A francesa Françoise Serralta é especializada em farejar sinais de mudança. Doutora em comunicação, sociologia e filosofia, Françoise é diretora de pesquisa da agência de tendências Peclers Paris. Sua tarefa é analisar e sintetizar as vontades futuras dos consumidores, colocando sua imaginação a serviço do marketing para ajudar seus clientes a colocarem no mercado o bom produto no momento certo. "Nossa missão é capturar o efêmero, as rebeliões estéticas e transformar em impulsos criativos para produtos e serviços", diz.
Madame Françoise coordena uma equipe multidisciplinar de sociólogos, filósofos e outros colaboradores, como designers e estilistas que viajam pelo mundo estudando o comportamento, desejos, emoções coletivas e hábitos de consumo das mais variadas sociedades. Tudo é subsídio - música, arquitetura, desfiles de moda - para desenvolver novas linhas de produto em qualquer setor, dos automóveis aos brinquedos e eletrodomésticos, dos cosméticos aos alimentos.
Para ela, é importante saber olhar e buscar inspiração criativa nos lugares mais inesperados para alimentar a imaginação. Ela própria, uma jovem senhora de 59 anos, pratica corrida em parques públicos sempre munida de um gravador para registrar tudo o que vê a respeito do comportamento das pessoas. "Não bastam as vantagens práticas e eficiência. Os consumidores de qualquer parte do mundo, valorizam o visual, cores e materiais assim como as sensações e a história que o produto evoca", revela. As empresas fazem tudo para provocar, mas é cada vez mais difícil seduzir. Estudar os motivos irracionais que movem o consumo é o principal mote de sua agência de tendência, a Peclers Paris. "Os mercados não se saturam, eles evoluem", avisa.
Reinier Evers é holandês e seu primeiro emprego foi justamente identificar e observar movimentos diferentes e traduzí-los para o mercado. "A partir daí, incorporei uma outra forma de trabalhar, baseado na curiosidade em relação ao futuro", conta ele. Como consultor em diversas empresas treinou bastante o olhar e ao perceber uma movimentação diferente, aproveitou a oportunidade para abrir seu próprio negócio, a Trendwatching, uma agência de tendências, em 2002. "O depois me fisgou por completo e fundei uma empresa voltada exatamente a identificar tendências, e vender essa informação a empresas que querem inovar", explica.
Vida digital
O jornalista Gilberto Pavoni está acostumado a administrar idéias diferentes, sobretudo a respeito de vida digital, novas tecnologias, novos comportamentos de consumo e da mídia. Possui a coluna mensal "Cool Hunter" na revista B2B Magazine, e lá despeja tudo que captou de interessante nas horas - de oito a quatorze por dia - em que ficou na internet. "Como meu trabalho de jornalista exige o uso da internet, acabo algumas vezes esbarrando em algo interessante que nem estava procurando", explica.
Para ele, trabalhar online é uma grande vantagem. "A internet quebra barreiras de tempo e espaço, posso estar em vários lugares ao mesmo tempo", diz Pavoni. Muitas vezes a tarefa de ler tudo que possa ter alguma relevância já é um exercício para Pavoni esboçar os próximos passos evolutivos de determinadas tecnologias. "Não pode ser novidade por novidade. Precisa ter impacto comercial", avisa.
Mariana DAprile que o diga. Ela é diretora do núcleo Hub, criado em 2005, e considerado a área mais inovadora da agência de publicidade Lew Lara. O conceito de integração trazido pela tecnologia online encontrou na metáfora do hub (componente de rede) a expressão perfeita das informações que podem ser coletadas em todo o mundo e revertidas em ações de comunicação para gerar experiências estabelecendo conexão entre o consumidor e a marca.
Caçando tendências
Internamente, clientes da LewLara como Nokia, Tim e Lojas Pernambucanas já desenvolvem ações sob este novo conceito. Mariana evita usar a palavra "tendência". "É uma palavra relativa. O que é tendência para uma marca de tecnologia, não é necessariamente para uma marca de varejo e vice-versa; além disso, uma nova tendência nem sempre invalida uma antiga, generalizando a definição real da palavra", explica. Questões semânticas à parte, Mariana assume, "sim, caçamos tendências".
