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A superação dos limites

Do empresário que ousou vender suas grifes para o mundo aos campeões de diferentes modalidades do esporte, e do camelô que se tornou palestrante celebrado ao comandante do Corpo de Bombeiros de São Paulo, a mais respeitada e admirada instituição pública brasileira. O painel "A superação de limites", que encerrou o Conarec 2007 - Congresso Nacional das Relações Empresa-Cliente, reuniu diversos brasileiros dos mais distintos setores de atividades que galgaram reconhecimento graças à atuação, à perseverança e ao compromisso com o resultado.

Sob a batuta do irreverente Paulo Bonfá, apresentador da MTV, cada um compartilhou um pouco de sua trajetória e falou sobre sucesso. Não há receita ou segredo, mas todos foram unânimes em citar só o talento não basta para ultrapassar limites e superar desafios. É preciso muito trabalho, esforço, treino, dedicação, metas e atitude correta.

Para Janeth Arcain, campeã de basquete que encerrou uma carreira de 25 anos no fim dos Jogos Pan-americanos 2007, a superação está em cada pessoa. "Comecei jogando vôlei e no fim de um campeonato falei para o treinador que queria jogar basquete", contou a atleta. No início da carreira, Janeth jogou pelo interior do estado de São Paulo. "Era como uma cigana, indo de cidade em cidade", disse.

A atleta passou por momentos de dúvida. "Todos temos dúvida, principalmente quando começarmos a nos superar e algo dá errado", falou. "Eu treinava seis horas por dia, fazia muitas cestas e quando ia para o jogo só fazia três ou quatro cestas. Aí eu pensava que devia ter voltado a jogar vôlei".

O que a manteve lutando e a levou ao sucesso em sua carreira foi o sonho e a persistência. "O sonho, a garra e o acreditar que você pode superar seu limite sem passar por cima dos outros, te leva pra frente", concluiu.

Para a jogadora, um de seus momentos de superação foi a atuação no WNBA (Womens National Basketball Association), nos Estados Unidos. "Não sabia falar inglês. Só sabia falar thank you e as jogadoras não passavam a bola pra mim", contou. "Então, resolvi usar a linguagem do basquete e fazer o que sei, que é colocar a bola na cesta. O primeiro ano foi difícil. O segundo foi um pouco melhor. O terceiro foi melhor e assim continuaram os outros anos", completou.

A decisão de encerrar a carreira em 2007, nos Jogos Pan-americanos, não tem volta. "Chega uma hora que temos que passar o bastão para a nova geração, que também vai ser vencedora. Conquistei muita coisa e não seria a cor da medalha conquistada no Pan que ia mudar minha paixão pelo esporte e pelo País e nem a decisão de encerrar a carreira", justificou.

Para Sebastian Cuattrin, campeão de canoagem, o Pan-americano também foi marcante. Por mais de 16 anos, o canoísta brasileiro lutou para superar um limite: a medalha de prata. "Sempre acabava com a prata", contou. "Nos jogos de 2003 tinha chance de ouro, mas não o alcancei e tive que esperar mais quatro anos para conquistar essa medalha", completou.

Esse período entre os jogos do Pan-americano de 2003 e de 2007 foi marcado por muito trabalho e dedicação. "Mas em 2007, bati na trave novamente e pendurei a honrosa prata no peito. Tive um ataque de choro", contou.

Apesar disso, o atleta teve mais uma chance de conseguir realizar seu sonho. Ainda restava a prova por equipe. "Engoli o choro e fui me preparar para a prova da equipe", falou. A equipe de canoagem foi para a água decidida a ganhar o ouro e levou a melhor, venceram a prova. "Todos, na verdade, temos um momento de superação, quando tem que levantar a cabeça e superar uma crise. É esse momento que faz a diferença", acredita Sebastian.

A Marisol também ultrapassou limites. O último foi estabelecer sua marca em países estrangeiros. "A superação é constante", disse Giuliano Donini, diretor de marketing da Marisol. "Com a economia e o câmbio instável, perdíamos a competitividade no exterior, mas agora estamos presentes no México e na Europa", completou.

O desafio atual é, justamente, construir a imagem das marcas da empresa no exterior. "Queremos deixar de ser um expressivo produtor de roupas e passar a agregar valor aos produtos", disse.

O sonho de internacionalizar a marca começou a ser desenhado há sete anos. "Trabalhamos das seis da manhã até oito da noite. Afinal, se queremos vencer nesse mercado, temos que trabalhar", afirmou Donini.


Vencer dificuldades

Yane Marques, campeã do pentatlo moderno, tem um grande desafio pela frente. Mais do que vencer, ela quer fazer conhecido um esporte sem tradição no Brasil. "O pentatlo consiste na prática de cinco modalidades: tiro ao alvo, hipismo, natação 200 metros, esgrima e corrida (3km)", contou Yane.

Nos jogos Pan-americanos, a atleta manteve a primeira colocação geral do pentatlo durante quatro, das cinco provas. "A dificuldade das provas é a mesma para todas as competidoras e isso torna a prova mais prazerosa de fazer e de ver", comentou.

Para Yane, para vencer as dificuldades impostas do pentatlo é preciso muito trabalho. "Treino de seis a oito horas por dia, e ainda curso faculdade à noite. Estou treinando e me preparando para ir para Pequim, nos Jogos Olímpicos de 2008", falou.

Hugo Oyama, campeão de tênis de mesa, também está de olho em Pequim. Com 31 anos de carreira, 21 deles na seleção brasileira, Hugo disse que a meta é sempre fazer o melhor. "Não adianta estar na competição só como favorito, tem que vestir a camisa", falou.

O atleta foi o brasileiro que mais conquistou medalhas de ouro na história dos Pan-americanos: oito no total. "Na última partida, vi o Gustavo Borges. O gesto de torcer por mim sabendo que eu o superaria no recorde de medalhas mostra a grandeza de um atleta", comentou.

Para Mauricio Lima, campeão olímpico de vôlei que vestiu a camisa da seleção brasileira por 18 anos, não há nada mais valioso do que representar o País no exterior. Porém, o sucesso de um atleta não está somente no talento e na habilidade. "Vários talentos se perdem porque acham que só com o talento conseguem vencer, mas é preciso trabalhar, suar", falou. "Eu procurei aliar talento com treinamento", completou.

Esse também foi o ponto destacado pelo Coronel Manoel Antônio da Silva Araújo, comandante do Corpo de Bombeiros de São Paulo. "As pessoas que pedem auxílio precisam de algo e geralmente estão em desespero", disse. "Nós nos preparamos constantemente para estarmos prontos para atender todo tipo de ocorrência. Dizemos que o nosso trabalho envolve a proteção de três vidas: a da vítima, a da equipe e a própria", completou.

Para o coronel, o segredo do sucesso é o trabalho. "Tem que confiar e ter muita atitude", afirmou.

Atitude também é uma palavra constante no vocabulário David Portes, camelô. "Há 19 anos eu era bóia fria no interior do estado do Rio de Janeiro. Eu sabia que tinha que ter atitude para conseguir sair daquela vida", falou.

Depois que foi para a capital do Rio de Janeiro, David e a esposa chegaram a dormir na rua até que ele começou a vender doces. O negócio foi crescendo e hoje, a família do empreendedor está bem estabelecida e ele tem planos para abrir um novo negócio, de venda de sorvete e café. "Fomos em busca de um sonho. Para isso tivemos que insistir, persistir, ter atitude, porque a vida só é dura para quem é mole", falou.


Fonte: Por Tatiana Alcalde, in www.consumidormoderno.com.br

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