Na contramão dos índices globais, o índice de produtividade industrial no Brasil vem caindo a níveis inferiores aos verificados em 1980, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Uma pesquisa sobre produtividade industrial realizada pela Proudfoot Consulting apontou que, mesmo com a perspectiva de um crescimento no índice de 4% em 2007, de acordo com números do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o País ainda tem muito a progredir.
De acordo com a pesquisa realizada entre 462 executivos de dez países - Alemanha, Austrália, Áustria, Brasil, Canadá, Estados Unidos, Espanha, França, Portugal e Reino Unido -, os Estados Unidos foram apontados como modelo em práticas de gerenciamento, com citações entre 25% dos entrevistados, seguidos da Alemanha, Japão e Reino Unido. O Brasil foi citado por apenas 1% das pessoas ouvidas.
Os entrevistados afirmaram que, entre os principais entraves ao crescimento estão problemas de comunicação, que ficaram em primeiro lugar, com 24% das citações. Em seguida, veio a qualificação imprópria da mão-de-obra, com 12%.
"Os entrevistados foram solicitados a responder quais fatores terão maior impacto em sua empresa nos próximos dois anos. Logo após a primeira opção escolhida, a competição dos mercados emergentes, com 26%, aparecem preocupações relacionadas ao gerenciamento de pessoas. Cerca de 16% optaram por educação e treinamento dos funcionários da empresa e 13%, por falta de mão-de-obra qualificada e habilitada entrando no mercado de trabalho. Estes problemas constituem graves entraves à produtividade", diz Elzo Guarnieri, vice-presidente executivo da Proudfoot Consulting.
Guarnieri diz que a elevação da produtividade a níveis consideráveis, em qualquer ramo empresarial, deve estar nas pessoas, pois, conforme diz, são o maior capital de uma empresa. "Não existe um caso sequer de empresa de sucesso que não tenha em seu quadro profissionais altamente qualificados. Deste modo, cria-se uma via de mão dupla: funcionários produtivos formam empresas bem-sucedidas e vice-versa."
A pesquisa mostra ainda que, no Brasil, apenas 7% das empresas possuem estratégias de recursos humanos, o menor índice entre os países pesquisados, enquanto os Estados Unidos aparecem com 54% e o Canadá com 58%. Outro dado constatado foi que, no Brasil, gasta-se até 40% do tempo em encontros de negócios. No lugar de comunicar e decidir, tais reuniões resultariam em perda de tempo da equipe, comprometendo o índice de produtividade.
Estilo estrangeiro de gestão
A globalização, a privatização e a falta de adaptação às particularidades dos países latino-americanos e às realidades locais podem ser algumas das explicações para a baixa produtividade nas empresas dos países em desenvolvimento, entre eles, o Brasil. A idéia foi desenvolvida por Alfredo Behrens, economista especialista em Cross Cultural Management, no livro Cultura e administração nas Américas - Perspectivas e tendências, recém-lançado pela Editora Saraiva.
Behrens diz que o problema da baixa produtividade no País está diretamente relacionado a uma resistência passiva ao "ethos" administrativo estrangeiro. "Houve uma padronização no gerenciamento de empresas nacionais, que se basearam em modelos ultrapassados norte-americanos", afirma o autor do livro. "Ainda hoje, no Brasil, utiliza-se um modelo científico de 1911, que é, no mínimo, primitivo", observa.
"Esta forma de pensar e gerenciar foi divulgada no Brasil após a Segunda Guerra, com a abertura das primeiras escolas de administração do Brasil e ainda está em vigência em muitas organizações", afirma o economista.
"Com este dado, não podemos falar que o executivo nacional é ruim, de forma geral, o grande entrave é que ele usa estruturas mentais criadas pelo e para o povo americano."
O autor diz que uma administração adaptada à cultura local traz mais produtividade, além de criar produtos com menos erros e com qualidade e custos menores. Ele cita que a Natura é um exemplo de empresa que soube abusar da criatividade nacional, prezando pelas relações humanas. "Companhias intermunicipais de ônibus, de forma geral, também souberam criar modelos bastante interessantes", finaliza.
