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A credibilidade dos blogs

Transcrevo abaixo a íntegra da entrevista realizada pelo Blog Na Media sobre a credibilidade dos blogs com Alessandro Barbosa Lima, CEO da e.life, empresa que monitora o boca-a-boca - ou mídia gerada pelo consumidor - na internet para empresas do porte da Microsoft e O Boticário. Vale a pena conferir:


Na Média - Como você vê a credibilidade dos blogs hoje em dia?
Alessandro - Quando se fala em blog rapidamente as pessoas pensam na falta de credibilidade. Mas assim como há falta de credibilidade nos blogs também há na imprensa tradicional. A crediblidade ou sua ausência não é inerente ao formato da mídia, mas está ligada à credibilidade do interlocutor. Um blogueiro pode ter melhores fontes que um jornalista ou não. Porém há uma tendência maior dos blogs mais lidos e mais referenciados por links por outros blogs terem uma informação mais crível. Isso porque o controle da credibilidade num blog é feito pela própria audiência que colabora com comentários, alguns favoráveis e outros não. Esta discussão pública e sem mediadores (que acontece com mais frequência nos blogs) estimula a multiplicidade de informações e a checagem dos dados. Ou seja, enquanto na mídia tradicional isso fica na mão de um ou no máximo dois jornalistas (incluindo o editor), no blog trata-se de um trabalho coletivo. Por ser coletivo o número de acertos e informações corretas tende a ser maior. É o trabalho do um (jornalista) versus o trabalho coletivo dos blogueiros e suas comunidades.

Na Média - Qual o tipo de empresa que procura os serviços da e.life?
Alessandro - Geralmente empresas grandes, brasileiras e multinacionais, que comercializam bens de consumo e que estão preocupadas em preservar e/ou manter uma imagem/reputação positivas. Hoje em dia reputação pode impactar nas vendas, então é um ativo importante para a empresa. Com a ascençào da blogosfera não há mais disfarçar ou jogar uma crise pra baixo do tapete.

Na Média - O que essas empresas geralmente fazem com a informação coletada?
Alessandro - Diversas coisas. Algumas como O Boticário utilizam esta informação como um insumo para o SAC. Outras como Microsoft utilizam para alimentar a área de Comunicação, via assessoria de imprensa, e passar a utilizar estratégias de Relações Públicas com a blogosfera, que são os novos formadores de opinião.
Em geral, as empresas gerenciam crises, fazem estudos de mercado ou simplesmente se mantêm atualizadas sobre como anda sua imagem na blogosfera.

Na Média - O boca-a-boca pode influenciar as decisões estratégicas de uma empresa?
Alessandro - Sim, geralmente os blogueiros são formadores de opinião, percebendo a crise com muita antecedência. Se o blogueiro não é ouvido aquela crise pode sair da web, extrapolar para outros meios e se tornar algo realmente preocupamente para a empresa. A blogosfera é um termômetro para o humor do consumidor e para a imagem da empresa. E a emrpesa precisa adaptar suas estratégias segundo a flutuação da sua imagem para este público.

Na Média - Como funciona o conceito de que uma opinião negativa se espalha mais rapidamente que uma positiva?
Alessandro - Em relação a um dos nossos clientes, O Boticário, temos observado que as pessoas que geralmente falam mal da marca estão ligadas através de redes sociais como Orkut a um número maior de pessoas em comparação a quem fala bem. Talvez isto explique porque geralmente o boca-a-boca negativo se espalhe mais rapidamente. De forma geral, os consumidores mais críticos têm uma audiência maior de consumidores em comparação com os menos críticos.

Na Média - Em que nível os leitores dos blogs são influenciados pelo que eles lêem?
Alessandro - Há os que são influenciados e postam nos seus próprios blogs o que leram, há os que linkam para os blogs citados, mas uma grande maioria simplesmente fala e conversa com outras pessoas sobre o que leram fora da Internet. Os blogs têm audiências dentro de clusters, ou seja, em nichos de assuntos e públicos. Estas audiências crescem e através das próprias redes sociais pode extrapolar estes nichos e influenciar mais gente, de interesses diferentes, chegando aos jornalistas.

Na Média - O que é a web 2.0?
Há muitas definições, como da Wikipedia porém a principal característica da web 2.0 é o nascimento de aplicações que permitem um maior número de discussões entre os internautas. Uma vez que aumentam as discussões a web se torna mais coletiva, menos individual. E mais participativa. Essa é a principal característica.

Na Média - Com todo esse conteúdo sendo gerado pelos próprios usuários, como você vê o futuro das empresas que geram conteúdo, como os jornais on-line e portais de notícias?
Alessandro - Atualmente os jornais começam a adotar a linguagem dos blogs, adotando blogs, podcasts e outros formatos da blogosfera. Mas isso não é tudo. O grande desafio dos jornais e de todos os meios de comunicação é como aproveitar a informação gerada por milhões de pessoas em todo o mundo equipadas com blogs, celulares com câmeras, aproveitando este conteúdo. A informação que pode vir daí pode ser algo tão rico e num volume tão grande que nenhum jornal teria acesso de outra forma. Algumas experiências já estão sendo testadas. O Grupo Diários Associados, em Pernambuco, criou dentro do seu portal, o Pernambuco.com o site Cidadão Repórter. No Cidadão os leitores podem criar suas próprias matérias. Semanalmente uma página do Jornal impresso é gerada com conteúdo dos leitores da Internet. Os jornais não devem lutar contra os blogueiros, mas aproveitar o que é gerado por eles.


Fonte: Por Pedro Serra, in Blog Na Media (namedia.wordpress.com)

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