Quem? Como? Onde? Você viu? Eu não, mas continuo procurando. Cadê o dinheiro da Comunicação?
Essa é a pergunta mortal que atualmente assola o mercado de comunicação corporativa. Sabe-se lá porque motivo, mas os fees vêem diminuindo drasticamente, num contra-senso com a importância que o trabalho de assessoria de imprensa e relações-públicas vem ganhando no cenário empresarial.
Mas o que realmente acontece? Por que ninguém quer pagar o que as nossas agências merecem? Esse é um assunto um tanto quanto polêmico, mas não vou fugir dele. Quero refletir e, quem sabe, ouvir de vocês que lêem esse artigo, algo para mudar esse cenário dramático que vivemos. Para clarear um pouco sobre o que eu realmente estou falando, vamos do princípio. Assim que uma agência de comunicação fecha com um cliente, ela acerta sua remuneração, que a priori deveria cobrir seus custos operacionais para o atendimento do cliente e, por fim, sobrar o tão justo lucro. Ah, sonho meu.
Infelizmente, de uns 5 anos para cá, o mercado tem tido um comportamento muito estranho. O número de empresas que passaram a buscar serviços de comunicação aumentou, mas os fees (o nome técnico para o pagamento) começaram a cair. Esse movimento vai exatamente contra a lei da oferta e procura, onde quanto maior a demanda, maior os preços e vice-versa. Uma lei tão rígida como essa de mercado não pode ser quebrada por um acaso. Tem mais por trás disso.
Minhas avaliações e percepções aqui são frutos de vivência. Não há um estudo que embase o que digo aqui, mesmo porque o nosso mercado não produz nada sobre isso. Não há um panorama das agências, remuneração média, movimentação anual do setor, etc. Tudo é escondido de forma infantil. Para nós que cobramos diariamente "números" dos clientes para as mais diversas pautas, pecamos muito no nosso setor com isso, perdendo assim o rumo para nos orientar.
Tudo que fiz nesses dias foi conversar com donos de agências amigas e ouvir. Só isso. Tirando particularidades de cada realidade, a consenso foi que: o cliente exige demais, atendemos de tudo e mais um pouco, e eles pagam o quanto querem para a gente. É meio grosseiro, mas é isso. Estou cansado de ir a reuniões de prospecção e o cliente já ter uma verba pronta para pagar para comunicação, sem antes nem nos consultar para saber se há possibilidade de atender dentro daqueles custos ou não.
Desse cenário, tenho duas teorias que se juntam mais para frente. A primeira e mais óbvia é o fato que os clientes adquiriram o péssimo hábito de leiloar serviços de comunicação. O lema "Tenho tanto e quero tudo por isso" reina nas conversas. Como se fosse possível pagar por inteligência e estratégia desse jeito. Esse comportamento a princípio é benéfico para a empresa contratante, mas mais para frente pode trazer efeitos colaterais mais amargos. Como já diz o ditado popular, "o barato saí caro".
Será que uma agência consegue entregar por muito tempo um serviço de qualidade sem ganhar o suficiente para cobrir os custos? A dedicação continua igual? Claro que não, chega uma hora que o peso da carga de trabalho versus o retorno, caí como uma bomba nos balanços das agências, que no frigir dos ovos também são empresas e estão no mercado para lucrar. Somos capitalistas sim. Temos que ganhar e nos valorizar.
Daí entra a segunda parte da minha teoria, que na verdade mostra de quem é a culpa para esse cenário. Para existir um cliente que paga o quanto ele quer e não o custo real, tem que existir a agência que aceita, ou seja, o único vilão nessa história toda são as próprias agência de comunicação.
Numa espécie de corrida ao ouro, várias agências (e eu me incluo nessa leva) passaram a aceitar esses pagamentos ridículos para garantir faturamento e fomentar a carteira de clientes. O que parecia temporário tornou-se padrão e o mercado passou a entender o serviço de comunicação, especialmente a parte de assessoria de imprensa como algo barato e de alto retorno.
Enfim, fizemos um dumping coletivo dos preços de mercado e agora, para reverter isso, só com milagre, mas como não podemos esperar a intervenção do Divino - afinal ele deve ter coisas mais importantes para cuidar - o negócio é arregaçar as mangas e começar a trabalhar muito e de maneira bem focada.