Fonte: Por Alexandre Staut, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9
De acordo com a pesquisa realizada entre 462 executivos de dez países - Alemanha, Austrália, Áustria, Brasil, Canadá, Estados Unidos, Espanha, França, Portugal e Reino Unido -, os Estados Unidos foram apontados como modelo em práticas de gerenciamento, com citações entre 25% dos entrevistados, seguidos da Alemanha, Japão e Reino Unido. O Brasil foi citado por apenas 1% das pessoas ouvidas.
Os entrevistados afirmaram que, entre os principais entraves ao crescimento estão problemas de comunicação, que ficaram em primeiro lugar, com 24% das citações. Em seguida, veio a qualificação imprópria da mão-de-obra, com 12%.
"Os entrevistados foram solicitados a responder quais fatores terão maior impacto em sua empresa nos próximos dois anos. Logo após a primeira opção escolhida, a competição dos mercados emergentes, com 26%, aparecem preocupações relacionadas ao gerenciamento de pessoas. Cerca de 16% optaram por educação e treinamento dos funcionários da empresa e 13%, por falta de mão-de-obra qualificada e habilitada entrando no mercado de trabalho. Estes problemas constituem graves entraves à produtividade", diz Elzo Guarnieri, vice-presidente executivo da Proudfoot Consulting.
Guarnieri diz que a elevação da produtividade a níveis consideráveis, em qualquer ramo empresarial, deve estar nas pessoas, pois, conforme diz, são o maior capital de uma empresa. "Não existe um caso sequer de empresa de sucesso que não tenha em seu quadro profissionais altamente qualificados. Deste modo, cria-se uma via de mão dupla: funcionários produtivos formam empresas bem-sucedidas e vice-versa."
A pesquisa mostra ainda que, no Brasil, apenas 7% das empresas possuem estratégias de recursos humanos, o menor índice entre os países pesquisados, enquanto os Estados Unidos aparecem com 54% e o Canadá com 58%. Outro dado constatado foi que, no Brasil, gasta-se até 40% do tempo em encontros de negócios. No lugar de comunicar e decidir, tais reuniões resultariam em perda de tempo da equipe, comprometendo o índice de produtividade.
Estilo estrangeiro de gestão
A globalização, a privatização e a falta de adaptação às particularidades dos países latino-americanos e às realidades locais podem ser algumas das explicações para a baixa produtividade nas empresas dos países em desenvolvimento, entre eles, o Brasil. A idéia foi desenvolvida por Alfredo Behrens, economista especialista em Cross Cultural Management, no livro Cultura e administração nas Américas - Perspectivas e tendências, recém-lançado pela Editora Saraiva.
Behrens diz que o problema da baixa produtividade no País está diretamente relacionado a uma resistência passiva ao "ethos" administrativo estrangeiro. "Houve uma padronização no gerenciamento de empresas nacionais, que se basearam em modelos ultrapassados norte-americanos", afirma o autor do livro. "Ainda hoje, no Brasil, utiliza-se um modelo científico de 1911, que é, no mínimo, primitivo", observa.
"Esta forma de pensar e gerenciar foi divulgada no Brasil após a Segunda Guerra, com a abertura das primeiras escolas de administração do Brasil e ainda está em vigência em muitas organizações", afirma o economista.
"Com este dado, não podemos falar que o executivo nacional é ruim, de forma geral, o grande entrave é que ele usa estruturas mentais criadas pelo e para o povo americano."
O autor diz que uma administração adaptada à cultura local traz mais produtividade, além de criar produtos com menos erros e com qualidade e custos menores. Ele cita que a Natura é um exemplo de empresa que soube abusar da criatividade nacional, prezando pelas relações humanas. "Companhias intermunicipais de ônibus, de forma geral, também souberam criar modelos bastante interessantes", finaliza.
Fonte: Por Alexandre Staut, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9
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