O papel do Hub é detectar as próximas ondas de comportamento e tendências emergentes, entender suas inter-relações e suas implicações mercadológicas, para transformá-las em ações de comunicação diferenciadas. "Para detectar as ondas de comportamento e tendências emergentes, contamos com, além da bagagem de cada um dos funcionários, com a Hubnet, uma rede internacional de caçadores de tendência atentos a todo e qualquer movimento nas mais diversas áreas.
Ofício voyeur
Observar é fundamental nesta atividade. Isso porque é possível captar tendências em atos corriqueiros como passear pelas ruas, ler uma revista, ouvir uma música ou assistir um filme. "É nessas horas que encontramos as tendências mais relevantes, pois estão mais próximas da nossa realidade", constata Mariana.
Nem toda tendência que vem lá de fora, entretanto, se aplica à realidade brasileira. "No Japão, por exemplo", compara Mariana, "as pessoas têm uma relação com a tecnologia diferente da nossa. Lá, as pessoas lêem livros, revistas e assistem novelas tudo pelo celular, sem dúvida uma grande oportunidade de negócio, mas o Brasil não está preparado para absorver. Ou seja, nem sempre adianta detectar uma tendência lá fora e trazer para cá, mas, sem dúvida é importante ficar bem atento a elas", alerta.
A rede de colaboradores da Trendwatching, da Reinier Evers, engloba oito mil atentos observadores pelo mundo. No escritório, uma pessoa fica responsável por administrar os emails que chegam diariamente com todo tipo de novidade. "A habilidade que esperamos de nosso colaborador é muito simples, na realidade. Só queremos que ele nos reporte novas idéias de negócios que deram certo em seus países ou cidades, ou algo que identificou como verdadeiramente único, que possa ter apelo global", revela Evers.
Qualquer um pode fazer parte da rede, e a cada vez que uma idéia ou informação repassada for de fato avaliada como relevante, o membro é recompensado com uma pontuação, que somada, lhe permite resgatar produtos diversos. Quando a idéia não será aproveitada, a empresa avisa e dá dicas para o observador afinar a mira. "Uma tendência real, para nós, é uma mudança na qual nos permite capitalizar com produtos ou serviços. Precisamos de exemplos de idéias que deram certo, e que tenham apelo global - acreditamos que o consumidor é global", frisa ele, para quem o trabalho de "caçar tendências" não tem nada de acadêmico.
Composta por 10 profissionais de diferentes áreas da agência, como planejamento, mídia, criação, atendimento e merchandising, a iniciativa brasileira da Lew Lara conta com um profissional de pesquisa com formação em sociologia e antropologia, e tem uma rede nacional e internacional com mais de 500 colaboradores, interligados pela web e classificados em três categorias. "Os respondents precisam ser caras antenados no mundo inteiro, apaixonados por diversos temas. Além de recolher indicadores do que está acontecendo de mais interessante mundo afora, esse público serve como testadores de novos conceitos, opinando sobre formatos de eventos, por exemplo", detalha Mariana.
O segundo time, o dos correspondentes de campo, reúne gente que mais entende de determinados nichos, sejam como inventores de tendências ou "early adopters", detectores de novidades no seu nascimento, como novos estilos, comportamentos, atitutes e até mesmo coisas inusitadas e bizarras. O terceiro grupo é o dos experts, especialistas reconhecidos como grandes profissionais em suas áreas de atuação, chamados para desenvolver e aprimorar aspectos específicos de projetos em andamento, na categoria de consultores.
Para atuar como caçador de tendências, Mariana diz que é preciso "saber fuçar nos lugares certos, ser antenado, ler muito, e de tudo, ver TV, navegar na internet, ter olhar crítico e uma capacidade de entender o ser humano e, tudo isso, sempre, com um olhar de negócio muito aguçado". Além de gostar de uma novidade, precisa ter boa visão de negócio. Alguém se habilita?