A primeira alternativa é criar uma regulamentação na cobrança dos fees. Temos que doutrinar o mercado a saber o quanto ele tem que pagar pelos nossos serviços. Quais seriam os parâmetros? Sinceramente não sei. Poderia ser por faturamento, número de funcionários, tipo de produto ou serviço a ser trabalhado, como também poderia se um conjunto de fatores que criasse um patamar para o valor. E suma, cada agência poderia gerar seu preço em cima de bases concretas de mercado e não dar preços a esmo.
Sendo bem claro, não dá para uma agência cobrar menos que R$ 3 mil para qualquer tipo de cliente. Menos do que isso é suicídio. Só de carga tributária perde-se 19% desse valor. Aí entra o custo-hora do profissional que vai atender a conta. Sem dúvida esse é o custo mais alto na composição dos preços. Nesse valor, por exemplo, para pagar um bom profissional e dar uma estrutura decente de trabalho, é preciso que ele atenda de 3 a 5 contas para dar uma margem boa de lucro.
Agora, para o sujeito segurar de 3 a 5 contas e atender com primazia e fazer um serviço sem questionamento, haja dedicação, tempo e vontade. O certo é cobrar mais para deixar profissionais com mais tempo para pensar e menos clientes, e assim fazer mais e melhor. Inflacionar o dia quem trabalha para a gente é burrice. Temos que cobrar mais para poder oferecer o que é certo.
Vamos começar a olhar as agências de publicidade, nossas irmãs nesse setor. Não que o mercado esteja como anos atrás, mas eles continuam cobrando bem pelo que fazem. Há um acordo mútuo entre eles sobre o quanto deve custar um serviço, como por exemplo, uma arte ou peça publicitária.
Tá na hora das nossas entidades entrarem com uma campanha de valorização do nosso trabalho. Sinco, Aberje, Abracom vamos sentar, montar grupos de trabalho sobre o tema e regulamentar o nosso mercado na questão dos preços. As concorrências estão ficando injustas. Tem agência grande cobrando o mesmo que agência pequena. Tem algo errado. Não é possível que essa conta feche.
Vamos lutar para termos uma concorrência leal, justa e lucrativa para todos. Não custa lutar pelo que é certo.
Fonte: Por Eduardo Pugnali, in portalimprensa.uol.com.br
Essa é a pergunta mortal que atualmente assola o mercado de comunicação corporativa. Sabe-se lá porque motivo, mas os fees vêem diminuindo drasticamente, num contra-senso com a importância que o trabalho de assessoria de imprensa e relações-públicas vem ganhando no cenário empresarial.
Mas o que realmente acontece? Por que ninguém quer pagar o que as nossas agências merecem? Esse é um assunto um tanto quanto polêmico, mas não vou fugir dele. Quero refletir e, quem sabe, ouvir de vocês que lêem esse artigo, algo para mudar esse cenário dramático que vivemos. Para clarear um pouco sobre o que eu realmente estou falando, vamos do princípio. Assim que uma agência de comunicação fecha com um cliente, ela acerta sua remuneração, que a priori deveria cobrir seus custos operacionais para o atendimento do cliente e, por fim, sobrar o tão justo lucro. Ah, sonho meu.
Infelizmente, de uns 5 anos para cá, o mercado tem tido um comportamento muito estranho. O número de empresas que passaram a buscar serviços de comunicação aumentou, mas os fees (o nome técnico para o pagamento) começaram a cair. Esse movimento vai exatamente contra a lei da oferta e procura, onde quanto maior a demanda, maior os preços e vice-versa. Uma lei tão rígida como essa de mercado não pode ser quebrada por um acaso. Tem mais por trás disso.
Minhas avaliações e percepções aqui são frutos de vivência. Não há um estudo que embase o que digo aqui, mesmo porque o nosso mercado não produz nada sobre isso. Não há um panorama das agências, remuneração média, movimentação anual do setor, etc. Tudo é escondido de forma infantil. Para nós que cobramos diariamente "números" dos clientes para as mais diversas pautas, pecamos muito no nosso setor com isso, perdendo assim o rumo para nos orientar.
Tudo que fiz nesses dias foi conversar com donos de agências amigas e ouvir. Só isso. Tirando particularidades de cada realidade, a consenso foi que: o cliente exige demais, atendemos de tudo e mais um pouco, e eles pagam o quanto querem para a gente. É meio grosseiro, mas é isso. Estou cansado de ir a reuniões de prospecção e o cliente já ter uma verba pronta para pagar para comunicação, sem antes nem nos consultar para saber se há possibilidade de atender dentro daqueles custos ou não.
