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Empresas não querem dar poder ao consumidor

Pesquisa recente, promovida pela revista PR Week com 279 graduados executivos de marketing americanos, mostrou que apenas 12% deles acreditam que estratégias baseadas em conteúdo gerado pelos consumidores podem ser muito importantes. A maioria ficou em cima do muro e 14% assumiram que, afinal, não vêem importância alguma nesse tipo de iniciativa.

O resultado não surpreende. Ao contrário do que possa parecer, marqueteiros [e executivos] costumam ser bem conservadores, o que se acentua na medida em que o sujeito sobe na carreira. Para se ter uma idéia, a principal estratégia relacionada a novas mídias utilizada pela maioria desses profissionais é a construçao de um site. Mais basicão é impossível.

A pesquisa dá uma boa dica sobre a razão pela qual as empresas americanas não usam conteúdo gerado pelos consumidores - a culpa pode ser da obsessão pelo controle. Apenas 22% dos entrevistados mostraram-se muito dispostos a transferir poder aos seus clientes. Os demais acham que isso atrapalha os negócios sem trazer retorno. Ou seja, para a maioria, esse negócio de consumidor em 1o lugar é conversa mole pra boi dormir.

Apesar disso tudo, várias companhias continuam apostando na contribuição de pessoas comuns. E não apenas para a criação de suas mensagens publicitárias, como algumas fizeram recentemente, mas principalmente no aprimoramento de seus produtos e processos. De todas essas, uma das mais criativas me parece a Frito-Lay, dona da marca Doritos.

Depois de gerar muita repercussão com sua campanha para escolher o comercial criado por consumidores que foi veiculado no Super Bowl, final do campeonato de futebol americano e maior audiência na TV dos EUA, eles inventaram outra idéia muito boa. Colocaram nas prateleiras dos supermercados um novo produto chamado Doritos X-13D. Como voce pode imaginar, este é um nome provisório. Caberá aos fãs de Doritos escolher o definitivo, pela web, é claro. Em 1 mês já chegaram 100 mil sugestões.

Os benefícios para a Frito-Lay nao se resumem a publicidade gratuita gerada pelo boca-a-boca e pelas matérias de imprensa sobre a promoção. Aos poucos, a marca vai consolidando uma imagem de empresa realmente empenhada em colocar o consumidor no centro de suas decisões. O que provavelmente começou como uma açao meramente tática vai se transformando em uma estratégia de branding ousada e eficaz. Taí um bom exemplo para ser estudado e acompanhado pela minoria que se interessa de verdade pelo assunto - tanto aqui quanto lá fora.


Fonte: Por Luiz Alberto Marinho, in www.bluebus.com.br

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