Fonte: Por Ticiana Werneck, in www.consumidormoderno.com.br
Madame Françoise coordena uma equipe multidisciplinar de sociólogos, filósofos e outros colaboradores, como designers e estilistas que viajam pelo mundo estudando o comportamento, desejos, emoções coletivas e hábitos de consumo das mais variadas sociedades. Tudo é subsídio - música, arquitetura, desfiles de moda - para desenvolver novas linhas de produto em qualquer setor, dos automóveis aos brinquedos e eletrodomésticos, dos cosméticos aos alimentos.
Para ela, é importante saber olhar e buscar inspiração criativa nos lugares mais inesperados para alimentar a imaginação. Ela própria, uma jovem senhora de 59 anos, pratica corrida em parques públicos sempre munida de um gravador para registrar tudo o que vê a respeito do comportamento das pessoas. "Não bastam as vantagens práticas e eficiência. Os consumidores de qualquer parte do mundo, valorizam o visual, cores e materiais assim como as sensações e a história que o produto evoca", revela. As empresas fazem tudo para provocar, mas é cada vez mais difícil seduzir. Estudar os motivos irracionais que movem o consumo é o principal mote de sua agência de tendência, a Peclers Paris. "Os mercados não se saturam, eles evoluem", avisa.
Reinier Evers é holandês e seu primeiro emprego foi justamente identificar e observar movimentos diferentes e traduzí-los para o mercado. "A partir daí, incorporei uma outra forma de trabalhar, baseado na curiosidade em relação ao futuro", conta ele. Como consultor em diversas empresas treinou bastante o olhar e ao perceber uma movimentação diferente, aproveitou a oportunidade para abrir seu próprio negócio, a Trendwatching, uma agência de tendências, em 2002. "O depois me fisgou por completo e fundei uma empresa voltada exatamente a identificar tendências, e vender essa informação a empresas que querem inovar", explica.
Vida digital
O jornalista Gilberto Pavoni está acostumado a administrar idéias diferentes, sobretudo a respeito de vida digital, novas tecnologias, novos comportamentos de consumo e da mídia. Possui a coluna mensal "Cool Hunter" na revista B2B Magazine, e lá despeja tudo que captou de interessante nas horas - de oito a quatorze por dia - em que ficou na internet. "Como meu trabalho de jornalista exige o uso da internet, acabo algumas vezes esbarrando em algo interessante que nem estava procurando", explica.
Para ele, trabalhar online é uma grande vantagem. "A internet quebra barreiras de tempo e espaço, posso estar em vários lugares ao mesmo tempo", diz Pavoni. Muitas vezes a tarefa de ler tudo que possa ter alguma relevância já é um exercício para Pavoni esboçar os próximos passos evolutivos de determinadas tecnologias. "Não pode ser novidade por novidade. Precisa ter impacto comercial", avisa.
Mariana DAprile que o diga. Ela é diretora do núcleo Hub, criado em 2005, e considerado a área mais inovadora da agência de publicidade Lew Lara. O conceito de integração trazido pela tecnologia online encontrou na metáfora do hub (componente de rede) a expressão perfeita das informações que podem ser coletadas em todo o mundo e revertidas em ações de comunicação para gerar experiências estabelecendo conexão entre o consumidor e a marca.
Caçando tendências
Internamente, clientes da LewLara como Nokia, Tim e Lojas Pernambucanas já desenvolvem ações sob este novo conceito. Mariana evita usar a palavra "tendência". "É uma palavra relativa. O que é tendência para uma marca de tecnologia, não é necessariamente para uma marca de varejo e vice-versa; além disso, uma nova tendência nem sempre invalida uma antiga, generalizando a definição real da palavra", explica. Questões semânticas à parte, Mariana assume, "sim, caçamos tendências".