Desse cenário, tenho duas teorias que se juntam mais para frente. A primeira e mais óbvia é o fato que os clientes adquiriram o péssimo hábito de leiloar serviços de comunicação. O lema "Tenho tanto e quero tudo por isso" reina nas conversas. Como se fosse possível pagar por inteligência e estratégia desse jeito. Esse comportamento a princípio é benéfico para a empresa contratante, mas mais para frente pode trazer efeitos colaterais mais amargos. Como já diz o ditado popular, "o barato saí caro".
Será que uma agência consegue entregar por muito tempo um serviço de qualidade sem ganhar o suficiente para cobrir os custos? A dedicação continua igual? Claro que não, chega uma hora que o peso da carga de trabalho versus o retorno, caí como uma bomba nos balanços das agências, que no frigir dos ovos também são empresas e estão no mercado para lucrar. Somos capitalistas sim. Temos que ganhar e nos valorizar.
Daí entra a segunda parte da minha teoria, que na verdade mostra de quem é a culpa para esse cenário. Para existir um cliente que paga o quanto ele quer e não o custo real, tem que existir a agência que aceita, ou seja, o único vilão nessa história toda são as próprias agência de comunicação.
Numa espécie de corrida ao ouro, várias agências (e eu me incluo nessa leva) passaram a aceitar esses pagamentos ridículos para garantir faturamento e fomentar a carteira de clientes. O que parecia temporário tornou-se padrão e o mercado passou a entender o serviço de comunicação, especialmente a parte de assessoria de imprensa como algo barato e de alto retorno.
Enfim, fizemos um dumping coletivo dos preços de mercado e agora, para reverter isso, só com milagre, mas como não podemos esperar a intervenção do Divino - afinal ele deve ter coisas mais importantes para cuidar - o negócio é arregaçar as mangas e começar a trabalhar muito e de maneira bem focada.
A primeira alternativa é criar uma regulamentação na cobrança dos fees. Temos que doutrinar o mercado a saber o quanto ele tem que pagar pelos nossos serviços. Quais seriam os parâmetros? Sinceramente não sei. Poderia ser por faturamento, número de funcionários, tipo de produto ou serviço a ser trabalhado, como também poderia se um conjunto de fatores que criasse um patamar para o valor. E suma, cada agência poderia gerar seu preço em cima de bases concretas de mercado e não dar preços a esmo.
Sendo bem claro, não dá para uma agência cobrar menos que R$ 3 mil para qualquer tipo de cliente. Menos do que isso é suicídio. Só de carga tributária perde-se 19% desse valor. Aí entra o custo-hora do profissional que vai atender a conta. Sem dúvida esse é o custo mais alto na composição dos preços. Nesse valor, por exemplo, para pagar um bom profissional e dar uma estrutura decente de trabalho, é preciso que ele atenda de 3 a 5 contas para dar uma margem boa de lucro.
Agora, para o sujeito segurar de 3 a 5 contas e atender com primazia e fazer um serviço sem questionamento, haja dedicação, tempo e vontade. O certo é cobrar mais para deixar profissionais com mais tempo para pensar e menos clientes, e assim fazer mais e melhor. Inflacionar o dia quem trabalha para a gente é burrice. Temos que cobrar mais para poder oferecer o que é certo.
Vamos começar a olhar as agências de publicidade, nossas irmãs nesse setor. Não que o mercado esteja como anos atrás, mas eles continuam cobrando bem pelo que fazem. Há um acordo mútuo entre eles sobre o quanto deve custar um serviço, como por exemplo, uma arte ou peça publicitária.
Tá na hora das nossas entidades entrarem com uma campanha de valorização do nosso trabalho. Sinco, Aberje, Abracom vamos sentar, montar grupos de trabalho sobre o tema e regulamentar o nosso mercado na questão dos preços. As concorrências estão ficando injustas. Tem agência grande cobrando o mesmo que agência pequena. Tem algo errado. Não é possível que essa conta feche.
Vamos lutar para termos uma concorrência leal, justa e lucrativa para todos. Não custa lutar pelo que é certo.
Fonte: Por Eduardo Pugnali, in portalimprensa.uol.com.br
Comentários