comunicação tiveram médias baixas, se comparadas a outras disciplinas, apresentando, em sua maioria, notas inferiores a 50 pontos, em um total possível de 100.

Na avaliação final dos cursos pela CAPES, apenas 4% das faculdades de comunicação conseguiram o conceito 5, que é considerado de excelência.


Fórum passa a ser permanente
Ante os resultados preocupantes apresentados pelos cursos de comunicação. E após avaliação de que os desafios para a melhoria da qualidade do ensino são grandes, as entidades decidiram tornar o fórum permanente. Um primeiro documento, que será encaminhado ao MEC, vai expressar como prioridades do fórum a preocupação com a abertura de novos cursos e vagas sem qualquer tipo de controle, uma especial atenção com o desempenho dos alunos e dos cursos nas avaliações do Ministério, a necessidade de envolvimento dos agentes do setor na definição de critérios para avaliação dos cursos e um canal constante de diálogo entre o Ministério e as entidades representativas da área antes de qualquer decisão sobre mudanças nos currículos e na classificação das habilitações. O Fórum marcou um próximo encontro para o dia 28 de setembro, em Brasília.


Fonte: www.abracom.org.br

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