O papel do Hub é detectar as próximas ondas de comportamento e tendências emergentes, entender suas inter-relações e suas implicações mercadológicas, para transformá-las em ações de comunicação diferenciadas. "Para detectar as ondas de comportamento e tendências emergentes, contamos com, além da bagagem de cada um dos funcionários, com a Hubnet, uma rede internacional de caçadores de tendência atentos a todo e qualquer movimento nas mais diversas áreas.
Ofício voyeur
Observar é fundamental nesta atividade. Isso porque é possível captar tendências em atos corriqueiros como passear pelas ruas, ler uma revista, ouvir uma música ou assistir um filme. "É nessas horas que encontramos as tendências mais relevantes, pois estão mais próximas da nossa realidade", constata Mariana.
Nem toda tendência que vem lá de fora, entretanto, se aplica à realidade brasileira. "No Japão, por exemplo", compara Mariana, "as pessoas têm uma relação com a tecnologia diferente da nossa. Lá, as pessoas lêem livros, revistas e assistem novelas tudo pelo celular, sem dúvida uma grande oportunidade de negócio, mas o Brasil não está preparado para absorver. Ou seja, nem sempre adianta detectar uma tendência lá fora e trazer para cá, mas, sem dúvida é importante ficar bem atento a elas", alerta.
A rede de colaboradores da Trendwatching, da Reinier Evers, engloba oito mil atentos observadores pelo mundo. No escritório, uma pessoa fica responsável por administrar os emails que chegam diariamente com todo tipo de novidade. "A habilidade que esperamos de nosso colaborador é muito simples, na realidade. Só queremos que ele nos reporte novas idéias de negócios que deram certo em seus países ou cidades, ou algo que identificou como verdadeiramente único, que possa ter apelo global", revela Evers.
Qualquer um pode fazer parte da rede, e a cada vez que uma idéia ou informação repassada for de fato avaliada como relevante, o membro é recompensado com uma pontuação, que somada, lhe permite resgatar produtos diversos. Quando a idéia não será aproveitada, a empresa avisa e dá dicas para o observador afinar a mira. "Uma tendência real, para nós, é uma mudança na qual nos permite capitalizar com produtos ou serviços. Precisamos de exemplos de idéias que deram certo, e que tenham apelo global - acreditamos que o consumidor é global", frisa ele, para quem o trabalho de "caçar tendências" não tem nada de acadêmico.
Composta por 10 profissionais de diferentes áreas da agência, como planejamento, mídia, criação, atendimento e merchandising, a iniciativa brasileira da Lew Lara conta com um profissional de pesquisa com formação em sociologia e antropologia, e tem uma rede nacional e internacional com mais de 500 colaboradores, interligados pela web e classificados em três categorias. "Os respondents precisam ser caras antenados no mundo inteiro, apaixonados por diversos temas. Além de recolher indicadores do que está acontecendo de mais interessante mundo afora, esse público serve como testadores de novos conceitos, opinando sobre formatos de eventos, por exemplo", detalha Mariana.
O segundo time, o dos correspondentes de campo, reúne gente que mais entende de determinados nichos, sejam como inventores de tendências ou "early adopters", detectores de novidades no seu nascimento, como novos estilos, comportamentos, atitutes e até mesmo coisas inusitadas e bizarras. O terceiro grupo é o dos experts, especialistas reconhecidos como grandes profissionais em suas áreas de atuação, chamados para desenvolver e aprimorar aspectos específicos de projetos em andamento, na categoria de consultores.
Para atuar como caçador de tendências, Mariana diz que é preciso "saber fuçar nos lugares certos, ser antenado, ler muito, e de tudo, ver TV, navegar na internet, ter olhar crítico e uma capacidade de entender o ser humano e, tudo isso, sempre, com um olhar de negócio muito aguçado". Além de gostar de uma novidade, precisa ter boa visão de negócio. Alguém se habilita?
Fonte: Por Ticiana Werneck, in www.consumidormoderno.com.br
Comentários
Obrigada.
Abraços.
Luciana
Espero ter ajudado.